Capítulo 65

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Capítulo 65

Jen precisava da minha ajuda. Eu não sabia o que era, nem por que ela precisava especificamente de mim, mas sabia que eu precisava atender a esse pedido.

— O que houve? — eu me levantei e comecei a vestir meu casaco, me preparando para sair sem nem ao menos saber para onde.

— Desculpa te ligar a essa hora. Eu não sabia mais quem chamar. Preciso de uma carona. Estou desesperada! — Ela parecia estar chorando.

— Onde você está? — eu apanhei as chaves do carro e caminhei em direção à porta. Becca me seguiu sem perguntar nada.

— Estou na casa do Zack. Meus pais não sabem que estou aqui. Nem podem saber. Por favor, não brigue comigo. Eu preciso de você.

— Eu me lembro bem onde é. Estou indo.

Eu sabia perfeitamente onde era a casa daquele sujeito. Jen já havia se metido em encrenca lá antes. Eu esperava que esta fosse a última vez.

— Por favor, não desliga — ela suplicou. — Não quero ficar aqui sozinha com ele.

— Tudo bem — coloquei meu celular no alto falante e o pendurei no suporte do carro. Becca se empertigou no banco do carona, sem dizer uma palavra, e colocou o cinto de segurança. — Jen, onde você está exatamente?

— No banheiro — Jen passou a sussurrar. — Acho que Zack está dormindo.

— O que ele fez com você? — perguntei de forma invasiva demais, e Rebecca me lançou um olhar de reprovação, balançando a cabeça negativamente.

— Nada — Jen respondeu. — Eu só não quero mais ficar aqui. E não tenho dinheiro comigo para chamar um Uber. Eu não tinha mais ninguém para quem ligar, Sam.

— Você fez certo. Eu vou tirar você daí.

Continuamos conversando no caminho. Eu só queria entender a situação, mas a cada vez que fazia alguma pergunta mais direta, Becca me olhava feio, franzindo a testa, ou me dava um cutucão.

Quando finalmente chegamos, não foi Jen quem abriu a porta para nós. Foi Zack. Ele estava sem camisa, com uma calça de pijama xadrez e os pés descalços.

— Vão embora! Eu e Jen vamos nos acertar. Não tem motivo para isso. Foi só uma discussão boba.

— JEN — gritei por cima do ombro dele, o ignorando completamente.

Ela veio na ponta dos pés, carregando seus sapatos em uma mão e o celular na outra, com uma mochila nas costas. Zack permaneceu imóvel, com o braço bloqueando a passagem.

— Deixe ela sair — falei usando o tom mais incisivo que consegui.

Ele nem ligou. Apenas se virou para ela e disse:

— Não precisa ir embora, gatinha. Isso é bobagem. Vamos nos resolver sozinhos. A gente sempre se entende bem.

— Me deixa passar, Zackary — ela tentou se desvencilhar dele, mas ele a segurou pelo antebraço.

— Larga ela! — Rebecca gritou do lado de fora da porta.

— Cala sua boca! — ele gritou de volta para ela, sem nem se virar.

Nessa hora eu soube que teria de intervir. Dei dois passos para dentro da casa e coloquei minha mão sobre o ombro dele.

— Deixe ela ir — tentei falar calmamente.

— Tire a mão de mim! — Ele fez um movimento rápido com o braço, tentando se livrar da minha mão, e acertou seu cotovelo em cheio na minha sobrancelha, abrindo um pequeno corte superficial. Eu soltei um rápido grunhido de dor, e ele se virou para me encarar. — Saia da minha casa, já!

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora