Capítulo 68

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Capítulo 68

— Você reclama demais — disse Becca, enquanto picava cebolas como uma profissional, sem nem ao menos olhar para a faca.

Era uma noite de domingo, e ela estava fazendo o jantar. Eu estava tentando ajudar, enquanto Liam e Angelica davam uns amassos na sala. E a infame declaração de Rebecca dizia respeito ao fato de eu estar (novamente) me lamentando por não ter visto Jessie em muito, muito tempo.

— Por que simplesmente não pega um avião e vai visitar sua Jessie? — ela continuou. — Seria mais produtivo do que ficar aqui chorando.

— Mas ela estuda o dia todo. E eu tenho meu trabalho e...

— Pare de inventar desculpas e comece a arranjar soluções para os seus problemas, Sam. Não me leve a mal, eu adoro conversar contigo. Mas você anda muito chorão ultimamente.

— Ela está certa — Liam gritou lá da sala, entre um beijo e outro.

— É verdade — Angelica também falou, o que me deixou surpreso.

— Até você, Angelica?!

— O que foi? Só estou dizendo que Becca está certa.

E ela estava mesmo. Estava na hora de eu tomar uma atitude.

— Está decidido — falei, com determinação. — Vou ver Jessie esta semana.

— É isso aí, meu amigo! — Liam gritou de novo.

Na mesma noite, eu entrei no site para comprar passagens. Estavam caras. Mas não me importava. Eu iria ver Jessie naquele fim de semana, nem que tivesse que dirigir até Nova York só para isso.

Liguei para ela antes que a coragem passasse.

— Oi, Sammy — ela atendeu, parecendo surpresa.

— Jessie, estou ligando só para te avisar que eu vou te ver neste fim de semana. Não marque nada.

— Sério?! — ela parecia empolgada. — Quando você vem? Sábado de manhã?

— Sexta a noite. Quero passar o máximo de tempo possível com você.

— Gostei — ela falou. E dava para escutar que ela falava sorrindo.

Só quando desligamos foi que eu me lembrei de perguntar para Liam:

— Será que temos algum voo neste fim de semana?

— Pickford não falou nada ainda. Mas temos um voo amanhã. Aí podemos saber.

Na manhã seguinte, voamos para Santa Fé porque Pickford estava fechando negócio com uma grande empresa de cimento e concreto. Enquanto estávamos voltando da capital do Novo México para Spruce Creek, deixei Liam sozinho na cabine por alguns minutos para ir à parte traseira da aeronave, conversar com Pickford.

— Não temos nenhum voo neste fim de semana, certo? — falei mais afirmando do que perguntando, na esperança de que ele somente concordasse.

— Só na quinta-feira — ele respondeu.

— É que eu comprei passagens para ir ver minha namorada na sexta — expliquei. — Ela mora em Nova York.

— Ah, não. Eu não te falei? Só vamos voltar no sábado a noite. Esse é um voo dos grandes. Esse jato consegue cruzar o atlântico, não consegue?

Cruzar o oceano? Eu mesmo comecei a me empolgar com a ideia.

— Bom, tem registros. O recorde foi um voo que saiu de San Antonio, no Texas, pousou em Goose Bay, no Canadá, para abastecer, e depois voou sem parar até Farnborough, na Inglaterra — falei. — Mas para onde exatamente você quer que a gente voe?

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora