Capítulo 28

42 9 0
                                    

Capítulo 28

Jen me abraçou antes de descer do carro e eu beijei sua testa.

— Vejo você na segunda — ela disse, fechando a porta.

Jolene soltou o cinto de segurança e beijou o rosto de James antes de sair.

— Não demore!

— Pode deixar — ele respondeu. Depois voltou-se para mim e falou: — Você vem para o banco da frente?

Eu não tinha certeza se aquilo era uma pergunta ou um comando. Mas obedeci de qualquer forma. Coloquei o cinto em silêncio e ele deu a partida. Ficamos boa parte do caminho sem dizer nada, a não ser pelas direções que eu dava esporadicamente "vire aqui; mantenha a esquerda...".

Mil pensamentos cruzaram minha mente. Sobre o que é que James queria falar comigo afinal? Mas eu não tinha coragem suficiente para perguntar, por isso, permaneci calado. Ele também não tocava no assunto, então a coisa toda foi tomando proporções constrangedoras.

Notei que estávamos prestes a chegar à minha casa e ele ainda não tinha dito nada do que queria, então resolvi introduzir o assunto.

— Então, Jim... — pigarreei. — Você disse que tinha algo para falar comigo...

— Eu disse?

— Não disse?

— Não. Eu disse que queria conversar contigo, é diferente — ele respondeu. Eu franzi a testa, sem entender.

— Conversar sobre o que?

— Nada específico, só... conversar, sabe?

Não, não sei. Mas não disse isso, apenas pensei comigo mesmo. Para ele, eu disse:

— Legal, sobre o que quer conversar?

— Sei lá — ele deu de ombros. — Sinto falta das conversas que tínhamos. Você quase não vai mais lá em casa. Podia ir com mais frequência, se quisesse, é claro.

— Me desculpe, Jim, mas é que a Jen tem treinos de balé dia sim e dia não, então fica meio complicado conciliar.

— Não é disso que estou falando. Digo, você poderia ir lá para nos divertirmos. Você costumava passar muitos fins de semana com a gente. Era divertido! Sabe, é legal ter alguém com quem conversar sobre coisas de homem. Assistir a jogos, tocar...

Só então entendi do que James estava falando. Em uma casa onde só havia garotas, as coisas às vezes podiam parecer meio solitárias. Eu entendia isso tão bem quanto ele, afinal cresci em um lar só com minha mãe e irmã na maior parte do tempo.

— Ah... Entendi. — Foi só o que comentei.

— Eu sei que você tem sua família e a universidade e tudo mais. E eu entendo que você não queira passar tanto tempo lá em casa agora que Jess não está mais lá o tempo todo, mas ainda podemos nos divertir sem ela. Só estou dizendo que... Eu sinto falta da... da sua companhia. Você é como... — ele fez uma breve pausa. — É como um filho para mim. O filho que eu nunca tive.

— Claro, Jim. Podemos marcar quando quiser.

— Ótimo! — ele exclamou.

Mas depois disso, não disse mais nada. Terminamos a viagem em completo silêncio e eu já estava prestes a descer do carro quando ele finalmente voltou a falar:

— Ei, eu sei que você não é fã dos Patriots. Mas vai ter um jogo neste domingo a tarde... Não é o seu time... mas um jogo é um jogo, certo?

— Certo — assenti.

— Estava pensando... Se você quiser aparecer, talvez podíamos assistir juntos. Eu estou de folga e vou usar a grelha.

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora