7. Pôr do Sol na Capital

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Stefan ainda estava um pouco cambaleante quando o acompanhei até seu quarto, horas depois do primeiro copo naquele salão escondido. Eu disse que demoraria para ficar bêbada, mas o Príncipe era do tipo fraco para a bebida de uma forma que eu não imaginava. O sol lá fora em breve daria lugar à lua, e de acordo com o truque com os dedos que eu havia aprendido, tínhamos pouco mais de uma hora de sol se ele quisesse mesmo sair do castelo ainda hoje. Eu queria mesmo conhecer a cidade, mas não poderia deixar Stefan sair do quarto no estado em que estava.

— Vamos à cidade logo.- Ele resmungava enquanto tentava ajudá-lo a se arrumar, me lembrando das vezes em que já tive que ajudar um Derek muito bêbado de vodka barata depois de alguma festa.- Você prometeu que iria comigo.

— Eu vou. Até porque não tenho como dizer não.- Tirei suas mãos do armário e o empurrei em direção ao banheiro.- Mas primeiro você vai para o banho. Nem pensar que você vai sair desse quarto nesse estado.

— Bem que você podia me acompanhar, né?

Tiro suas mãos do meu pescoço e ombros, e o empurro para a porta outra vez. Não posso dizer que seu toque não era atrativo. Stefan era sim muito bonito, e eu entendia os olhares que recebia de algumas garotas nobres, mas meu trabalho era cuidar dele, não me apaixonar. Eu não cairia de amores pelo Herdeiro ao trono. Não era mais uma menininha para me encantar tão fácil, por mais que seus dedos fizessem cócegas sobre a pele sensível na curva do meu pescoço.

— Você está muito bêbado.- Abro a porta para ele.- Para de me encher o saco ou não sairemos mais.

— Eu quero sair hoje.

— Então me obedeça.- Ligo o chuveiro e abro os primeiros botões de sua camisa social antes de me afastar.- Agora é com você. Bom banho.

Não espero uma resposta, e saio de perto dele antes de fazer algo que não devia. Fecho a porta e espero quieta até escutar o som de suas mãos segurando a porta de vidro do box e a mudança do barulho que a água faz ao cair no chão indicando que Stefan enfim entrou no chuveiro como eu havia pedido.

Abro a porta do armário e procuro uma muda de roupa que parecesse pelo menos um pouco com algo que um plebeu usaria. Se vamos até a cidade, é bom não chamarmos atenção da população com um Príncipe semi bêbado andando pelas ruas no final da tarde, afinal.

Ouço o som da torneira se fechando, e antes que Stefan venha para o quarto, eu estendi as roupas pela fresta da porta.

— Espero que esteja mais coerente agora.- Evito olhar para algo além da madeira polida da porta quando o Príncipe pega suas roupas.- Vista-se logo se quiser sair. Vou tirar esse uniforme e volto em 10min. Não se atrase.

Ouço uma confirmação de Stefan e fecho a porta do banheiro outra vez, e como disse que faria, coloco algo que trouxe de casa, para evitar que as pessoas saibam que eu também pertenço a este castelo. É difícil encontrar algo adequado para a temperatura amena dessa cidade no meio dos meus casacos grossos e camisas impermeáveis que mantém o calor, mas encontro algumas roupas mais simples que eu me lembro de ter comprado na viagem até aqui, e com certeza eram melhores que qualquer coisa minha. Me sinto confortável com uma calça jeans escura e uma camiseta simples e estampada, acompanhada de botas de cano baixos e o cabelo bem preso no alto da cabeça com um rabo de cavalo.

Nem haviam passado os 10min que estipulei quando bato à porta de Stefan outra vez.

— É bom que já esteja pronto, Alteza.- Uso o termo que garanti que não diria quando vejo uma criada carregando uma cesta de roupas no corredor.- Não gosto de esperar.

— Entre.- A voz do Príncipe já parecia melhor, como a de alguém sóbrio. Bom.- Só estou colocando os sapatos e podemos ir.

— Acho bom você estar pensando direito, porque eu não conheço essa cidade e não quero me perder.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora