8. Deveres

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— O Rei deseja falar com você, alteza.- Rogher avisa quando nos aproximamos dele.

— Envolveram meu pai nisso?- O Guardião se limita a acenar com a cabeça.- Nós só caminhamos na cidade. Qual o problema com vocês?

— Foi imprudente da sua parte sair do castelo sem avisar ninguém.- Rogher responde, a expressão fechada como um pai brigando com o filho.- É claro que o Rei iria acabar sabendo.

— Eu sou adulto. Posso fazer o que quiser.- Stefan insiste. Eu não tinha nada para falar naquela situação. Por favor, não me envolva nisso.- Além disso, Evelyne estava comigo o tempo todo. Não é como se ela não estivesse fazendo o trabalho dela.

Pra quê eu fui pensar que ele não me colocaria no meio da encrenca também?

— Evelyne ainda não completou sua fase de treinamento.- James interrompeu.- Vocês dois só podem sair sem avisar ninguém desse jeito depois que o Rei assinar o decreto que a torna sua Guardiã oficialmente. Sabe bem disso.

— Isso é uma bobagem.- Stefan exclama.- Conheço essa cidade desde criança. Não há nada aqui que coloque um de nós em perigo.

— Se você tivesse prestado atenção nas reuniões, saberia que as coisas estão mudando.- Rogher explicou.- Estamos recebendo ameaças de um anônimo. Em seus e-mails, ele parece saber como cada membro da realeza é. Tem até fotos. Você podia até sair sozinho antes, mas isso não será mais permitido até que a situação das ameaças seja resolvida.

— Por que não fui informada disso?- Questiono indignada.- Não é parte do meu papel aqui conhecer as ameaças contra o Príncipe?

— Você ainda está sendo avaliada.- James me responde. Tão perto dele, percebo que ele é mais alto do que eu imaginava. Talvez 1,90m ou mais.- Não deveria ser informada de nada tão crucial enquanto não terminasse seu período de teste, mas pelo visto teremos que adiantar as coisas com você.

— Ah, isso é ridículo!- Exclama Stefan. Ele abre passagem empurrando o ombro do Guardião e entra no castelo, esperando que eu o siga.- Venha logo. Vou conversar com o meu pai. Esse assunto vai ser resolvido agora. 

— Ela não vai.- James põe a mão em um dos meus ombros.- Evelyne vai ficar aqui, onde é o lugar dela.

— Não, ela não vai.- Stefan tira as mãos do guarda de mim e me puxa pelos corredores com ele. Evitamos todos que tentam nos chamar e só paramos quando chegamos até aquela mesma porta lateral que dava para o Salão secreto.- Fique por perto. Não devo demorar.

Assinto em concordância com seu pedido e o observo entrar na sala escondida. Conto o tempo que sei ser necessário para entrar naquele escritório do Rei e bato continência aos guardas me analisando na porta.

— Bom trabalho, rapazes.

Dou as costas aos dois homens e decido caminhar um pouco por aquela área, tentando manter minha mente distraída do que quer que fosse acontecer comigo assim que o Rei decidisse que eu não era uma boa Guardiã Real. Como eu poderia cuidar do Príncipe, se não me contaram nada sobre qualquer ameaça à vida dele?

Caminhando pelos corredores, ouço o som de uma porta se abrindo e o som de vozes que se seguiu de um dos corredores laterais daquele andar. Sigo as vozes e encosto-me em uma parede quando vejo um grupo de pessoas em roupas completamente pretas chegar de uma porta escondida nas sombras. O vento que vem da rua chega até mim e soltas alguns fios de cabelo de trás da minha orelha. Mantendo-me escondida, sigo o grupo pelo máximo de tempo possível. Eles entram em um corredor escuro que eu nunca tinha notado antes e luzes coloridas se acendem de suas mãos, como lanternas, mas cada uma de uma cor diferente. A maioria do grupo entra por uma porta de madeira branca logo no começo do corredor, mas a menina de cabelos coloridos segue caminhando depois que se despedem, a luz azul de um dispositivo redondo sobre sua mão aberta lançando sombras estranhas sobre as mechas de cores diferentes de seu cabelo longo.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora