11. Rastro de Sangue

3.6K 423 143
                                    

Mason nos conduziu sob as ordens de Alyssa, apostando no comportamento de um réptil para deduzir para onde a criatura teria voado. Seguimos para as montanhas quando um rastro de sangue começou a aparecer na neve branca. Escalamos um muro de rochas escorregadias atrás de uma trilha de penas ensanguentadas de diferentes pássaros, e nos deparamos com uma enorme caverna no alto da montanha. Até a rocha na abertura do túnel estava suja de sangue ainda brilhante o suficiente para crer que era recente. Rastros das unhas de um animal muito grande marcavam o chão em uma mistura de terra e gelo escorregadio. Graças às botas feitas para a neve, não tive problemas quando segui antes de todo mundo para dentro da caverna claramente ocupada. Segurava meu arco com uma flecha pronta para atirar a qualquer instante, e mais uma vez me sentia como se estivesse caçando.

Assumi à frente do grupo, como esperavam que eu fizesse, e entramos na escuridão, silenciosos e de passos lentos. O soldado recolhe o que parecia um osso antigo do chão e não hesita em usar o isqueiro para queimá-lo como uma tocha. Sorte dele que estava seco, considerando o lugar. Eu estava tentando não prestar atenção nas ossadas no chão, imaginando se aquilo significava que algo grande vivia ali há um bom tempo ou se os animais apenas morreram ali em algum momento do passado de causas menos dramáticas. Sinceramente, preferia que fosse a segunda opção, mas se algo tão grande quanto a coisa nas lembranças de Alyssa realmente vivia naquela caverna, não queria que chamássemos ainda mais atenção.

— O que está fazendo?- Alyssa censurou-o antes que eu mesma abrisse a boca.- Quer nos matar? Se aquela criatura for algum tipo de réptil, fogo só vai chamar atenção da coisa direto para nós com esse calor.

— Quer andar no escuro, então?- O soldado retruca.- Fique à vontade para tropeçar nesses animais mortos.

— Não temos escolha.- Interfiro.- Sem fogo.

Por sorte, o homem parecia saber o bastante sobre mim para confiar nos meus instintos de caçadora. Obedecendo minha ordem, o soldado apagou a tocha improvisada raspando-a nas paredes de pedra da caverna. Não havia qualquer tipo de musgo por ali, apesar da pedra ser úmida o bastante para consumir o fogo na hora. Continuamos no escuro, com ainda mais atenção conforme nos embrenhávamos mais em uma caverna desconhecida. Não foi fácil descer a montanha por uma caverna escura e de chão escorregadio, mas ouvi antes de todo mundo a respiração alta de um animal muito grande dormindo não muito longe de nós. Percebo o calor do corpo de Stefan quando ele se aproxima de mim, e o impeço de abrir a boca no mesmo instante, sabendo que ele perguntaria porque parei subitamente no escuro. Sabia que era ele, já tinha me acostumado com o som dos seus passos na neve.

Sinalizo no escuro pondo meu dedo indicador levantado em frente ao seu rosto, perto o suficiente para que veja minha própria silhueta com o pouco de luz que ainda nos alcança de rachaduras ocasionais na rocha. Os outros param em silêncio quando percebem que não há mais o som de botas com sola de borracha arrastando no chão. Confiando que a criatura devia ter sono pesado durante o dia como o réptil que devia ser, me aproximo do grupo o máximo que eu posso, sussurrando com o tom de voz mais baixo que podia usar para que me escutassem.

— Há algo dormindo logo a nossa frente.- Explico.- Se calculo bem no escuro, eu diria que temos no máximo 5 metros antes da cabeça da criatura. Pelo menos eu sinto o calor da respiração nas costas.

— Sim, eu também notei. Uma respiração longa e baixa.- Alyssa concorda. O chão ali parecia tremer com a presença de um animal daquele porte tão próximo.- O que quer que seja, não deveria estar aqui. Vi o que pareciam marcas de escamas e garras na entrada da caverna, meu palpite é que se trata de um de réptil nunca visto antes, mas não faz sentido, porque animais de sangue frio não deveriam estar vivos nessa temperatura.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora