22. Os Suspeitos da Taverna

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Stefan não tirava da cabeça a ideia de que tínhamos que comemorar a vitória com o Conselho ainda naquela noite. Meu dia já estava sendo longo, e eu estava cansada, mas era impossível fazer o Príncipe mudar de ideia. O que eu não sabia era que Stefan tinha convidado Eve e Chelsea para irem até a cidade conosco.

— As duas andam muito estressadas desde que Robert foi atacado.- Stefan argumentou.- Vai ser bom para elas sair e relaxar um pouco, já que não fazem isso há tanto tempo.

Eu também achava que as duas andavam com muitas responsabilidades nos últimos dias, mas não concordava que era uma boa ideia levar as duas garotas para um bar tarde da noite. Elas podiam ser maiores de idade, mas ainda assim não me parecia a alternativa mais adequada. E ainda assim, Stefan continuava irredutível. Para evitar a fadiga, desisti de tentar convencê-lo do contrário e seguimos para o restaurante e bar favorito da realeza, em uma das avenidas mais movimentadas e bem frequentadas da Capital. Era um lugar novo para mim, e mesmo os dois irmãos precisaram apresentar suas identidades à porta do lugar, que apesar de muito elegante, tinha um estilo completamente diferente da maioria das lojas e restaurantes que Stefan costumava frequentar. Um segurança de terno preto nos avaliou quando a recepcionista nos devolveu as identidades e subimos um andar de escadas até um terraço com visão completa da rua. Lá fora, as pessoas e os carros passavam como se estivéssemos debaixo da água, com o som abafado pela música e a parede invisível e à prova de som que nos separava do resto do mundo.

Por outro lado, o ambiente da Taverna do Marinheiro se esforçava para fazer jus ao nome, e as mesas do terraço onde estávamos eram adornadas com conchas coloridas e tinham guarda-sóis azuis como o mar sobre cada uma delas. Cardápios com capas de couro marrom e com palavras inscritas em tinta dourada nos foram entregues assim que sentamos à uma mesa encostada na murada construída para parecer a proa de um navio antigo, e vi um grupo tirando fotos em um palanque de madeira com um timão decorativo muito colorido e uma moldura de mar aberto na parede atrás deles deviam dar efeito de estar navegando quando a foto fosse tirada, embora os drinks azuis nas mãos deles estragassem a ideia original de todo aquele cenário. Podiam muito bem ser turistas, mas era difícil dizer quando estavam vestidos como todos os outros, e talvez fossem apenas jovens bêbados se divertindo à noite. Minha atenção se desviou do grupo sorridente quando um dos funcionários abriu a porta que dava para a área fechada do restaurante, e o som de música alta invadiu o terraço, com o chão tremendo por alguns segundos enquanto a porta não fechava graças às centenas de pés em movimento na pista de dança lá dentro.

— Em algum momento vocês pretendem entrar naquela festa ou basta ficar sentados aqui bebendo?- Interrompi as risadas de Chelsea a Eve por causa de alguma piada que não prestei atenção e Stefan se virou na cadeira ao meu lado, olhando-me com atenção.

— O que está falando?- Ele respondeu.- Viemos aqui para nos divertir e comemorar sua primeira vitória contra os idiotas do Conselho do meu pai. Um dia você pode liderá-los, Evelyne, e nada mais justo que comemorar o dia em que sua ascensão começou.

— Não estou muito interessada em comemorações com tudo que está acontecendo, Stefan.- Eu o alerto.- Muito menos quero fazer parte do Conselho. Não é o emprego que eu aceitei.

— Bem, então entenda essa noite apenas como uma oportunidade de interagir com outras pessoas da nossa idade, você parece não ter muito jeito com qualquer um dessa cidade.- Stefan sugere. Tenho vontade de lembrá-lo que eu não consigo entender os jovens da Capital porque não entendo a vida fácil que tiveram e o ímpeto que tem em fingir que seus problemas são importantes quando tem a barriga cheia todas as noites.- Vamos comer e beber, depois iremos lá para dentro dançar e fingir que nada está errado por algumas horas. Não vejo como isso pode ser errado.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora