43. Fim da Guerra

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Sentada ao lado de Stefan nos tronos recém recuperados em uma sala dos tronos ainda em reformas, aguardava que os guardas trouxessem os prisioneiros até nós. Eu gostaria de estar lá embaixo, com os soldados, mas Stefan insistiu que era o Rei agora e que me queria ao seu lado, de forma que não pude me opor. Com certeza os tronos eram bem mais confortáveis do que ficar de pé ao lado de meu próprio namorado, como o antigo Guarda Real, ainda desaparecido, mas ainda sentia que aquele não era o meu lugar. Ser o centro das atenções era algo a que não estava acostumada, e não tinha certeza se um dia estaria. Era uma guerreira, não uma rainha. Essa parte de mim nunca deixaria de ser verdade.

Depois que o dragão se foi e a guerra acabou, os soldados rebeldes e japoneses que restaram fugiram para o deserto congelado ou cometeram suicídio para que não fossem capturados, mas alguns líderes do exército haviam permanecido, todos agindo sob ordens do braço direito do Imperador, ficamos sabendo. Através da tecnologia restaurada após a batalha, não foi tão difícil rastrear todos eles, e, agora, três dias depois, havia chegado a hora de julgar os líderes mantidos na prisão nos últimos dias. Não seria aqui, no entanto, essa cerimônia era só uma demonstração de poder, apesar do rombo no teto e todas as máquinas de construção espalhadas pela cidade. Em algumas horas, entraríamos em um avião e os prisioneiros seriam levados de volta ao Japão para que todo o Conclave formado pelas Nações Unidas havia formado para discutir a situação da guerra, depois de toda a repercussão que teve no exterior.

James entrou no salão em passos pesados, arrastando os dois principais líderes dos nossos inimigos, o braço direito do Imperador e o segundo em comando dos rebeldes de Troyan. O guarda caminhava em passos pesados e atirou os dois de joelhos no chão a nossa frente com facilidade óbvia, graças a seu tamanho, bem maior do que qualquer um ali naquela sala, talvez até da cidade. Os dois tentaram se soltar, mas as algemas estavam bem presas em suas costas e guardas os mantiveram no chão, uma arma apontada diretamente em suas nucas, forçando-os a ficarem de cabeças baixas. Não gostava daquilo, mas sabia ser necessário. Além do mais, esses dois mereciam tudo que estava acontecendo agora. Não queria nem a morte para eles, era simples demais, certeira demais. Deviam sofrer, já que desse destino seus superiores haviam fugido.

— Vocês estão escondendo mais de seu tipo em algum lugar neste país?- Stefan questionou, olhando de cima.

— Se houvesse, seria uma extrema desonra.- O japonês de uniforme destruído respondeu em um forte sotaque.- Eu mesmo os mataria pela deserção.

Certo, aquela cultura de honra oriental era algo que eu nunca entenderia.

— Imagino que não saibam porque estão aqui.- Era o rei falando ali, não a pessoa que eu conhecia. E, no entanto, não me sentia preparada para dizer qualquer coisa. Só conseguia ver o corpo de Troyan, o sangue ao redor dela, toda vez que via aqueles uniformes vermelhos.- Devo avisar que estão voltando para casa. Vão ficar aqui em cima enquanto o avião é preparado. Eu ia lhes dizer algumas coisas, mas acho que não merecem nada. Apenas rezem para que as Nações Unidas tenham mais piedade. Por mim, que sofram.

Stefan gesticulou e os guardas os levantaram a força, empurrando-os pelo corredor.

— Me mate!- o japonês rosnou, debatendo-se.- Me mate logo, ou juro que o farei pagar pelo que está fazendo.

—Imagino que voltar para casa em desgraça seja o tipo de morte que você merece.- Comento, tentando manter meu tom de voz neutro.- Que seu próprio povo te apedreje.

O líder rebelde nada disse, nada fez, apenas deixou-se ser levado pelo guarda que o mantinha preso. Parecia apático, como se estivesse sofrendo por dentro, mas sequer imagino o motivo.

Assim que estavam longe o bastante para não nos ouvirem mais, virei minha atenção para Stefan.

— Tinha me dito que os interrogaria.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora