29. Reencontrando Amigos

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Encontrei Derek e Tarren em frente ao palácio, já me esperando. Para que pudessem conhecer a cidade, andamos pelo centro, procurando um restaurante que nos agradasse. Escolhemos um perto do parque, por fim, e nos sentamos à uma mesa perto da janela, onde eu podia mostrar todas as espécies que nunca tinham visto antes e que eram conservadas aqui graças à tecnologia da Cúpula. Lembro como fiquei encantada nos primeiros dias nessa cidade, como ainda descobria coisas impressionantes todos os dias, o que só me lembrava como a informação ainda falhava em chegar a lugares tão isolados quanto meu Vilarejo de Caçadores.

Enquanto esperávamos a comida chegar, conversamos sobre meu trabalho e a vida na Capital, então eu escuto sobre como estava o Vilarejo desde que fui embora. Apesar de sentir falta da minha casa, era bom saber que finalmente meus esforços com as melhorias estavam finalmente tendo resultados. Sabia que se eu não tivesse a oportunidade de fazer parte do Conselho, nada teria sido feito, e Derek e Tarren não poderiam chegar à Capital em segurança, tal como o fizeram. E era bom saber que eu já tinha feito a diferença, como eu queria desde o início, mesmo que só estivesse na cidade há menos de um ano. Aproveitamos o tempo naquele restaurante, jantando, conversando e rindo, como costumávamos fazer quando a vida era mais simples. Uma noite longe dos problemas da Corte era justamente do que eu estava precisando, e ficava feliz que meus amigos estivessem aqui para compartilhar isso comigo.

— Eu volto já.- Tarren diz, se levantando.- Não demoro.

Assenti, permitindo que ele se afastasse. Provavelmente iria no banheiro ou algo assim. Já estávamos naquela mesa há tanto tempo que não me surpreenderia. No entanto, Derek me faz tirar a atenção de seu irmão, arrastando a cadeira para mais perto.

— Agora que Tarren não está aqui, quero conversar um assunto particular com você.

— O que teria para me dizer que seu irmão não pode escutar?- Questiono.- Algum tipo de segredo mórbido?

Eu não tenho que dizer nada.- Derek estava sério. Muito sério. Sua voz me faz prestar atenção, tentando entender do que ele estava falando.- Já conversamos todo tipo de trivialidades e você já me contou até demais sobre seu trabalho, mas já que estamos sozinhos aqui, acho que já está na hora de ser sincera comigo, não acha?

— Sincera com o quê?- Dou de ombros.- Acha que o que eu disse sobre meu trabalho é mentira?

— Não, mas você está omitindo também.- Ele aponta.- Sempre que tento falar do Príncipe você muda de assunto, mas eu vi como se olham. Vocês estão juntos, Evelyne? Por favor, pode me contar.

Suspiro, desviando o olhar do seu. Foco-me no restaurante, mesmo sabendo que Derek era teimoso demais para fazê-lo desistir de ter uma resposta. Como eu, Derek era extremamente curioso e determinado. Tínhamos isso em comum, só não sabia porque queria tanto uma confirmação sobre isso.

— Eu não acho que esse seja o lugar adequado para falar essas coisas.- Alerto-o, por fim.- Muitas câmeras, muita gente.

— E nenhuma delas está nos olhando. Além disso, as câmeras não tem som.- Ele apontou para a câmera mais próxima de nossa mesa discretamente, os olhos girando na mesma direção. Não preciso me virar para saber do que Derek falava.- Sem pontos de microfone. Eu averiguei. Não tem como fugir, Evelyne, vai me falar a verdade e não tem desculpas.

— Por que quer saber isso?- Insisto.- Que diferença isso faz para você?

— Sinceramente, nenhuma.- Ele dá de ombros.- É apenas para saciar minha curiosidade, que por acaso é bem grande.

Olho em volta, então, tendo certeza de que ninguém nos ouvia. Não queria agir de forma estranha, como se estivéssemos mesmo guardando um segredo, mas era inevitável. Sabia o que esse tipo de informação nos ouvidos errados podia causar. Não era apenas por talvez precisar voltar para o Vilarejo dos Caçadores, mas Derek com certeza não seria a primeira pessoa em quem eu pensaria para dividir assuntos de meus relacionamentos. Mesmo assim, ele era meu amigo há muito tempo, precisava confiar que era apenas por curiosidade, e não motivos mais preocupantes. Eu não sabia o quanto isso era algo aceitável entre nós, considerando as circunstâncias.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora