35. Os Aliados

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Depois de horas trancada em uma sala com James e Stefan, minha cabeça já estava doendo de tanto ouvi-los discutir por divergências no plano de tomar o castelo. Meu dia no mercadinho da família de Beatriz havia sido longo e eu precisava de um descanso. Foi um alívio finalmente encontrar uma desculpa para sair quando Chelsea bateu à porta nos avisando de sua fome, o que me lembrou que não havia muitas opções para nossa janta.

Nada era melhor do que a comida caseira de Beatriz, mas depois de tanto tempo escondida naquele pequeno apartamento, meu corpo implorava por alguma dose de comida processada e totalmente artificial. Caminhava com o meu disfarce de funcionária saindo do trabalho e me mantinha afastada dos soldados estrangeiros patrulhando as ruas. Fazia o possível para ficar de olho neles e me afastava sempre que um deles me olhava demais, mas naquela situação, confiava que acreditariam que era apenas uma plebeia com medo dos invasores. Nada raro, naquelas últimas semanas. Na rua comercial movimentada àquela hora da noite, procurava pelo restaurante que pudesse me oferecer a maior quantidade de gordura em uma refeição. Era disso que estávamos precisando essa noite, e nos banquetearíamos com hambúrgueres, ou talvez um enorme prato de massa. A ideia me deixava com a barriga roncando.

Quando meu olhar se fixa no restaurante de cores neon com placas chamativas anunciando suas opções para a noite, decido que era lá que iria conseguir o jantar. No entanto, antes que possa dar o primeiro passo para atravessar a rua, sinto uma mão firme me puxar pelo braço, dedos gelados tapando minha boca para me impedir de gritar enquanto me leva para uma rua fechada e escura. Quando a surpresa passa, me debato e facilmente consigo me libertar, afastando-me o suficiente até voltar a enxergar graças à escuridão repentina. Antes que eu ataque o pequeno vulto diante de mim, as costas quase encostadas na parede às minhas costas, sinto aquelas mão geladas tocando meu ombro e o dedo indicador da mão direita toca seus lábios entreabertos, pedindo-me silêncio. Ainda sem entender porque tudo aquilo e o motivo de estar me permitindo tanta liberdade se o motivo era me silenciar, gesticulo para que fale alguma coisa, embora não tenha baixado a guarda. 

— Está tudo bem, não sou uma inimiga.- Diz uma voz feminina. Uma que nunca ouvi, no entanto.- Sei quem você é, Guardiã Jones.

— Como sabe meu nome?

— Queremos ajudar, não vamos machucá-la.- A garota insiste. Era difícil vê-la no escuro, mas já estava adaptada o bastante para ver o cabelo volumoso sobre os ombros magros e dentes extremamente brancos e bem cuidados se destacando, a pele muito mais escura do que a minha quando tocou meu rosto. Quem quer que fosse, era magra e baixa, mas havia força em seus braços, considerando que pôde me trouxe até aqui com tanta agilidade que não pude nota-lá até estar perto demais para lutar contra.- Por favor, não tenha medo.

— Quem é você exatamente?- Pergunto desconfiada.- Fala no plural. Quem mais está com você?

Não ia deixá-la saber que não via mais ninguém naquele beco, no entanto.

— Aliados em favor da Coroa. Somos numerosos, mas estamos escondidos.- Ela explica.- Por favor, venha comigo! Vou lhe explicar tudo no caminho. 

— Me dê uma boa razão para eu não achar que você não é algum tipo de espiã da Troyan para me capturar ou simplesmente uma assassina.

— Se quisesse te entregar para o castelo ou te matar, Guardiã, há maneiras mais fáceis de fazer isso além de arrasta-lá para essa rua escura.- Fico em alerta, no entanto, porque percebo que ela sabe mais sobre mim do que demonstra, e todos meus instintos de Caçadora me mantém pensando que não devo confiar em alguém que sabe quem eu sou quando nunca a vi na vida.- Estou falando sério, você não está sozinha. Pertenço à um grupo que tem trabalhado pela Coroa em segredo há um bom tempo. Monitorei você pessoalmente desde o ataque de Troyan na Coroação, e dou minha palavra que você não é a única que quer Stefan de volta no poder.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora