19. Dragão de Laboratório

3K 350 92
                                    

Stefan me esperava à porta da cozinha quando eu saí de lá ainda com alguns goles da água com açúcar para tomar.

Mantive o controle enquanto estava entre a Guarda, mas quando estava de volta ao castelo, agarrei a manga de uma funcionária passando por ali quando terminei de subir as escadas que davam para as masmorras. Ela vira como minhas mãos tremiam e me levou à cozinha dos empregados ali naquele mesmo andar, me oferecendo água e uma cadeira onde me sentar até que eu lhe contasse como tinha presenciado uma tentativa de assassinato na noite passada e sobre o suicídio do prisioneiro há apenas alguns minutos.

Os últimos dias me afetaram de uma maneira que eu não imaginava que pudesse me incomodar. Não era como se nunca tivesse presenciado a morte humana, com tantas pessoas morrendo de todo tipo de doença e hipotermia no meu vilarejo, mas talvez a morte provocada, não a causada por algo natural como a velhice ou a doença, talvez me incomodasse de formas que eu ainda precisaria aprender a lidar. Eu iria aprender, porque eu queria isso.

Entrego o copo vazio à mulher quando ela aparece ao meu lado na porta, a mão estendida em pedido silencioso.

— Obrigada.

— Quando quiser conversar, querida, sabe quem chamar.- Assinto, agradecendo outra vez.

A mulher se vai pelo corredor, empurrando um carrinho de produtos de higiene deixados diante da porta da sala de funcionários, meu copo de vidro misturado a frascos de shampoo. Estava outra vez sozinha no corredor com Stefan ainda me observando com preocupação. Quando sinto que ele vai perguntar como vim parar aqui, tento desconversar.

— Como os Cameron estão?

Antes de me responder, Stefan se certifica de que ninguém está por perto e me prende na parede com o próprio corpo, as mãos agarrando minha cintura enquanto me beija com firmeza. Relaxo em seus braços. O toque dele era o remédio perfeito para a minha ansiedade momentânea. Quando passo meus dedos em sua nuca, arranhando a pele, Stefan prende minhas mãos na parede, pressionando mais o próprio corpo contra o meu, e assim, parece que não há um centímetro de espaço entre nós. Liberto minhas mãos, voltando a passá-las por suas costas, de baixo a cima, e as mãos dele se fixam nos meus quadris, arriscando subir até as costelas e na curva dos meus seios quando minhas mãos puxam alguns fios de seu cabelo. Stefan solta um gemido e se afasta, a respiração rápida e coração batendo tão rápido quanto o meu.

— Os Cameron estão na mesma situação que estavam pela manhã, estou mais preocupado com você.- Ele diz assim que recupera o fôlego.- Soube do interrogatório.

— Eu aguento.- Garanto.- É só questão de manter o controle. Tenho que me acostumar com essa vida agora, me dê um tempo e eu vou parar de surtar.

— Quando se sentir mau por algum motivo, não hesite em chamar por mim.- Ele mantém o aperto na minha cintura.- Volto correndo de onde quer que esteja.

— Não acha que está indo muito rápido com essas demonstrações de afeto?- Pergunto-lhe.- Se alguém errado te ouve falar assim, logo, logo vamos ser descobertos.

— Estamos tomando cuidado.- Ele insiste.- Só que não vou deixar de te beijar quando surgir a oportunidade. Quero te beijar desde que chegou aqui, e quanto mais tempo passamos juntos, mais eu me apaixono.

— Pensei que tinha dito que ainda não me amava.

— É, mas isso eu só falei pra não te assustar mais do que você já estava naquela sala de computadores.- Stefan me revela.- Eu não só gosto de você. Estou me apaixonando por você e cada dia que passa me faz ter certeza de o que eu sinto é mais do que apenas paixão passageira ou desejo.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora