24. Reunião

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Desliguei o tablet quando a reunião terminou. Guardando-o na mochila que Stefan trouxe, pensei em um plano para recuperar as câmeras na sala anexa. Eu ouvi os dois homens conversando, e eles não pareciam estar perto do fim da discussão. Se demorássemos demais, eles logo descobririam que estavam sendo seguidos, e então seria uma questão de tempo até encontrarem as câmeras coladas nas pilastras.

— Alguma ideia?- Me vi recorrendo a ajuda de Stefan, indicando com a cabeça a sala atrás de nós e esperando que ele entendesse do que eu estava falando.

Stefan confirmou, sorridente.

— Venha comigo.

Assenti, concordando, e Stefan segurou uma das minhas mãos, rindo e me pedindo para fingir que éramos só turistas distraídos. Ele me conduziu pelo corredor até a sala, bem à vista dos dois estrangeiros, e fingindo que não tinha visto a presença dos homens ali, Stefan me encostou na pilastra onde tinha colado a primeira câmera, sua mão direita tocou a parede branca exatamente sobre o vidro transparente da pequena lente. Inclinando-se sobre mim, o Príncipe tapou minha visão dos homens do outro lado da sala. Esqueci o olhar dos estrangeiros sobre nós quando os lábios de Stefan tocaram minha boca, me levando para um beijo necessitado. Sua mão livre desceu na minha cintura, puxando-me contra si. Em respostas, minhas mãos deslizaram sobre seus ombros, tocando os fios de cabelo de sua nuca. Beija-lo era uma coisa que eu nunca me importaria de fazer, nem que fosse só para enganar duas pessoas que planejavam destruir todo o meu país.

Ouvi os passos dos estrangeiros cada vez mais perto, mas antes que estivessem próximos demais, Stefan moveu a mão com força sobre a parede, desgrudando a câmera e enfiando a mão no bolso, como se nada demais estivesse acontecendo. Abri meus olhos quando o Príncipe me soltou, se afastando.

— Me perdoem, não tínhamos visto que essa sala estava ocupada.- Stefan sorri, virando-se para os homens. Por sorte, ainda estavam longe o bastante para não perceberem que o cabelo do Príncipe estava levemente duro por causa do spray e que aquelas lentes pareciam cada vez mais artificiais, agora que olhava tão de perto.- Já estávamos de saída, não é querida?

Stefan me puxou para mais perto, passando o braço desocupado sobre minha cintura. A mão direita continuava no bolso, passando uma impressão de relaxamento, mas sentia os dedos tremerem sobre minha pele. Estava tão nervoso quanto eu, só não era tão bom em disfarçar seus sentimentos como eu era.

— É, não devíamos ter vindo para esse lado.- Sorri, fingindo estar constrangida.- Avisei que era melhor ir para o segundo andar.

Os estrangeiros nada falam, apenas nos olham com visível curiosidade, e vi a malícia no sorriso do homem que parecia o líder. Era melhor irmos embora.

— Vamos.- Pedi à Stefan, puxando-o para o corredor outra vez.

Antes que passássemos do portal da sala, fingi tropeçar e joguei uma das mãos no gesso ao lado de um dos quadros, como se buscasse equilíbrio. Arrasto a mão para cima e meus dedos encontram o relevo da segunda câmera. Eu a puxo com força e guardo no bolso da minha jaqueta antes que Stefan se aproximasse, e rio alto, como se fosse uma adolescente boba rindo do quanto era estabanada, como alguém que já tinha perdido o equilíbrio muitas vezes na vida. Eu tinha várias cicatrizes causadas pelas quedas enquanto aprendia a andar de salto, então eu esperava que apenas virar o tornozelo e perder o equilíbrio parecesse real o suficiente. Eu precisava que fosse convincente. Essa missão dependia disso. Em seguida, voltei ao trajeto original, ignorando a pontada real de dor no meu tornozelo, e Stefan me seguiu calado. Já bem longe da sala e dos dois estrangeiros, olhei ao redor, certificando-me de que eles não tinham nos seguido. Quando tenho certeza de que estamos livres, enfim me permiti relaxar, soltando a tensão nos meus ombros.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora