— Solte o dragão, Mason.- Alyssa pede para o outro sobrevivente da base de Pesquisas.
O Engenheiro solta o filhote, que imediatamente começa a correr desajeitado com as asas empertigadas sobre as costas. Ele tosse, e fumaça é expelida de sua pequena boca de dentes ainda muito finos e inofensivos. Mason corre para pega-lo antes que saia da área delimitadas do jardim enquanto Alyssa digita algo no tablet.
— O que quer nos mostrar?- Questiono, ainda bocejando.
A bióloga aponta para a criatura.
— Ele se desenvolve muito rápido. Não é natural, nenhum pouco.- Ela começa a tagarelar observando o dragão se debater para Mason soltá-lo.- Nunca existiu uma criatura que literalmente soltasse fogo pela boca, mas parece que esse demôninho tem misturas genéticas de outros grupos além dos répteis, pelo menos de acordo com os testes iniciais. Ele aprende muito rápido, embora lidar com ele seja tão fácil quanto com um cachorro.
— E isso é necessariamente ruim?- Stefan pergunta olhando sobre seus ombros pra tentar ver o que Alyssa tanto escrevia no aparelho. Estava com sono demais para tentar entender a conversa sobre biologia e todos aqueles gráficos e números aleatórios.
— Ainda não decidi, mas vocês precisam ver isso.
Alyssa tira do bolso uma pequena bola amarela de Ping Pong e atira o objeto com o braço livre, fazendo um som com a boca para chamar a atenção do dragão. Mason permite que ele pule e a criatura corre atrás da bola sem hesitar, agarrando com força em sua boca com um único pulo, as asas farfalhando quando ele morde e saltita pelo jardim, parte do objeto já meio chamuscado e cheio de saliva quando o dragão larga a bola em frente à Alyssa e nos olha, esperando.
— Que fofo!- Sussurro.
— Vamos ver por quanto tempo vai continuar assim.- Alyssa me adverte. Ela se abaixa, pegando a bola suja outra vez e balançando-a sobre a cabeça do filhote antes de jogá-la como tinha feito antes. O dragão solta chiados de alegria enquanto corre para longe.- Não sei como esse comportamento é possível. Ele é esperto demais para uma criatura tão jovem, e sequer sei o que é preciso para mantê-lo vivo. Achar comida que ele gostasse já foi trabalho suficiente depois que ele nasceu.
— E o que ele come?- Aponto o dragão com a cabeça.
— É onívoro, por incrível que pareça.- Alyssa dá de ombros, como se todos soubessem o que ela falava. Ela revira os olhos quando percebe que eu já não entendia mais nada.- Significa que ele gosta de frutas, mas seu petisco favorito são bifes de segunda mão.
— Incluindo bife de fígado?- Questiona Stefan. Ela assente.- Ótimo. Assim eu não preciso comê-lo quando os cozinheiros estão de mau humor.
Rio.
— Primeira vez no dia que eu preciso concordar com você.
Alyssa olha entre nós antes de voltar seu olhar a Mason distraindo o filhote alguns metros de nós.
— De qualquer forma, o desenvolvimento da criatura é acelerado, mas saudável.- Ela nos informa.- Ainda preciso de tempo para analisá-lo, mas logo vou precisar daquela equipe de pesquisas que você me prometeu.
— Vou providenciar.- Stefan garante.- Ainda essa semana.
— Obrigada.- Alívio percorre o rosto da mulher quando Stefan a assegura que pelo menos um de seus problemas tinha acabado.- Gostaria de ler os meus relatórios até aqui? Ver como estamos progredindo?
— Eu adoraria, mas não entendo nada de ciência.
— Não seja por isso, vamos nos sentar e eu explico tudo que precisar.
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A Guardiã da Neve
Science FictionEm um futuro distante, uma nova Era do Gelo começou. Neste mundo congelado, os humanos sobreviventes precisaram mudar todo seu estilo de vida. Com menos água líquida disponível e novas porções de terra reveladas, novos países e colônias surgiram. Re...