28. A Treinadora de Dragões

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Ao voltar de mais um treino de arco e flecha com Stefan, vejo a luz que vinha da janela de apagar brevemente, e ao correr pelo quarto, me inclino pelo peitoril da janela a tempo de ver o jovem dragão voando em direção ao céu claro acima do castelo.

Ladon estava cada vez maior, agora quase maior do que um cavalo, e a envergadura de suas asas alcançava facilmente os três metros. Tínhamos que deixá-lo nos estábulos desde quando ficou grande demais para os corredores do castelo, há poucos meses. O filhote crescia rápido, como um cachorro de grande porte. Há menos de 4 meses, ainda podia pega-lo no colo, e agora podia facilmente montá-lo, se me permitisse. Ainda não havíamos testado essa teoria. Não sabíamos quanto um réptil se permitiria ser tratado como montaria, já que isso nunca tinha sido feito. Quando as asas vermelhas do dragão desaparecem do outro lado do castelo, abaixo a cabeça, vendo Alyssa e Mason lá embaixo no pátio, registrando cada movimento de Ladon com câmeras e anotações no novo tablet da cientista. A maioria dos arquivos havia sido recuperada, mas nunca acharam o antigo material de trabalho de Alyssa depois do incêndio na faculdade. Mesmo assim, o que ela tinha era melhor do que nada. Era um alívio que ela tivesse deixado a maioria dos arquivos na Nuvem.

Decido descer um pouco, então. Troco de roupas, aproveitando o clima ameno para tirar meu uniforme e colocar uma confortável camisa de manga até os cotovelos e calças jeans. Jogo a jaqueta pesada do uniforme sobre o encosto da cadeira do meu quarto e me apresso de volta ao pátio, torcendo para que ainda possa ver Ladon pousar. Alyssa sorri quando me vê chegar, tirando os olhos do dragão apenas por alguns segundos. Ladon ruge quando me vê no pátio, ainda voando, demonstrando que ainda era o mesmo filhote que aprendeu a me amar. Do jeito que o criávamos, ele não tinha nada de assustador, e na maior parte do tempo era como um cachorro de estimação, embora muito maior. Dócil, feliz e muito apegado a mim, como se tivesse me escolhido como sua dona. Talvez soubesse que eu tinha salvado sua vida ainda naquele ovo, na caverna da Antártida. Se não fosse por minha insistência, Alyssa deixaria o ovo para apodrecer junto com os outros, embora eu sempre tivesse acreditado que o dragão ali dentro iria sobreviver. Que sorte a minha, já que agora ele voava feliz pela Capital, em uma paz que nenhum de nós podia refletir, sabendo que uma guerra podia começar a qualquer instante.

Ladon vem em minha direção quando fecha as asas e mergulha direto para o pátio. O chão treme levemente quando as enormes patas finalmente tocam o chão, e o dragão bufa uma considerável quantidade de fumaça quando respira fundo, caminhando ao redor de nós três.

— Venha até aqui, Evelyne.- Alyssa me chama.- Não estou gostando desse comportamento. Parece hostil.

— Que bobagem.- Eu respondo.- Ladon ainda é só um filhote, não sabe o que ser machucado, então não tem motivo para nos ferir.

— Não confie nisso totalmente, não sabe como são os instintos dessa criatura.- Alyssa abraça o tablet contra o peito, olhando o dragão com firmeza.- Venha até aqui.

Eu a ignoro. Encontro um balde de petiscos para Ladon no meio do caminho, como se o tivessem deixado ali de propósito. Pego um dos petiscos de carne crua, acostumada demais com a caça para achar nojento. Chamo a atenção do dragão balançando a comida no ar, fazendo-o vir até mim. Quando se aproxima o suficiente, jogo a carne em sua direção. Ladon abocanha o petisco com a enorme boca, demonstrando precisão na mordida. Felizmente, sabia que nunca me machucaria. Não a mim, não sua líder.

— Bom garoto.- Exclamo quando vem até mim, pedindo por mais comida. Petiscos eram raros na sua alimentação, não queríamos deixá-lo mal acostumado. A carne daquele balde era um incentivo para que fizesse o que queríamos, já que o treinávamos sob os métodos de adestramento. Estavam funcionando até agora, pelo menos, mas Ladon sempre queria mais petiscos. Na maior parte do tempo, simplesmente não conseguia resistir. Lhe dou mais um pedaço de carne, e o dragão fica a poucos passos de mim, farejando.- Está tudo bem. Sou eu.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora