33. Cidade Sitiada

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Agarro a capa de Stefan, puxando-o para longe do alcance das armas dos soldados inimigos enquanto eles tomam o Salão dos Tronos. Eu o empurro para trás do trono do Rei feito de material maciço o suficiente para nos manter seguros da saraivada de tiros que atravessam o ar e o mantenho abaixado, tapando sua boca enquanto penso no que fazer.

— Não vamos ajudar?- Stefan se faz ouvir sobre o barulho.- Vai deixar nossos inimigos matarem todos os nobres, é isso?

Vejo Gavin puxando a Rainha em direção ao Salão Escondido atrás de nós, e quando me levanto por meio segundo para ver o que acontecia do outro lado, tenho um breve vislumbre de James acompanhado de Chelsea e Eve, tentando se esgueirar entre a multidão para evitarem a atenção dos soldados sobre si.

Você é a minha responsabilidade, Stefan. Não eles.- Fixo meu olhar nos seus olhos castanhos, percebendo como estava apavorado.- Meu trabalho é manter você vivo, e é isso que farei. Deixe que os Guardas façam aquilo que foram treinados para fazer. 

— Aquela criada matou meu pai!

— Sinto muito por isso, Stefan. Devia ter reconhecido a voz dela antes que fosse tarde demais, mas agora você vai ter que me obedecer se quiser continuar vivo.- Eu aviso, desviando o olhar para o enfrentamento entre os soldados de preto e os Guardas do Castelo de azul, nada além de vultos coloridos entre corpos enquanto continuavam tentando dar uma chance de fugirmos, mas os soldados inimigos logo estavam subjugando a segurança do castelo, transformando os poucos sobreviventes em reféns no meio do salão destruído, as armas apontadas para suas cabeças.- Vamos sobreviver e então voltaremos para buscar os outros, mas é meu dever proteger você.

— Então você já tem um plano?

Ouço sua pergunta, mas é sobre James que minha atenção se volta. Reconhecia o que ele procurava apalpando a parede protegido por outros Guardas. Mãos frias tocam minha nuca, e me viro com rapidez, quase acertando o rosto de Beatriz caso não tivesse se protegido com as mãos.

— Me desculpe!- Exclamo.- O que está fazendo aqui?

Ela se esconde atrás do trono entre nós e sinaliza com os dedos na direção das escadas.

— Venham comigo.- Pede.- Posso ajudá-los.

Sem muita escolha, eu e Stefan a seguimos até James e as princesas. Vendo a dificuldade do Guarda em encontrar o ponto certo na parede, eu o empurro, pressionando as mãos sobre o lugar exato onde a alavanca estava que Gavin me obrigou a decorar, e um túnel escuro se abre diante de nós. Viro-me uma última vez para o lugar ocupado pelos tronos sobre as escadas e vejo Troyan andando entre os reféns de joelhos, indo direto para a coroa caída no chão. Ela sorri ao colocá-la sobre a cabeça, ignorando as súplicas das pessoas que estavam sob a mira de seus homens, se mantendo ali de pé, divertindo-se com o que tinha feito. Em breve voltaria aqui e a faria pagar por essa noite, mas agora tinha outras prioridades. Sou a última a passar pela passagem secreta, fechando a porta às nossas costas para evitar que nos seguissem. Luzes se acendem ao nosso redor graças aos sensores de movimento, e Beatriz assume a liderança, gesticulando para que a seguíssemos cada vez mais para baixo no túnel secreto. A mulher era minha criada favorita e eu a admirava muito, apesar de todas as broncas que levei por conta do descuido que tinha em relação às minhas roupas quando treinava, mas me impressionava como ninguém ali estava em condições de questionar a autoridade de Beatriz, mesmo que continuasse com o uniforme de sempre. Nem mesmo James foi capaz de abrir a boca. Ela nos conduz através dos túneis direto para as ruas da Capital, o castelo no topo da colina bem atrás de nós. Vivian nos esperava lá fora quando saímos da escuridão e nos entrega casacos suficientemente grandes para esconderem as roupas que usávamos. Stefan tira a capa com mais pressa do que deveria quando Vivian a esconde dentro de uma mochila, sinalizando para que a seguíssemos para a rua pouco movimentada à direita. Era difícil não olhar para a cidade em chamas, os soldados inimigos cercando o castelo e derrubando portas de lojas, destruindo mercadorias e propriedades do povo inocente. O pior de tudo é que não podíamos arriscar ser capturados, não podíamos fazer nada, enquanto aquelas pessoas tomavam a Capital.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora