A Guardiã da Neve

41. Estratégia em Batalha

Joy tinha certeza de que a Rainha Mãe estava no castelo.

Nós a seguimos pelos corredores agora abandonados e semi destruídos, a batalha focada no lado de fora, embora alguns pontos da parede tivessem sido explodidos, jogando entulhos para dentro do castelo. Reconstruir tudo aquilo iria custar milhões para os cofres, se sobrevivêssemos a essa guerra. Derek ainda estava lá fora, montando guarda. Deixá-lo exposto dessa forma me preocupava, mas não tinha muita escolha. Esse castelo já estava vazio, a tarefa não deveria ser tão difícil.

Foi quando estava passando perto da sala dos tronos que notei algo errado. Parecia fechado e haviam armas espalhadas no chão, muito bem arrumadas, como se os guardas tivessem deixado o lugar sob alguma ordem, e não pelo caos lá fora. Mas por que haveriam guardas aqui, se não havia rei e rainha para proteger?

Parei em frente às portas semi abertas, vendo que Joy, James e Stefan seguiam, ignorando o fato de que não estava mais indo atrás deles.

— Hey!- chamei, sem me importar em ser ouvida pelas pessoas erradas por ali. Provavelmente era a primeira vez desde que tinha chegado àquela cidade.- Acho que descobri uma coisa. Voltem aqui.

Os três imediatamente se viram, minha voz criando eco no corredor.

— Sabe onde estão?- James questiona.- É alguma pista?

Dou de ombros.

— Provavelmente.

Empurro a porta pesada o máximo que posso, revelando por completo o salão que se segue. Eu o conhecia bem, mas estava definitivamente transformado depois da ocupação do Imperador. As bandeiras da coroação ainda estavam penduradas, mas tão destruídas que por muito pouco não despencavam. Aquele lugar não era bem cuidado há muito tempo, e certamente parecia o cenário de um filme de terror em mansão abandonada.

Nossos sapatos ecoam a cada passo, e tenho a sensação de que qualquer um em outros cômodos também poderia me ouvir. E é no silêncio que se formou que ouço um som abafado, como algo batendo na parede. Meus instintos de caçadora voltam a entrar em ação, apurando a audição e a visão para qualquer atividade suspeita. Reconheço o som vindo de trás das paredes, onde eu sabia que havia um cômodo escondido. Não espero pelos outros, seguindo o som por conta própria. Muito baixo, escutei uma voz clamar por socorro, e é então que tenho certeza de que estou no lugar certo.

As portas do Salão Escondido estavam trancadas e não havia uma chave por perto, mas com um prendedor de cabelo, consigo arrombar a maçaneta e o cômodo secreto se revela adiante.

Como eu havia imaginado, a sala de estar tinha sido transformada em uma prisão improvisada.  De luxo, mas ainda uma prisão. O cômodo estava revirado e alguns nobres amarrados não haviam nem tido o privilégio de uma cadeiras, estando presos a pilastras ou no próprio chão, com pés e mãos amarrados juntos. É na direção deles que James e Joy correm imediatamente, soltando um a um, mas meu olhar se foca na rainha com seu belo vestido dourado todo rasgado, mas pelo menos parecia mais acomodada em uma cadeira acolchoada perto da parede.

— Ah, que alívio!- Exclamou a mulher ao nos aproximarmos.- São vocês.

— Mãe, o que foi que aconteceu?- Stefan estava visivelmente preocupado, e com razão.- Machucaram você?

— Estou bem agora, filho. Eu juro.- A rainha assegurou enquanto Stefan cortava as amarras com uma das minhas facas emprestadas.- Achei que iam nos deixar para morrer. A esperança só voltou quando ouvi o som das vozes de vocês lá fora, mas mesmo assim não sabia se iam escutar alguém chamando, por causa das barreiras de som aqui dentro. No castelo vazio, tive que arriscar.