A Guardiã da Neve

30. Boas Notícias

Me despeço de Derek e Tarren no metrô ainda passando pelos últimos reparos. Por sorte, Ladon coube na área de carga dos trens, e nos observava com a cabeça apoiada na barra de metal do compartimento aberto onde esperava.

— Da próxima vez que vier aqui, vou me alistar como Guarda Real.- Disse Derek, ao se afastar de um último abraço. Seu irmão já estava o aguardando na porta do trem, mantendo-a aberta enquanto eu e Derek conversávamos.- Então não poderá mais fugir de mim, nem ficar em silêncio por tanto tempo.

— Agora que posso me comunicar com vocês de tão longe, pode ter certeza que vou mandar mensagens.- Asseguro.- Mesmo não gostando de celulares.

— Bem, eu vou cobrar.- Derek pegou sua mala, caminhando de costas até seu irmão.- Não vou dizer um adeus, porque isso é definitivo demais. Então, até breve, Guardiã Jones.

Acendi em despedida, sorrindo, mas triste por ver meus amigos indo embora. Será que foi assim que se sentiram quando eu parti do Vilarejo?

Tarren sobe as escadas, dando espaço para o irmão, e os dois me dão às costas, o apito do metrô avisando que já estava de partida. Ainda fariam algumas paradas no caminho, mas em poucas horas estariam em casa, onde eu nunca mais iria. Os dois acenam da janela do trem uma última vez, e quando o comboio começa a se mover, Ladon estica o pescoço em minha direção. Tenho tempo de acariciar seu focinho brevemente, e eles se vão. A cerca que mantinha Ladon seguro balança quando ele se mexe lá dentro, observando-me por sobre as barras. Ia sentir tanta falta daquele dragão quanto de Derek e Tarren, mas sabia que era o melhor para ele. O lugar daquele filhote nunca foi na Capital, mas eu esperava poder vê-lo crescer através das fotos e vídeos que fiz meus amigos prometerem que enviariam. Assisto o metrô até que ele some na escuridão, e quando não posso mais vê-lo, enfim tiro meus olhos dos trilhos. Stefan me esperava nas escadas da estação, e me oferece um sorriso ao segurar minhas mãos. Despedidas podiam ser desagradáveis, e o Príncipe sabia bem disso. Agradecemos a temporária falta de câmeras de vigilância ali, e como éramos os únicos naquela estação naquele momento, Stefan me puxa para um beijo antes de nos juntarmos ao motorista que nos trouxe até aqui, no alto das escadas.

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Não tenho nenhuma notícia dos movimentos dos orientais durante várias sem ameaças, sem ataques. Estava tudo tão quieto que Gavin já estava começando a desconfiar. Temia que o silêncio por parte dos rebeldes pudesse significar que estavam planejando algo muito pior, mas não podia passar meus dias concentrada nisso. Não era meu trabalho, ainda.

Me encontrava com Alyssa durante as tardes, e a ajudava em suas pesquisas compartilhando com ela tudo que estivesse relacionado com Ladon, mesmo que as mensagens viessem de tão longe. Ela continuava estudando o filhote, apesar da distância, mas as amostras que tinha já eram o suficiente para se concentrar na genética da criatura. Agora ela queria saber exatamente como Ladon e sua mãe foram criados, e para isso estava trabalhando mais com a genética que compartilhavam do que com o comportamento do dragão em si. Tinha dificuldade de entender seus métodos, mas ela me ensinava o que podia de seus estudos para que eu também pudesse ajudar quando estivesse ali. Alyssa não era a única cientista naquele laboratório, mas ela agradecia toda ajuda que podia ter. Eu ficava feliz em trabalhar ali também. Entre as reuniões do Conselho e meu treinamento com o Guardião Real, praticava com o arco e flecha, ajudando Stefan a melhorar cada vez mais. Com tanto tempo sem essas aulas, ele havia perdido o jeito, mas por sorte, eu não. O Príncipe estava mais disposto a me escutar agora, uma evolução perceptível, e embora eu soubesse o motivo da mudança, conseguia manter o foco, porque quando o assunto era luta, podia ser muito profissional. Stefan com certeza não pensava o mesmo, mas sabia que não podia ficar muito perto de mim com tantas pessoas em volta, o que para mim era um alívio. Não queria chamar atenção de ninguém.