26. Os Medos da Guardiã

2.5K 265 93
                                    

— Aquele protótipo não era algo em que eu estivesse trabalhando, mas o pouco que eu sabia é que era uma arma biológica.- Alyssa explicou à Gavin.- Eu só estava trabalhando em algumas amostras aqui, mas conheço quem pode saber mais sobre como ela funcionava e o que fazia.

— Agradeceria se pudéssemos falar com os responsáveis pelos projeto.- Diz o policial.- Considerando as circunstâncias, é bom saber qual é o interesse dos ladroes no protótipo, o que só pode ser determinado se soubermos mais sobre ele.

Para mim o propósito era meio óbvio, mas não diria nada. É preferível deixar que resolvam esse problema sozinho, pois talvez saber sobre o projeto realmente nos ajudasse a encontrá-lo ou pelo menos neutraliza-lo, caso tentassem usá-lo.

— Venham comigo.- Alyssa responde, no entanto, muito mais calma do que eu. Sabia que as palavras do policial tinham a incomodado também, mas ela parecia querer evitar a fadiga tanto quanto eu.- Meu colega pode ser mais específico do que eu sobre esse assunto.

Ela nos leva de volta ao ar livre, deixando que os bombeiros trabalhem nos escombros por conta própria. Eu e Stefan apenas ouvimos a longa conversa entre os cientistas, Gavin e o policial, interferindo pouco, porque obviamente não era um assunto que tínhamos grande conhecimento, embora eu fosse capaz de entender a maioria dos termos. Quando não estavam olhando, no entanto, bocejava de sono, vendo que aos poucos o céu clareava pelo amanhecer conforme a fumaça se dispersava, e em meus próprios pensamentos, só conseguia sonhar em estar na minha cama. Não tinha conseguido dormir desde o a noite anterior e James havia me tirado do quarto antes que pagasse no sono, então estava muito cansada.

Uma eternidade parecia ter se passado quando enfim o assunto sobre o protótipo e o ataque na faculdade encerrou. Com ordens de aumentar a segurança no campus e começar a reconstrução do prédio imediatamente, pudemos finalmente voltar ao castelo, com Alyssa e o colega de laboratório indo se encontrar com o Rei no início da manhã para passar as informações para que Vossa Majestade estivesse ciente do roubo e tomasse as precauções para que coisas piores não acontecessem. Estava preocupada com o rumo que as coisas estavam tomando, tinha medo de que uma guerra de fato acontecesse, mas estava tão cansada que quase pulei de alegria por estar liberada para descansar ao invés de aguentar mais horas de decisões burocráticas e relatórios. Se eu não estivesse tão exausta, com certeza concordaria, mas eu havia passado a noite em claro e o sol refletido no domo já estava presente outra vez. Stefan me ofereceu um café da manhã antes de finalmente descansar, e achei que era melhor aproveitar a oportunidade, já que logo, logo estaria com muita fome também, eu sabia. Costumava acordar com fome todos os dias e considerando a noite que tive, era realmente mais agradável dormir de barriga cheia. Passamos na cozinha no caminho para os quartos, e as cozinheiras já trabalhando no café da manhã dos funcionários nos permitiram pegar o que quiséssemos desde que não tomássemos espaço da mesa de trabalho àquela hora. Como a intenção era levar comida por comodidade, não nos importamos com a exigência e as funcionárias não reclamaram, sabendo que aquela não era a primeira vez que o Príncipe passava na cozinha pedindo para levar comida para o quarto.

Voltamos aos corredores dos quartos com bandejas de panquecas, frutas, muffins e café, conversando sobre como era a Universidade antes de ter sido atacada. Nunca tive motivos para pensar que teria a chance de estudar em uma, e estar naquele campus me despertou uma curiosidade completamente nova. Talvez, se conseguíssemos impedir essa guerra e eu possa terminar meu treinamento como Guardiã sem me preocupar com novos ataques, eu possa ter tempo de estudar também, e então poderia ter um diploma. A primeira da família em gerações com a chance de estudar mais do que o básico. Não era uma chance que eu gostaria de desperdiçar, agora que essa possibilidade existia.

Estava tão cedo que não me preocupei que alguém pudesse nos ver juntos, pois os funcionários não fariam barulho àquela hora com a realeza dormindo naquele corredor. Parei à porta dos quartos, esperando que Stefan encontrasse a chave nos bolsos.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora