38. Operação Cavalo de Tróia

1.8K 184 102
                                    

Com os túneis do metrô ocupados pelos militares estrangeiros, não podíamos arriscar passar perto daquela área no caminho até o castelo, embora a rota também fosse a mais curta. Vinha observando o trabalho com os trens há algumas semanas, no entanto, e sabia que havia transporte de algo para dentro e fora da cidade, pelo único caminho que sabiam que não seriam vistos. Aquele metrô havia sido construído para tornar o reino mais acessível, e agora o estavam usando como meio de transporte para seus planos, embora não soubesse exatamente quais eram. Tive a oportunidade de dar uma olhada nas caixas quando era de madrugada e a vigilância era menor, nada mais do que mantimentos, pelo menos era o que parecia. Escondiam alguma coisa e me matava não saber o quê. Se os Lâminas tinham a resposta, também não se deram o trabalho de explicar. Que escolha eu tinha, afinal? Não era autoridade o suficiente para exigir que me contassem tudo que eu queria, e eu não era boa o suficiente com computadores para resolver isso sozinha.

Seguimos então pelos túneis subterrâneos que corriam por toda cidade com Joy guiando o caminho. Segundo os mapas daquele lugar, havia uma passagem que nos levaria direto para dentro do castelo, se os estrangeiros já não tivessem bloqueado esse caminho também. Contávamos com o fato de que tão poucas pessoas sabiam sobre a existência desses túneis para que todo o plano desse certo, era por isso que iríamos em número pequeno, por agora. Teríamos que ser sorrateiros, pelo menos até que as tropas dos Lâminas Prateadas pudessem entrar.

Ao alcançar as escadas que levavam ao palácio, mantenho o comunicador bem preso atrás da orelha, a única forma de conexão entre todos que estavam trabalhando nessa missão, um elo entre a sala de comando quando estivéssemos na superfície. Estavam nos vigiando o tempo inteiro, mas o risco ainda não diminuía. Quando Joy abre o alçapão no meio do túnel, saímos em uma sala pouco iluminada repleta de caixas e móveis empoeirados. Um depósito, aparentemente. No entanto, reconheço o padrão de mármore no piso e as paredes de calcário, tijolos e madeira, aquela mistura de materiais que só servia para deixar o ambiente ainda mais frio. Estávamos no castelo, exatamente como os mapas antigos tinham previsto. Stefan estava ali porque era quem mais conhecia os caminhos escondidos do palácio, e apalpa a parede perto das enormes portas do depósito até que sua mão afunda uma das lajotas na altura de seu ombro. A parede se desloca, revelando um túnel secreto.

— Por aqui.- ele chama.- Esse caminho vai nos levar direto para o corredor da sala de controle, no andar logo acima de nós. Se as coisas continuarem as mesmas, ninguém passa muito tempo por lá, aquela área só é frequentada pelos Técnicos de Informática e Guardas, pelo menos espero.

— Vamos ter que arriscar.- Dou de ombros.- Vá na frente, então.

Uma luz tênue ilumina o corredor assim que a porta escondida se fecha às nossas costas, e tento ignorar o quanto aquele lugar parecia sinistro e com pouco espaço para fugir evitando me sentir como um animal enjaulado.

— Cuidado com as escadas.- Stefan avisa ao primeiro passo.

Como era difícil enxergar naquele lugar, sigo o som dos passos do Rei enquanto subimos aquele lance de degraus até alcançarmos mais um corredor escuro, no entanto, Stefan parecia saber exatamente onde deveríamos ir. Caminhamos por mais alguns corredores escuros antes de Stefan abrir a fresta de outra porta escondida, sinalizando para prosseguirmos assim que tem certeza de que o caminho estava livre. Saímos nos corredores iluminados e familiares do castelo, e ele nos leva rapidamente até a sala de controle, aproveitando que não havia ninguém ali perto que pudesse nos denunciar para Troyan ou um de seus soldados. Precisávamos correr, não havia tempo a perder.

Meu cabelo ainda estava branco, e me preocupava que isso acabasse chamando atenção demais no castelo, mas não tive a chance de voltar para a cor natural. Esperava conseguir pintar de preto de novo depois que tudo isso acabasse. Foi útil quando saí dos túneis para vigiar as ruas e ouvir conversas em japonês nas últimas semanas, mas agora era como uma vela na escuridão, porque, querendo ou não, chamava atenção. No entanto, desde que conseguíssemos concluir nossa parte do plano e sair do castelo em segurança, não fazia diferença.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora