14. Festa de Boas-Vindas

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Beatriz e suas ajudantes passaram um bom tempo tirando minhas medidas sobre um púlpito montado dentro do quarto.

Enquanto estava imóvel e com os braços abertos, a mesma costureira que fez meu uniforme trabalhava em um longo vestido azul e brilhante, uma verdadeira obra de arte, com tecido parcialmente transparente preso aos ombros e na parte de trás do vestido. Vivian costurava renda na região do seios e na saia longa e esvoaçante, permitindo uma fenda para uma das pernas. Eu nunca havia visto algo tão bonito como aquele vestido, de um tom tão escuro de azul que se tornava quase preto, com pedrinhas brilhantes sobre o vestido, o que o fazia parecer feito com um tecido de uma noite estrelada.

Quando as duas criadas que ajudavam Beatriz terminaram de passar as minhas medidas para o caderno de Vivian, sou enfim vestida com a roupa que a costureira do Palácio fizera para mim. O bojo nos seios mantinha tudo no lugar, e os ombros e as minhas costas ficavam expostas graças ao tecido semitransparente, com mangas curtas caídas nos ombros servindo como apoio para que a parte de cima do vestido não caísse com o movimento. Um zíper lateral prendia o tecido justo ao corpo até a cintura, e a partir dali, a saia se tornava solta com várias camadas de tecido por baixo, criando volume, e apenas a lateral da minha perna esquerda aparecia sob o tecido, deixando a mostra os saltos prateados com fitas que subiam até a panturrilha. Olhando-me no espelho, nunca tinha me sentido tão bonita por causa de uma roupa. Eu parecia quase uma rainha, como as personagens dos livros antigos que costumava ler. Para finalizar, Vivian prendeu no meu quadril um cinto de prata delicado, coberto de pedras perfeitamente redondas de safiras, uma delas bem maior do que as outras sobre o meu umbigo, servindo como um fecho. Beatrice faz o meu cabelo, deixando-o caindo sobre os ombros, com apenas duas tranças grossas tirando as mechas escuras do meu rosto e servindo como apoio para o delicado diadema de safiras combinando com o cinto que colocaram sobre minha cabeça, o peso algo incomum, mas aparentemente, devia ser algum tipo de moda da Corte atualmente.

— Não entendo pra quê tanta pompa só por uma noite.- Reclamo enquanto escovam os nós do meu cabelo e passam maquiagem nos meus olhos fechados.- Também não sei qual é a do diadema, nem da realeza eu sou.

— O Rei decidiu te nomear temporariamente Condessa.- Explica Beatrice sem tirar os olhos das tranças que fazia em mim.- Ainda não está preparada para ser apresentada como Guardiã, mas o Rei não quer que você deixe de trabalhar nos eventos sociais, então será uma Condessa por alguns meses, eu diria.

— Condes são de alto escalão.- Eu sabia.- Por que não me nomear Baronesa ou simplesmente emissária?

— Títulos muito baixos na hierarquia não tem permissão de frequentar o Palácio, mas uma jovem Condessa é o disfarce perfeito para que ninguém note que tanto o Rei quanto seu filho tem proteção assegurada.- Beatrice explicou.- Deixem que pensem o que quiserem de você, se a subestimarem, será mais divertido ainda quando descobrirem quem você é de verdade.

— E você acha que isso pode acontecer?- Pergunto.- Me subestimarem?

— Acompanhando o Príncipe?- Ela deu de ombros.- Provavelmente.

Fico em silêncio, pensando no que ela me disse. Uma das assistentes de Beatrice aproveita para passar batom vermelho vinho enquanto não falo nada, e logo volta para os potes de blush e mais maquiagens do que eu sou capaz de identificar. Percebendo meu silêncio, Beatrice volta a conversar.

— Posso ser apenas sua criada pessoal, Evelyne, mas conheço a corte.- Diz ela.- Você aceitou esse emprego, está na hora de se acostumar com as intrigas da realeza. Seu título não vai durar muito tempo, é só até a Coroação de Stefan, quando você finalmente poderá ser declarada oficialmente como Guardiã Real. São as regras. Mesmo assim, ainda terá que lidar com a realeza, as reuniões e toda a pompa e burocracia que se segue.

A Guardiã da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora