Naquela noite, Micaela estava sentada em sua cama esperando Nicolas ficar pronto, ele se recusara a lhe revelar sua fantasia alegando que era uma surpresa.
Ela, no entanto, não escondera nada. Sua fantasia de deusa grega era extremamente confortável, e dava espaço para sua barriga.
— Nicolas, anda logo! Você está demorando mais do que eu.
— Você só está me apressando porque está curiosa.
— Também.
— Só mais um pouco de paciência.
— Está fazendo muito suspense. Espero que seja uma boa fantasia.
— Ah vai ser!
Ele apareceu na porta do closet e se encostou no batente com as mãos nos bolsos. Não mudara muito a roupa do dia a dia, ainda estava em um terno, porém, este era preto com listras brancas e um chapéu descansava na cabeça, ficando um pouco de lado.
Micaela abriu a boca em surpresa. Ainda que ela o visse todos os dias daquele jeito, ele conseguia ser charmoso.
— Cosa ne pensi, amore mio? – Perguntou ele com um sorriso travesso.
— Eu não faço a menor ideia do que disse, mas você está incrível. – Respondeu ela se levantando e indo em direção a ele – Me deixe adivinhar.... Está vestido de mafioso.
— Al Capone, para ser mais preciso.
— Al Capone era americano.
— Mas os pais dele eram italianos, assim como o nome dele também, então está tudo dentro dos conformes.
— Você não deixa suas raízes italianas não é, Nicolas?
— Nunca.
— Sabe. – Começou ela andando pelo quarto e depois se virando para ele – Eu me pergunto porque seus ancestrais não falavam italiano também.
— Ah, vai ver queriam independência disso também. – Respondeu ele se aproximando e a segurando pela cintura e encarando seus olhos azuis.
— Independência? Mas vejam só como eram calhordas! Quando chegaram aqui, meu povo já estava nessa terra, eles roubaram as terras e nossa língua!
— É, mas agora estamos todos juntos de novo. E questo è ciò che conta.
— Você precisa mesmo ficar falando assim?
— Por quê? Se incomoda?
— Não.... Mas é incrivelmente sexy.
Ele gargalhou e lhe deu um beijo leve, em seguida subiu da boca para os ouvidos de Micaela e ali sussurrou:
— Posso fare molto di più, amore mio.
Imediatamente um arrepio percorreu toda o corpo dela e quando percebeu já estava com a boca colada à dele. Se afastou um pouco ofegante e com um sorriso disse:
— Vamos nos atrasar. Seu amigo não ia gostar disso.
— Lucas não se importaria se atrasássemos só um pouquinho.
— Mas eu me importaria, vamos.
Ela tentou dar um passo em direção à porta, mas Nicolas a segurou pela mão e puxou de volta para junto de seu corpo, dizendo:
— O que eu fiz para merecer uma deusa dessas?
— No momento nada. Mafiosos são meninos maus e não merecem coisas boas. Principalmente quando ficam falando em italiano só para tentar as esposas.
— E tu farai cosa con me?
— Não sei responder a isso. Não entendi nada do que disse.
Ele gargalhou e depois respondeu:
— E o que vai fazer comigo?
— Vou pensar em um castigo bom para você.
Logo saíram e entraram no carro indo em direção à festa. Quando estacionaram em frente ao salão, Micaela pôs as mãos na barriga e respirou fundo.
— Está tudo bem? – Perguntou Nicolas a olhando e pousando a mão sobre as dela.
— Está. É que ele acabou de chutar! – Ela pegou a mão de Nicolas e colocou no mesmo local em que sentiu o movimento.
Ele esperou ansioso para sentir o filho sob a palma, e alguns segundos depois, lá estava ele chutando. Como se quisesse que o pai tirasse a mão de sua mãe, ou como se dissesse: Ei, eu estou crescendo e está ficando meio apertado!
Nicolas sorriu para Micaela, depois se abaixou até ficar na altura da barriga e disse:
— Ei, garotão, aguenta só mais um pouquinho aí dentro. Eu sei que está apertado, mas logo nos veremos e você terá bastante espaço e conforto aqui fora. Então, aproveite bem hoje, pois vai ter um monte de coisas gostosas para a mamãe comer nessa festa e eu suspeito que você irá adorar.
Micaela riu do modo como o marido tratava o filho, aquele era um dos momentos em que ele ficava conversando como o bebê e ainda ficava esperando uma resposta. Como se ela fosse vir de imediato!
Saltaram do carro e passaram por um enorme jardim até chegar em uma grande casa pintada de amarelo. As janelas eram grandes, e grandes pilares sustentavam a entrada, dando a impressão de que aquela casa já devia estar ali há pelo menos dois séculos.
Entraram e se depararam com um grande salão muito bem decorado e de acordo com o tema da festa, pequenos arbustos ficaram nos cantos e a sala de piso de mármore estava sem os móveis o que dava mais espaço para as várias pessoas fantasiadas circularem por ali.
Garçons mascarados passavam com bandejas de um lado para o outro. Logo Lucas se aproximou do casal os cumprimentando.
— Chegou o casal mais badalado! E com um convidado especial. – Disse ele se referindo ao bebê - Sejam bem vindos, majestades.
— Corta essa, hoje não somos rei e rainha, somos seus convidados. E a propósito, obrigado pelo convite, Lucas. – Disse Nicolas.
— Não tem que agradecer. Mas hoje me chame de capitão.
— Eu ia mesmo perguntar que fantasia é essa.
— Ora, meu amigo! Até parece que não reconhece um pirata!
O rapaz abriu os braços mostrando as roupas de pirata e a bandana que levava na cabeça e tapava os cabelos ruivos.
— Eu sei. Só queria saber se ainda estava sóbrio.
— Você é um trapaceiro, Al Capone.
Micaela arregalou os olhos e perguntou para Nicolas:
— Ele sabia do que você vinha?
— Não. – Respondeu o próprio Lucas – Mas é bem fácil saber do que ele está. Um descendente de italiano, vestido como um mafioso.... Na certa Al Capone. E você.... Nunca esteve tão bonita. Digna de uma deusa.
— Vai com calma aí, Capitão. – Alertou Nicolas brincando.
— Eu sinto muito. Não posso negar elogios à uma mulher tão bonita. – Os três riram e depois o rapaz completou – Fiquem à vontade. Tenho que receber outros convidados.
— Obrigada. – Respondeu Micaela.
Logo acharam um canto para ficar e por quase toda a festa Micaela só tomava sucos de fruta e comia os petiscos, Nicolas a acompanhava, já que há muito não colocava uma gota de álcool na boca.
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Julgado. Um passado de Nicolas Lambertini - #2
RomanceQuase quatro anos depois dos acontecimentos que mudaram sua vida, Nicolas Lambertini está mais realizado do que poderia desejar. Ele se esforça para ser um bom rei, empresário e um ótimo filho, irmão, marido e pai. Com o filho quase chegando ele mal...