Não demoraram muito para se arrumarem, tomarem o café e chegarem à sede do Parlamento. Eles foram os primeiros a chegarem e logo tomaram seus lugares, Nicolas na ponta da mesa e Micaela ao seu lado direito. Logo os outros integrantes chegaram e Micaela pôde perceber a troca de olhares raivosos entre Nicolas e Arturo, um parlamentar.
Ela não sabia o que aquele senhor havia feito, mas pela feição que o esposo o encarava, coisa boa que não era.
Se acomodaram todos ao redor da mesa retangular de madeira e logo as cortinas azuis foram fechadas, deixando o ambiente mais escuro para a projeção de um mapa na parede.
Todos se voltaram para a imagem e estudavam um pequeno pedaço de terra pertencente ao país, no entanto essa terra era um pouco isolada, quase como uma ilha no meio do oceano, mas ainda assim propriedade de Vienere Montanaris. O assunto discutido era a separação dessa ilha, que abrigava uma considerável quantia de habitantes. O suficiente para ser considerado um pequenino país. Eles queriam independência.
— Sabem que estaremos abrindo mão de nossas terras! Não podemos perder mais. – Disse um ministro.
— O senhor me desculpe, mas nunca perdemos nada. – Se intrometeu Micaela – Há nove anos quase entramos em uma guerra justamente por terras. Sendo a única solução unir dois países pequenos. Olhem nossa extensão territorial agora. A emancipação de uma pequena ilha não será uma grande perda.
— Talvez para nós não seja mesmo uma grande perda. – Disse outro – Mas e quanto a eles. Não creio que poderiam erguer um país ali. Não poderiam sozinhos.
Nicolas balançou a cabeça discordando e respondeu:
— Me permita discordar, Olavo. Não acredito que uma região que cria o próprio dialeto seja incapaz de sobreviverem sozinhos. Sabemos dos lucros daquele estado, podem muito bem manter uma ótima economia.
— A verdade é que eles estão dispostos a brigarem pela sua independência. E ter rebeldes contra o governo não é bom nem para nós e muito menos para a população. Temos que dar a eles a chance de sobreviverem sozinhos, e resolvermos isso de forma mais racional e amigável possível. – Apoiou Micaela outra vez.
— A senhora Lambertini está certa. – Disse uma senhora – De que nos adianta ir contra a vontade dos habitantes de uma ilha inteira? Nós cumprimos nosso dever, investimos naquele estado da mesma forma que investimos nos outros. Demos a eles a capacidade de se desenvolver e isso quer dizer que fizemos um bom trabalho. Não vamos estragar tudo isso entrando em um conflito.
A reunião se estendeu por mais algumas horas e tudo acabou sem que nada fosse definido, o que faria com que outra reunião fosse marcada.
Nicolas e Micaela resolveram almoçar no centro da cidade mesmo, não queriam esperar para chegar em casa, e apesar de saberem que Telma com certeza prepararia algo bom para eles, sabiam também que àquela hora todos já deviam ter almoçado e tudo já devia estar arrumado. Portanto se dirigiram a um restaurante e lá ficaram por uma hora e meia até decidirem ir embora de vez, mas não antes de tirarem fotos e falarem com algumas pessoas que estavam ali. E Micaela se sentia satisfeita com aquilo, não por ser reconhecida, mas sim por poder fazer parte de um dia na vida das pessoas.
Estavam quase chegando em casa quando Nicolas resolveu dizer:
— Pelo visto o bebê não se mexeu muito hoje.
— Como sabe?
— Geralmente você massageia a barriga para que ele se aquiete um pouco, hoje eu ainda não vi você fazer isso.
Ela não respondeu de imediato, esperou o carro parar em frente à casa e ela saltar para responder:
— Parece que ele entendeu que hoje o assunto era sério.
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Julgado. Um passado de Nicolas Lambertini - #2
RomanceQuase quatro anos depois dos acontecimentos que mudaram sua vida, Nicolas Lambertini está mais realizado do que poderia desejar. Ele se esforça para ser um bom rei, empresário e um ótimo filho, irmão, marido e pai. Com o filho quase chegando ele mal...