Capítulo 25

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"Eu costumava rolar os dados
Sentir o medo nos olhos dos meus inimigos
Ouvia enquanto a multidão cantava
Agora o velho rei está morto! Vida longa ao rei!

Em um minuto eu segurava a chave
No outro as paredes estavam fechadas contra mim
E eu descobri, que meus castelos se apoiavam
Sobre pilares de sal e pilares de areia

...

O povo não podia acreditar no que eu havia me tornado

Revolucionários esperam
Pela minha cabeça numa bandeja de prata
Apenas uma marionete numa corda solitária
Oh, quem jamais desejaria ser rei?"

Coldplay - Viva la vida.

Nicolas estava aliviado.... Em partes. Ele já não tinha mais o problema de ser pressionado para assinar o documento, mas a denúncia custara a sua liberdade. Ao menos agora ele teria um pouco de paz.... Apenas um pouco.

Ele não conseguia parar de pensar em Micaela, na sua mãe, em Gregory e no seu filho. Seus pensamentos estavam o tempo todo em sua casa. Como será que estava a situação por lá? Será que Thomas já havia chegado? Conseguiria sair a tempo para ver seu filho nascer?

Seu filho.... Quem diria que a vida daria tantas voltas! Nove anos antes a ideia de se casar com Micaela e de terem um filho jamais passaria pela sua cabeça, porque naquela época ele, assim como outras pessoas, acreditavam que ela estava morta. Agora sentado sozinho na cela, com os cotovelos apoiados nas pernas e os dedos entrelaçados, ele se lembrava bem de como seu pai lhe dera a notícia naquele fatídico dia. Ao chegar em casa, Benício procurou de todas as formas não responder as questões de Nicolas, porém acabou cedendo, cedo ou tarde ele descobriria.

— Não é o tipo de notícia que eu gostaria de dar, Nicolas. – Disse ele.

— Que notícias? Acharam ela?

— Não.... Não conseguiram achar.... Encerraram as buscas.

— O quê?! M-mas.... Não p-podem fazer isso. E-ela está por aí.... Tem que estar.

— Eu sinto muito, filho. Mas não há mais nada a fazer, ela está.... Morta.

— N-não, não está! Não p-podem desistir agora! E-eu....

— Se acalma, Nicolas. – Disse seu pai o abraçando, pois sabia que ele estava nervoso – Eu sinto muito mesmo.

— Eu n-nunca mais vou vê-la, pai.... Não achei que seria assim.

— Eu sei o quanto sente e sei que está sendo difícil para você, mas os Belmok precisam do nosso apoio agora. Eles são os que mais estão sofrendo.

— O-o senhor tem razão. – Respondeu Nicolas se afastando – Eles devem estar arrasados.

Naquela noite Nicolas não dormiu, simplesmente não conseguia fechar os olhos porque sempre que fazia isso o sorriso e o jeito alegre de Micaela lhe vinham na mente, e mesmo quando ela estava irritada, ela continuava sendo bonita de uma forma única, por isso ele fazia tanta questão de perturbá-la, só não tinha percebido isso antes.

Crescera junto com ela, lhe contara praticamente todos os seus segredos e a irritava de todas as formas possíveis e agora.... Não existia mais nada. Era tudo um vazio e silencioso.

O pior de tudo.... Era o fato de que foi preciso ele perdê-la para prestar mais atenção aos seus sentimentos e descobrir que gostava dela. No entanto, agora era tarde demais.

Julgado. Um passado de Nicolas Lambertini - #2Onde histórias criam vida. Descubra agora