Capítulo 20

182 36 190
                                    

Quando Micaela voltou encontrou Nicolas sentado no sofá que tinham no quarto deles, ele encarava a porta fixamente e ainda estava com a mesma roupa, apenas a gravata estava um pouco desalinhada.

Quando a viu entrando ele logo se levantou e veio ao seu encontro.

- Você está bem? - Pergunto parecendo preocupado.

- Eu estou.... E você? Como está?

- Bem. Estava te esperando.

- Logo vi. Comeu alguma coisa?

- Ainda não.

- Ah, Nicolas! Não pode ficar sem comer.

- Eu já disse, estava te esperando.

- Tudo bem. Então agora nós vamos descer e ir comer algo, está bem?

- Sim.

No dia seguinte apenas Nicolas foi para a empesa, Micaela ficou em casa se certificando de que todos os presentes que comprara para as crianças chegariam lá em ordem. Além disso, ficou ajudando Telma a preparar o bolo que ela prometera fazer.

Pela tarde elas partiram em direção ao orfanato, juntamente com Marcos, enquanto que Nicolas iria um pouco mais tarde.

A recompensa de Micaela foi ver todas aquelas crianças correndo e felizes, cada um com seus presentes. A quantidade de abraços e beijos que recebeu foi o suficiente para trasbordar seu coração de tanta felicidade. No entanto ela não pôde deixar de notar como aquele lugar estava abandonado. O jardim extenso só era bem cuidado porque as responsáveis pelo local sempre eram muito caprichosas, sendo assim a grama estava sempre verde e as várias flores ali presentes coloriam o lugar, juntamente com as árvores que agora começavam a dar frutos, além de sombra. Mas ao se observar o prédio de dois andares e antigo, notava-se que o tempo não fora gentil com ele. As paredes estavam descascadas e havia infiltrações, além da cor desbotada, por dentro o amplo salão estava nas mesmas condições e as escadas de madeira que levavam ao andar de cima, emitia um rangido cada vez que alguém pisava nela.

Micaela se perguntou como deixaram o lugar chegar naquele ponto. Como nunca falaram da situação daquele orfanato? Aquela era outra situação que ela teria que levar para uma "discussão" no parlamento. Foi tirada de seus pensamentos quando uma menina por volta de seus sete anos e de pele negra chegou perto dela.

- Por que sua barriga está assim? - Perguntou a pequena com os olhos castanhos brilhando de curiosidade.

Micaela que estava sentada se inclinou para mais perto da menina e respondeu:

- Por que eu estou grávida. Tem um neném aqui dentro.

- E você ama ele?

- Amo. Muito!

- Então não vai deixar ele, vai?

Aquela pergunta colocou um nó na garganta de Micaela. Ela sabia exatamente o que responder, mas as palavras não saiam. Ela jamais iria entender como uma pessoa podia simplesmente abandonar seu filho em um lugar desconhecido e ir embora como se nada tivesse acontecido.

- Não. Não vou. - Respondeu ela por fim.

A menina sorriu largamente e respondeu:

- Que bom. Ele vai ter uma mamãe.... Eu não tenho uma mamãe, mas tenho meu irmão.... Na verdade, ele é meu amigo, mas cresceu comigo. Então acho que ele é meu irmão.

- É mesmo? E onde está seu irmão?

- Bem ali. - A menina apontou para um canto onde um menino mais ou menos da sua idade estava escondido - João, vem cá.

Julgado. Um passado de Nicolas Lambertini - #2Onde histórias criam vida. Descubra agora