Capítulo 29

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Sem muita coisa para fazer, Micaela se dedicou a fazer o trabalho que fazia na empresa, embora as atividades estivessem um pouco paradas agora, impressionante como toda aquela situação tinha afetado até mesmo as encomendas, que as outras empresas faziam, de aviões.

Ficou trabalhando a tarde toda, parando somente para o almoço e o café, a biblioteca era seu lugar favorito na casa, sempre que queria fugir um pouco era para lá que ela ia, era um lugar tranquilo, silencioso e cheio de paz, e as janelas enormes eram voltadas para o jardim todo verde, o que dava uma melhor sensação de calmaria.

Gregory entrou no cômodo com alguns livros e um caderno na mão, o lápis e a borracha estavam enfiados no bolso da blusa e ele encarou Micaela com um olhar pidão.

- Você pode me ajudar com o dever de casa?

- Claro. Vem aqui. - Respondeu ela apontando para a escrivaninha.

- Não queria incomodar, a Natasha disse que você estava ocupada, mas a mamãe também está ocupada e a tarefa é para amanhã.

- Gregory, para você eu nunca estou ocupada.

"Ótimo, agora a loira falsificada está respondendo por mim.", pensou Micaela irritada.

- Mas por que não veio me pedir ajuda antes, já que a tarefa é para amanhã?

- É que a professora passou a tarefa hoje. - Respondeu o menino arrastando uma cadeira para perto dela.

- E é sobre o quê?

- Matemática. Geralmente é o Nick quem me ajuda, ele é bom com números.

- É, ele realmente é. Mas vou fazer o possível para te ajudar. - Brincou ela.

Nesse exato momento Husky entrou na sala e correu para perto de Gregory que começou a acariciar o pelo do animal.

- Eu gosto dele. - Disse o menino - Não sei porquê a mamãe não me deixa ter um.

- Eu acho que é por causa da sua alergia.

- Eu não ligo para minha alergia!

- Mas deveria. É sobre sua saúde que estamos falando. Agora foco nessa sua tarefa.

- Tudo bem.

Ali eles passaram o resto da tarde fazendo a tarefa de Gregory o que resultou no menino saindo contente e pulando pela casa, era sempre assim quando ele terminava algo, sinal de que estava livre para jogar.

Pela noite Micaela estava se preparando para mais uma noite que teria, se sentou na cama e observou os movimentos do bebê dentro dela. Sorriu consigo mesma e passando os dedos sobre o lugar onde o movimento se encontrava, começou a sussurrar:

- Você parece bem agitado! Sei que hoje o dia não foi muito produtivo e não pudemos fazer muita coisa pelo seu pai, mas eu garanto que vamos tirá-lo dessa. Garanto que logo você vai ouvir a voz dele novamente.... Por enquanto somos nós dois. E que bom que temos um ao outro, porque eu já não sei imaginar como seria meu mundo sem você, meu amorzinho.

Ele se mexeu outras vezes e ela sorriu alegre, quando ele mexia assim era como se ela sentisse leve, seu coração batia mais forte e se enchia de felicidade.

A maior parte da noite foi tranquila, não era como se o sono fosse tão pesado quanto antes, mas ela conseguiu descansar ao menos um pouco. No entanto algumas imagens a incomodaram.

Estava no meio de um enorme aglomerado de pessoas e parecia que uma procissão vinha em sua direção, ela estava desorientada, nada ali fazia sentido mais. As pessoas se vestiam estranhamente, as mulheres com longos vestidos e os homens com roupas que lembravam ternos mais antigos, olhou para si mesma e se desesperou, estava com vestido parecido com o daquelas mulheres, mas sua barriga proeminente já não estava ali. Ela não estava grávida mais. Observou melhor o movimento agitado ali e viu que no meio daquela procissão que estava vindo se encontrava Nicolas sendo guiado por alguns homens. As pessoas ali gritavam e não pareciam nada contentes. Micaela começou a segui-lo, tentando passar pelo meio das pessoas, mas ele se distanciava cada vez mais e ela não sabia para onde o estavam levando, nem porque estava sendo preso. De repente o olhar dela encontrou o dele, e Nicolas sorriu, mas era um riso um pouco melancólico.

Julgado. Um passado de Nicolas Lambertini - #2Onde histórias criam vida. Descubra agora