11. Um Ditado Sobre Portas e Janelas

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II

Alyssa ficou um pouco surpresa de Ethan usar seu apelido, embora tenha gostado. Jamais admitiria que o principal motivo de sugerir aquilo era a possibilidade de passarem mais tempo juntos. Sua rotina de trabalho era dura, chegando apenas a noite em casa, ela mal podia aproveitar a companhia dele.

— Não agradeça, tem grandes chances de eu estar condenando você.

— Por quê? — Ethan franziu.

— Cara, quando você conhecer o Matt, você vai entender. Ele não pega leve com quem tá começando, acho que ele faz isso como um teste, então se prepare. — Disse ela enchendo um copo de água.

— Se o resultado for eu poder começar a lhe pagar de volta, contribuir com os gastos do apartamento e de quebra, passar mais tempo com você, eu enfrentarei qualquer tirano.

Alyssa engasgou com a água e levantou os dois braços para parar o engasgo, Ethan riu e deu tapinhas em suas costas. Ela o olhou enquanto dava uma respiração profunda.

Embora tenha sido obviamente uma brincadeira, a afirmação de ele querer passar mais tempo com ela, pegou Alyssa de surpresa.

O resto do dia transcorreu normalmente, Alyssa deu dicas sobre o que não falar e não fazer e foi mais cedo para o quarto, não só porque realmente não conseguira dormir bem, mas também porque precisava pensar a respeito de toda a confusão emocional que se sentia atolada no momento.

Sentou-se na cama depois de tomar banho, lavar o cabelo, seca-lo e escovar os dentes, olhou pela janela idêntica à da sala, que ficava do lado de sua cama e dava para o prédio vizinho de estilo parecido com o próprio em que vivia, a poucos metros de distância.

O que ela sentia por Ethan começara a mudar em que momento? Eles se conheciam há uma mera semana, mas tudo parecia ter se intensificado pelo fato de estarem morando juntos. Para piorar, a personalidade de Ethan não permitia quaisquer muros defensivos. Ele era uma pessoa de fácil conversa, sentia-se a vontade em sua presença, mesmo que ambos estivessem em silêncio olhando para a TV, assistindo algum programa sensacionalista sobre celebridades.

E para piorar mais ainda, Alyssa o achava atraente. Não ignorou isso desde que ele a salvou, embora sujo e mal cuidado, por isso mesmo ela sabia que seu afeto por ele havia de alguma forma, se transformado. Tudo nele parecia fazê-la vibrar em precipitação.

Encarou a porta do seu quarto e jogou-se de costas na cama com um suspiro pesaroso. Mesmo que ela se apaixonasse, não poderia se envolver com ele, não era o momento certo pra isso na vida dele. Alyssa fora a primeira pessoa que o auxiliou sem segundas intenções, pelo que entendeu. Mesmo que ele dissesse sentir o mesmo por ela, como ela estaria certa de que Ethan não estava confundindo gratidão ou admiração?

Estancou seus pensamentos. Claro, você partiu do princípio que Ethan sente o mesmo que você... Coloque sua maldita cabeça em ordem.

Virou para o lado, agarrando o travesseiro. Alyssa já o havia pego em flagra olhando-a, mas apenas não sabia dizer o que ele estava pensando nesses momentos.

Sacudiu todos seus pensamentos sobre Ethan enquanto pegava seu notebook antigo, o ligou e ele fez um apito enquanto iniciava. Precisava ocupar sua mente, e nada melhor que uma maratona versão estendida sobre a terra média.

Era engraçado como algumas pessoas se chocavam ao descobrir quão geek Alyssa era. Sabia que era influência direta de seus amigos. Mesmo na infância ela presenciou várias discussões acerca de animações e filmes que passavam na programação quando algum dos funcionários do orfanato ligava a TV da sala de recreação.

Onde as lágrimas repousam [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora