7. Novo Inquilino

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II

— Não faço ideia do que você tá falando. — Sorriu. — Mas eu não duvido que estivesse lembrando de alguma cena de desenho animado ou algo assim. E aí, o que tu fez hoje? — Desconversou.

— Fiz o que você me orientou, baixei um modelo de currículo e imprimi algumas cópias. Andei alguns quarteirões e entreguei em alguns cantos. Também peguei um jornal e vou dar uma olhada nos classificados para entregar mais currículos amanhã.

— Vou querer ver seu currículo. — Alyssa bateu em sua própria testa com a mão. — Eu não quis d...

— Sem problemas. — Ethan a interrompeu e riu. — Não estou ofendido. Você está me abrigando, Alyssa, acho justo que queira que eu prove que estou me esforçando para compensar sua generosidade.

Alyssa ficou em silêncio. Sem saber o que falar depois dessa mancada idiota.

— E como foi o seu dia? — Ethan continuou a conversa.

Alyssa suspirou aliviada de não ter criado algum tipo de clima tenso entre eles

— Um inferno. Aposto que todas as famílias do bairro resolveram passear com os pivetes hoje. Imagine dez ou mais crianças, todas pulando nas cadeiras e gritando como a caralha de um bando de gralha.

Ela tremeu com a lembrança de uma menininha de não mais que dez anos, que passou mais de uma hora gritando porque queria algum brinquedo que seus pais não compraram. Embora não tivesse desgostado de quando um bebê levantou os diminutos bracinhos para ela como se quisesse colo.

— Você não gosta de crianças?

— Por que deveria? — Alyssa olhou para Ethan como dissesse o óbvio.

— Por que não? Não nos conhecemos há muito tempo, mas acho que você seria uma ótima mãe.

Seu sorriso confiante fez o estômago dela revirar.

— Eu não vou ser mãe dos seus bebês! — Alyssa arregalou os olhos e cobriu os seios como se tivesse sido assediada.

Ethan estagnou surpreso e começou a rir, voltando a andar.

— Idiota. — Murmurou ele.

Alyssa deu uma risadinha.

— Alyssa? — Ele a chamou.

— Hm? — Chutou uma pedra no chão.

— Por que esse assunto te incomoda?

Alyssa virou-se completamente para ele, que por sua vez, apenas a olhava com interesse e curiosidade calculada. Ela estava aprendendo aquilo sobre Ethan, quando ele estava tentando entender algo era como se estivesse tentando resolver um cubo mágico.

Já tentei montar um cubo mágico, divagou. Havia tentado por horas até descobrir que se puxasse as peças com força, elas desencaixavam, de forma que apenas retirou peça por peça e remontou o cubo da forma como queria.

Deu um olhar significativo para Ethan. Ele tem cara de quem consegue resolver um cubo mágico sem trapacear.

Voltou a olhar para frente, de repente, sentiu-se melancólica.

— Como você faz isso? — Perguntou Alyssa.

— Faço o que?

— Monta o cubo mágico. — Murmurou.

— O quê? — Ethan riu, tentando entender de onde viera aquele assunto.

— Eu não estou incomodada com o assunto. — Deu de ombros.

Onde as lágrimas repousam [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora