26. Sobre roupas e pratos

55 21 0
                                    

II

O estômago de Alyssa embrulhou. Oh merda, pensou ela, olhando para um Ethan cada vez mais pálido, assim como ela, adivinhando onde aquela história terminaria.

—... Eu mal acreditei quando vi seu currículo, Belinda havia sido muito imparcial sobre a seleção, mesmo sabendo quem você é o tempo inteiro, me entregou as duas pastas com as informações da seleção sobre os dois candidatos, foi quando algo dentro de mim começou a fomentar uma ideia maluca. Eu tinha que te contratar, não como um administrador financeiro, não poderia colocar você como CEO, então uma peça de quebra cabeça se encaixou perfeitamente.

"Alguns dias depois, quando você assinou o contrato, eu liguei para Hendrik, dizendo que achei a pessoa ideal para o cargo de diretor de operações, deixei seu nome de fora e para ser franco, Hendrik dá uma merda para esse tipo de informação, contanto que o lucro esteja chegando no final de cada período, ele não se mete em nada."

— E por que você pensou que fosse uma boa ideia me colocar dentro no ninho de cobras? — Perguntou Ethan, totalmente atônito com as informações.

Jason e os caras não estavam muito atrás, a própria Alyssa estava surpresa, qual a fodida chance de isso acontecer?

— Por causa disso. — Colin levantou o lado direito do paletó, agora amassado e sujo de sangue, retirando de um bolso um material quadrado e cinza.

— O que é isso? — Perguntou Alyssa.

— Um HD externo contendo todo tipo de informação necessária para colocar todos nós na cadeia e limpar seu nome. — Falou Colin, no fim de uma respiração.

Aquele momento pareceu estar suspenso, o silêncio, o choque, todos olhavam para aquele pequeno objeto como se fosse uma coisa absurda de existir.

Ethan engoliu audivelmente e franziu o cenho.

— Qual a armadilha dessa vez? — Perguntou desconfiado.

Alyssa também não estava convencida de que alguém com o passado de Colin, iria simplesmente entregar a própria condenação de bandeja.

— Não é armadilha, você pode constatar isso por conta própria assim que abrir o que tem aqui. — Colin estava suando e estava visivelmente relutante em oferecer aquilo.

Quando Ethan não se aproximou para pegar, Jason o puxou das mãos suarentas do homem.

— E o que você ganha em troca disso? — Perguntou ele.

— Paz de espírito, eu espero. Minha vida tem sido um inferno de ameaças constantes e presenciando meus amigos desmoronarem em vícios. Não acredito que Nolan consiga voltar a ser a pessoa que nós conhecíamos. — Suspirou ele. — Ouça Ethan, você não tem nenhum motivo para acreditar nas coisas que eu estou te falando, eu sei disso, você não precisa acreditar em mim, só precisa disso. — Apontou para o HD. — Eu apenas quero que você demore alguns meses antes de levar tudo para a polícia.

— Por quê? — Perguntou Ethan.

— Se você entregar isso agora, você não vai conseguir recuperar o status que você construiu, você sabe que esse ramo é cruel, ele engole completamente quem entrou no esquecimento, você precisa se fazer presente e conhecido, para que não corra o risco de arrastado novamente. Hendrik conhece muita gente poderosa, ele pode escapar de alguma forma, você precisa se aproximar das pessoas certas, pra quando a merda bater no ventilador. Foi por isso que eu coloquei seu nome na lista do evento beneficente.

Alyssa não entendia do que Colin estava falando, olhou para Ethan e viu as engrenagens de seu cérebro girarem furiosamente.

— Mais alguma coisa que você queira falar? — Perguntou Ethan, por fim, aparentemente desistindo de digerir tudo aquilo no momento.

— Não, eu sei que você precisa pensar, então eu estou indo embora por hora, não vou deixar meu telefone com você porque eu suspeito que Ceasar tenha grampeado meu celular. Mas você pode ligar para Belinda quando quiser falar comigo, nós estamos morando juntos, eu mando revistar nossa casa e meu escritório a cada quinzena, pra garantir que câmeras ou escutas não foram implantadas. — De repente, Colin pareceu exausto. — É esse nível de vida que estou levando, nunca encontrei nada, além do grampo no celular, mas me tornei uma pessoa paranoica.

Colin levantou-se.

— Eu espero que você comece a trabalhar na SendaX em janeiro, mas se você apenas entregar isso na porta da polícia, eu vou entender.

Ninguém tentou impedir Colin de ir embora. Quando a porta se fechou atrás dele, todos continuaram digerindo aquele monte de informação. 

___________________________________________

Votem e comentem ❤️

Me deixem saber se estão gostando da história.

Onde as lágrimas repousam [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora