Capítulo IV - Cleópatra

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Estávamos caminhando juntos pelo ensolarado dia de verão, Beatriz usava um top branco com uma calça jeans justa ao corpo, um lenço vermelho no cabelo, mesmo o básico a transformava na mais bela das mulheres.

Eu estava logo atrás, abraçando-a pelas costas, andando desajeitado por causa da proximidade, preferia daquele jeito. Ficar tão rente as curvas dela, sentindo seu aroma e tocando-a era o melhor lugar que eu poderia estar.

A manhã de sábado em Riverside apesar do céu azul sem nuvens, e o sol em evidência, era fresca e agradável, sopros de vento balançavam seus cabelos, enquanto eu me escondia atrás de sua nuca.

Ela não dizia sempre, mas gostava da barba à fazer roçando em seu pescoço todas as vezes que a beijava, o boné atrapalhava, então o virava para trás quando ela cansava de carregar na mão.

— Devia ter trazido bolsa — Dizia, olhando para as coisas que levava — Não quer me ajudar? — Ela virara levemente a cabeça para trás, com um olhar e um bico de criança.

— Claro! Só me deixa ficar mais um pouquinho aqui atrás te abraçando — Falei, sorrindo e mostrando os dentes.

— Você não consegue resistir né — Beatriz dera risada.

— Desculpe amor, é tão difícil não te querer, tudo em mim acelera quando está por perto, meu coração palpita, o mundo ao meu redor desaparece, e o único traço que existe é sua silhueta.

— Queria que tivesse a mesma disposição para arrumar a cama de manhã e lavar a louça após o jantar — Ela voltou a sorrir.

Sua energia e alegria eram contagiantes, nem em meus sonhos mais otimistas pensei que conseguiria alguém incrível como ela.

— Vamos comprar outra fantasia? — Falei, enquanto mexia em seu cabelo.

— Teremos que comprar um novo armário primeiro, por que já nem temos lugar mais para colocar a que compramos na semana passada.

— É que estava lendo um livro sobre mitologia egípcia e no mesmo instante veio à mente o pensamento de você vestida num daqueles trajes brilhantes e sexy. Não consegui parar de pensar nisto desde então.

— Só você para se excitar lendo um livro de mitologia histórica, que bom que não era sobre os dinossauros.

Saí de trás dela e me prostrei ao seu lado, pegando algumas sacolas e a olhando com ar de apaixonado.

— Você daria uma pterodáctilo lindinha também — Falei, e Beatriz esboçara um leve sorriso e sacudia a cabeça negativamente, como sempre fazia ao reagir as minhas brincadeiras

— Qualquer fantasia egípcia serve? Talvez eu possa ser Cleópatra — Disse, fazendo um gesto com a mão que interpretei como de uma realeza.

— Não poderia ter dito melhor, minha majestade.

Após demonstrar alegria, Beatriz olhara para o céu e parecera distante, pensativa e um tanto preocupada.

— O que foi? — Perguntei.

— Tenho um pouco de medo Ed... aflição de um dia não ser o suficiente para você. Confio em seu carinho, te amo e sei que faz o melhor por mim, mas quanto tempo passará até que enjoe das fantasias? Que esqueça de mim e se entregue a outros prazeres?

— Não diga isto, sabe que o meu amor por você transcende qualquer desejo carnal, entendo o quão difícil é lidar com meu problema, a necessidade sexual é algo tão incontrolável quanto outros tipos de compulsão, igualmente doente a quem não para de lavar as mãos, ou que vive a limpar os móveis da casa, a diferença é o cunho moral, que torna o problema menos aceito na sociedade.

Quando levantei seu rosto que estivera abaixado enquanto me escutava, percebi seus olhos se enchendo de lágrimas.

— Bia... não fique assim... eu te amo de corpo e alma... estou me tratando e logo estarei curado.
A abracei com toda a força que tinha, a beleza não supera o amor, o prazer não é maior que a força de vontade e meu problema não atrapalhara sua felicidade.

— Esqueça a fantasia, hoje eu quero que você seja a minha Bia, a mulher que amo.

Apócrifos - A porta dos onze fechosOnde histórias criam vida. Descubra agora