Capítulo XXXVI - A máscara de Mahara

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— Vocês não podem fazer isto e saírem impunes! Você principalmente Harold Brown! — Eu me agitava e tentava me soltar dos braços do gigante zelador Warren, que me espremia com força — Você é um monstro!

— Não me culpe por tentar ajudar um homem doente a se recuperar jovem, você não tem maturidade o suficiente para compreender que às vezes é necessário ir além do senso comum para trazer resultados que a humanidade jamais sonhou — Harold estava sentado em sua cadeira, no escritório, com as mãos cruzadas e os cotovelos em cima da mesa, uma forma esnobe de dizer o quão insignificante todos são para eles.

— Você não estava ajudando ninguém! E sim, roubando as ideias daquele pobre homem! Isto é um crime, deve ir para a cadeia! — Me mantendo de frente para aquela criatura nojenta, Warren, deu um urro, como um animal intimidando sua presa.

— E acha que bisbilhotar documentos privados de pacientes não é um crime? Escute garoto, estou disposto a deixá-lo ir sem nenhum processo por violação, desde que esqueça o que aconteceu neste lugar, não o quero comentando, nem se quer pensando sobre o paciente 77 e seu caso grave de saúde mental. Caso contrário, passará o resto de sua vida num lugar como este.

— Me ameace o quanto quiser, jamais deixarei quieto o que fez aqui!

— Não está entendendo a sua situação, você têm sérios problemas mentais Edgar, a cada dia que esteve aqui estava sendo diagnosticado, cada segundo passado foi medido e hoje tenho um dossiê completo do seu estado, suas alterações de humor provém do seu transtorno de personalidade de Borderline, pessoas assim são verdadeiros vulcões prontos a explodir a qualquer instante. Tenho mais do que o suficiente para mantê-lo aqui para sempre. Não foi você que escolheu este emprego, eu escolhi você. O livro de capa preta que o Christopher Allan trouxe consigo nos primeiros anos de internato foi roubado por seu pai, e sei que está com ele.

Muitas informações foram despejadas num único momento, estava certo de que Harold blefava sobre algumas coisas, mas não sobre o Nigrum. Fazia sentido ele ter sido pego por Andrew, já que o antigo portador era o paciente 77.

Entretanto, eu não enxergava uma saída muito clara para aquela situação. Não me importava com as chantagens, porém, nada poderia fazer se continuasse sendo mantido preso ali. E ninguém colocaria as mãos no meu livro.

— Você vai para a cadeia idiota! — Tentei cuspir na cara dele, mas o máximo que consegui chegar foi na mesa.

— Assim não me deixa outra opção além de utilizar a força bruta — Disse ele, se levantando.
— Pode me bater o quanto quiser! Vou dar um jeito de escapar e provar a todos o que fez, não importa o que eu tenha que fazer.

— Bater? Não preciso recorrer a métodos tão primitivos para conseguir o que quero, sou um homem de muitos talentos, e um deles é o de fazer ótimas operações mentais. O problema é que algumas delas sempre deixam sequelas, pode perguntar ao Warren, só que ele não poderá te responder, já que em sua operação não voltou a falar nunca mais. Algumas, se bem-feitas, podem até mesmo transformar um homem passivo em um gorila vermelho gigante e peludo, a representação da ira e do ódio, um animal sedento tomado pela insanidade de seu pensamento destrutivo, livre das influências da máscara de Mahara.

Quando o vi repetir tais palavras, pude deduzir que Harold Brown teve contato com o Nigrum e acesso a um de seus contos mais famosos, o que explicava sua possível obsessão pelo paciente 77 e tudo que escrevia.

O conto traz um dos principais eventos de todos os descritos pelo criador da obra.

"A máscara de Mahara

Após o período conhecido como 'o beijo da morte', o amor entre as duas entidades e irmãos gêmeos Jivana e Mytru originou o surgimento de três novos seres, os filhos da vida e da morte. Sendo eles Kubat, Zat e Mahara.

Apócrifos - A porta dos onze fechosOnde histórias criam vida. Descubra agora