Prólogo

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7 anos antes...

Declan

   Tento me levantar mas o corte é profundo. O que me faz ficar estirado na madeira velha. Corro os olhos para todos os lados e desvios-os para o rumo do meu abdômen pressionando com a mão direita fazendo com que o sangue pare de escorrer. 

   Eu preciso sair dessa. Mas antes preciso matá-lo. Ou é isso, ou nada! Ele vai pagar por tudo que fez. — Penso, em silêncio murmurando de dores.

   Uma última tentativa e me arrasto em um dos totens que mantém o barco preso e me levanto aos poucos apoiando o braço esquerdo na madeira ficando completamente de pé.

   Cuspo o sangue que escorre pela boca e retiro da cintura o revólver carregado de balas. Cambaleio para o lado em pequenos passos para frente firmando os pés no chão e então ele surge em meio ao nevoeiro com suas vestes negras. 

— Você ainda está de pé? Pensei que já tivesse no céu. — Karl fala, totalmente irônico.

— Acho que com Deus... — Faço uma breve pausa, olhando para o céu escuro e volto a olhar para o barbudo arrogante. — Perdi todas as chances de entrar no céu. 

— Hum... Talvez seja uma boa hora de você prestar contas com o diabo! — Karl afirma, esticando o braço apontando o revólver.

   Em um piscar de olhos, descarrego o revólver na mira de seu peito. Um, dois, três tiros em seguida e Karl cambaleia para trás sorrindo arrogantemente. Ele cai de joelhos no chão agonizado sentindo as balas esmagarem o seu coração.

   Me aproximei olhando Karl de cima e joguei meu cabelo para trás, observando aos redores do deck de madeira. Karl põe a mão dentro do paletó e para minha surpresa tira um papel e estica o braço me entregando-o.

— Para um velho como eu que vai para o inferno agora, preciso te fazer um pedido. — A voz que sai da sua garganta fica cada vez mais distante. — Vá atrás dela! Você precisa encontrá-la, Harp! — Ele sussurra, olhando para o céu dizendo as suas últimas palavras até a morte levá-lo para a outra dimensão.

   Analiso o papel com várias dobraduras, um endereço escrito e um nome. Além de vários outros nomes, alguns riscados e outras coisas escritas na carta em que o barbudo arrogante escreveu a punho.

   Olho mais uma vez para o corpo e quebro o silêncio.

— Nos vemos em breve no inferno, amigo. — Digo, dando de ombros em passos apressados.

   Desfaço o nó das cordas e retiro as mesmas soltando o barco. As luzes vermelhas e azuis disparam ao meu redor, fecho os olhos imaginando a merda que vai acontecer agora e novamente abro os olhos me virando, ao esconder entre meio ao arbusto o bilhete que Karl havia me deixado.

— Se renda, Harp. Você está preso. A sua vida fora da prisão acabou! —Jhonny afirma, apontando a arma para mim.

   Eu o olho com total desprezo sem abaixar a cabeça e quebro o silêncio.

— O cara que vocês queriam estar morto. E eu não vou me entregar. — Digo, com total despeito.

— Ok! —Jhonny afirma, olhando para os outros policiais. — Abaixem as armas. Você tem 10 segundos para soltar a arma, colocar as mãos na cabeça e se render. Caso contrário, eu terei que tomar medidas drásticas.

— Ah qual é, Jhonny! Eu estou todo fodido! Acha mesmo que bater vai adiantar alguma coisa? — Debocho, cinicamente.

— E é por isso mesmo, Harp. Você levou uma facada. Daqui a algumas horas, poderá pegar até uma infecção se não cuidar disso aí. E nós podemos resolver tudo. Vamos cuidar disso pra você. Você só precisa se entregar. Eu dou a minha palavra que os meus homens não farão nada. Jhonny diz, convicto. Por mais que eu não acredite no que diz, parece ser convincente.

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