Vozes falavam ao mesmo tempo, na minha cabeça e isso me deixava mais confusa. O clarão ardia meus olhos e vinham como flashes, o barulho da batida que me fez voar para longe.
Os paramédicos me levavam deitada sob uma maca hospitalar às pressas e isso me deixa mais tonta, a ponto de fechar os olhos e ficar quietinha sem me mexer.
— Precisamos levá-la para fazer um check-up geral...
A voz masculina de um médico é bem familiar, mas soa baixinho em meus ouvidos.
— John, não dá tempo! Precisamos levá-la para a sala de cirurgia! — Uma voz feminina soa embaralhada, mas não consigo ver quem ela é. A moça de branco, pressiona com as mãos em minha cabeça e a dor cada vez aumenta. — Eu não vou conseguir estancar o sangue.
— John? Tio...John? Eu estou sangrando... Dói... — Digo, perdendo a razão e pisco os olhos, várias vezes na tentativa de enxergar melhor, mas sem sucesso. Tudo está rodando.
— Mudança de planos. Vamos levá-la para a sala de cirurgia imediatamente! Depois, iremos fazer os exames. — Tio John fala, em um tom autoritário e desvia seus olhos para os meus. Eu posso ver dois deles, ou mais, quando movimenta mais rápido. — Você vai ficar boa, querida.
***
Declan
Dizer todas aquelas palavras frias não foram fácil. Ainda mais olhando em seus olhos. Era como levar um tiro no peito, sabendo que eu queria ter dito o contrário. Queria que ela ficasse e me esperasse. Mas eu não posso mais fazê-la sofrer, mais do que eu já fiz. — Penso, em silêncio enquanto ouço a música de Bon Jovi tocando na rádio.
Ando de um lado para o outro jogando o cabelo para trás e me aproximo da parede de concreto e lhe dou um soco, colocando todo ódio para fora por eu ter feito aquilo com Diana. Jhonny se aproxima das grades e faz um sinal para que eu me aproxime e ele quebra o silêncio.
— Você tem visita. — Ele fala, coçando a nuca.
— Eu não quero ver ninguém! Me deixa! — Rosno, possesso e dou de ombros.
Ouço o pisar de sapatos vindo para a minha direção e eu me viro, quando vejo Franklin do outro lado das grades ao lado de Jhonny. Franzo o cenho e me aproximo desviando os olhos para ele.
— Que foi?
— É a Diana, Declan. Depois que ela saiu daqui, ela sofreu um acidente...
— Como assim ela sofreu um acidente? — Questiono, com a voz embargada. — Onde ela está?
— O carro estava em alta velocidade e não conseguiu frear. O tio dela é médico e irá fazer a cirurgia. — Franklin fala, com a voz arfa.
A última imagem que me vem na cabeça é o seu rosto, assim que eu miro os olhos para um outro lugar. Passo as mãos pelos cabelos e depois esfrego os olhos, inconformado pela, a burrada que fiz.
— Eu sou o culpado! — Afirmo, cabisbaixo e balanço a cabeça.
— O que você fez, Declan? — Franklin questiona, intrigado.
— Eu a expulsei daqui! Franklin, eu não podia deixá-la vir me ver e não podia fazê-la sofrer, mais do que já sofreu. — Digo, olhando em seus olhos.
Franklin balança a cabeça e quebra o silêncio.
— Não adianta chorar pelo leite derramado. Agora, mais-que-tudo, temos que torcer para que tudo corra bem! Eu mandarei notícias, assim que eu souber.

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Tarde Demais
RomanceEla é um anjo de luz. Ele é o demônio da escuridão. Ela é a vida. Ele é a morte. E juntos são a carne e alma um do outro. Mas o que exatamente o destino preparou para os dois, às vezes é consequência de seus atos. Diana Kyllen foi salva por um...