Capítulo 26

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   Declan aperta o gatilho e a arma dispara contra o homem a minha frente. O tiro é certeiro atingindo sua cabeça e os respingos de sangue vermelho-púrpura surjam por toda parte, jorrando em meu rosto.

   Fico sem reação alguma. Sem poder me mexer e me apavoro ao ver um corpo estirado a minha frente. Meus olhos se lacrimejam, eu olho para as minhas mãos e só há sangue, como se eu tivesse tomado um banho pelo líquido vermelho. Minhas mãos tremem de remorso que sinto agora. Declan limpa o suor da testa e se aproxima, esticando a mão para me ajudar a levantar.

— Vem, Diana! — Ele diz, me olhando nos olhos.

   Faço um sinal com as mãos para que não se aproxime, mas ele insiste em me tirar desse lugar. Declan se agacha pegando em meus braços me fazendo levantar e então, damos de ombros para o corpo saindo de seu quarto. Passamos pelo corredor e descemos as escadas juntos até chegarmos na cozinha. Ele me olha nos olhos e quebra o silêncio.

— De-Declan? E-ele... E-ele conhece meu pai... Aquele homem...

— Diana, presta bastante atenção. Seu pai contratou alguém para encontrar você. — Ele me interrompe, penetrando meus olhos nos seus totalmente sério. — Eu não vou obrigá-la a vir comigo. Ele é o seu pai. Se quiser voltar, eu a levo de volta...

—  Não, Declan! — Afirmo, em meio aos prantos tentando tirar aquela cena da minha cabeça. — Eu não quero voltar! Mas também, é difícil aceitar isso que você faz. Eu não conseguiria ter uma vida assim com você. — Rosno, possessa de raiva enxugando as lágrimas.

   Declan me olha totalmente sério franzindo as sobrancelhas e engole em seco.

—  Está querendo dizer o quê, Diana? — Ele questiona, intrigado.

— Se quer mesmo que fiquemos juntos, terá que sair dessa vida, Declan. E terá que confiar em mim. Chega de me esconder as coisas. — Digo, com a voz trêmula sem tirar meus olhos dos seus e me aproximo pondo as mãos em seu peito. — A gente pode fugir juntos. Só eu e você e esquecemos disso tudo.

   Declan me olha mais uma vez nos olhos e dá de ombros escorando a mão no batente da porta e logo mais se vira respirando fundo, quebrando o silêncio.

— Ok! Você quer a verdade. Você a terá! — Declan diz, apenas continuando a olhar em meus olhos. — Acontece Diana, que eu já trabalhei para o seu pai. Ele, que me colocou para essa vida. Eu fiz de mim, a pessoa que sou hoje pelo Charlie. Um assassino de aluguel. Seu pai, é um crápula! Um bandido... — Ele rosna, entredentes possesso.

   Eu o olho com desprezo, sem acreditar no que acaba de dizer e balanço a cabeça inconformada. Meus olhos voltam a lacrimejar, deixando as lágrimas rolarem pelo rosto.

— Eu queria te deixar fora disso, quando descobri que você é filha dele. — Declan diz, com a voz baixa se acalmando. — Diana, você precisa acreditar em mim.

   Um estalo se choca entre minha mão e seu rosto fazendo-lhe dar um tapa em cheio. Ele vira o rosto e vejo a marca vermelha que ficou de meus dedos. Declan me olha ressentido enquanto recuo para trás dando de ombros e escoro minhas mãos na pia da cozinha. Me viro novamente e olho em seus olhos com total desprezo, franzindo as sobrancelhas.

— Porque nunca me contou? Preferia que eu descobrisse... — Declan me interrompe, e fico entre ele e a pia.

—  Porque desde quando chegou nessa casa, eu sempre mantive os olhos em você, Diana! Eu estava farto daquela vida e eu não queria te machucar mais do que eu já fiz. — Ele rosna, irritado e arregala os olhos. — Assim que sai da prisão, eu estive na porra da sua casa porque ele não parava de torrar a minha paciência. Favor atrás de favor! Eu deixei claro para o Charlie, que eu não faria mais nada para ele.

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