Capítulo 36

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   Passo as mãos pelo cabelo enquanto ouço o barulho do chuveiro sentada na beirada da cama. Queria voltar atrás e não dizer aquelas coisas para Declan, mas só assim, terei a certeza de que não terá mais sangue derramado.

   Me levanto da cama e caminho em direção a porta, abrindo-a e entro no banheiro. Declan deixa a água escorrer pelo corpo tirando todo o sangue dos inimigos em cada curva de sua pele enquanto apoia as mãos na parede de cerâmica do banheiro. Me aproximo e mesmo de costas, ele sente a minha presença e abaixa a cabeça cerrando os punhos.

— Eu já disse Diana! Se você for embora, então vá! Eu não quero estar aqui pra ver isso acontecer! Eu não quero despedidas! — Declan rosna, baixinho parado no mesmo lugar.

   Engulo em seco ainda olhando para Declan que está de costas para mim e me aproximo, abrindo o box ficando frente a frente com ele. Declan tira as mãos da parede e inclina a cabeça franzindo a testa.

— Isso não é uma despedida, Declan! O que eu estou fazendo, é para eu não ter que ver você matando mais homens! — Digo, com a voz embargada.

   Declan revira os olhos e esfrega as costas com uma das mãos.

— Não vamos tocar no mesmo assunto de sempre, Diana! Eu prometi a você, que quando tudo isso acabasse, você não voltaria ver as minhas mãos sujas de sangue. O que mais, você quer que eu faça? — Ele questiona, irritado e se aproxima. 

   Declan pega minha mão e põe em seu peito rumo ao seu coração que bate descontrolavelmente acelerado. Minha respiração fica arfa e olho para seu peito e novamente olho para seus olhos.

— Me responda? No princípio, eu te dei todas as chances pra você achar o pior de mim e você achou. Mas eu mostrei o outro lado de mim, que você nunca viu. — Ele acrescenta, erguendo as sobrancelhas. — Se você acha que tudo que eu fiz por você foi em vão, então de nada adiantou por esse coração que bate, toda vez que te ver. 

   Um desespero bate por dentro de mim de sentir que estamos perdendo um ao outro e minha vontade é de acordar desse pesadelo. Declan mesmo tem razão, eu estou nos afastando, mas não posso mais continuar com isso. Não posso deixar que nada de ruim aconteça com ele. Mesmo que eu o amo, preciso terminar com tudo isso que começamos.

   Eu o encaro mais uma vez e franzo o cenho molhando os lábios tirando a minha mão de seu peito e quebro o silêncio.

 — Quero que você saiba que... — Me calo, fazendo uma breve pausa. — Declan, eu te amo!

   Nos entreolhamos por mais alguns longos segundos e dou de ombros decidida a ir embora. Declan me puxa pelo braço me prensando contra a parede, fazendo seu corpo molhado e nu ficar junto ao meu. Ele gruda suas mãos em meu rosto e nossos olhos estão à milímetros de distância, assim como nossos lábios que sinto a respiração ofegante saindo de sua boca.

— Não, Diana! Você não vai embora. E muito menos não vou permitir que isso aconteça! — Declan afirma, me olhando com desespero.

   Tento me soltar de suas mãos, mas é em vão. Ele é mais forte. Balanço a cabeça e mesmo assim, ele me têm presa e faz com que eu volte a olhá-lo nos olhos.

— Declan, você precisa deixar eu ir! Eu não quero que um de nós dois acabe se ferindo...

— Nós dois vamos nos ferir mais ainda, se não tivermos mais juntos. Se nos separarmos. Eu não posso permitir que você vá. Porque eu te amo, Diana! Eu sou louco por você! Você é minha, só minha e você não vai me deixar. Me bata, puxa meus cabelos, me xinga, mas eu não vou deixá-la passar por aquela porta!

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