Meu corpo rolava várias vezes sem poder parar. Mesmo que eu segurasse nos pequenos ramos de grama, acabavam se soltando da úmida terra entrando na mata fechada com enormes pinheiros. Minha visão está turva e um frio bate em meu corpo me fazendo arrepiar logo já rolando mais lentamente.
Abro os olhos ainda com a visão embaçada me apoiando na rocha mais perto de mim para que eu possa me levantar. Sinto uma ardência nas mãos, onde vejo que estão esfoladas pelo asfalto terem feito desenhos em formas de rabiscos, deixando rastros de sangue.
Me levanto aos poucos e arqueio meu corpo para trás pondo a mão esquerda sob a cintura sentindo dores pela pancada brusca após ter me atirado para fora do carro. A voz rouca e grossa de papai, fazia eco pela mata chamando pelo meu nome. Olho para trás e limpo o suor da testa dando de ombros e em passos cada vez mais apressados, ando pela mata procurando alguma saída sem que eu possa ser vista por Charlie Kyllen.
Declan
Acelero cada vez mais colocando a 200 km por hora, procurando o retorno mais próximo para voltar para o Condado. Sinto o queimar dos pneus a cada acelerada que dou, pego o celular e disco o número do Bruce na tentativa de avisá-lo para ir atrás de Diana.
— Declan? Onde você está? — Bruce pergunta, intrigado.
— Bruce, presta atenção no que eu vou te dizer. O Charlie nos achou! Diana está com ele. E eu preciso que você os encontre e a leve até a mim. Estarei te esperando na ponte. Nós iríamos fugir, mas o imbecil apontou a arma pra mim e Diana decidiu ir com ele. — Digo, sendo breve sem tirar os olhos da estrada.
— Eu vou encontrá-los! E você, suma do mapa agora, Declan! Charlie é capaz de denunciá-lo e eu não deixarei que isso aconteça de novo...
— Eu não posso deixar a Diana nas mãos daquele homem! Ele é um imbecil! — Eu o interrompo, acelerando mais e mais.
— Suma, Declan! Eu tomarei conta da Diana e ninguém saberá que ela está comigo! — Bruce rosna, impaciente.
A vontade de dar a volta para trás e acabar com a vida do desgraçado do Charlie é maior que qualquer coisa. Não me conformo pelo que a Diana fez em voltar pra casa e me deixar. Mas eu sei que de um jeito, ela quis fazer isso para salvar a minha vida já que vem fazendo isso desde quando eu salvei a sua.
— Quero notícias dela a todo momento, Bruce! Não deixe de me ligar! Eu mando notícias assim que possível. — Digo, finalizando a chamada e jogo o celular no banco do passageiro seguindo a estrada.
Horas mais tarde...
Diana
Depois de passar horas andando pela mata, finalmente consegui sair daquele lugar horrendo e frio. Mas não era para eu me alegrar. Meus pés estavam inchados e eu teria que andar mais um pouco para atravessar a rua e por fim, pedir um telefone emprestado para fazer uma ligação.
As ruas estavam movimentadas mesmo que a maior parte do tempo, estava fazendo frio. E mesmo assim, as pessoas aproveitaram para saírem as ruas. O corpo ainda doía e eu me encolhi arrepiando de frio, quando dei de cara com um outdoor escrito Chocolate And Coffee Shop. Uma loja que vende café e chocolates, mas o ambiente parecia não ter tantos clientes. Esse era o lugar que eu precisava de uma simples ajuda. Pelo fato de eu estar irreconhecível, com a roupa rasgada e com ferimentos pelo corpo, eu poderia chamar atenção em outros lugares.
Passo pela porta de vidro e me aproximo do balcão e uma ruiva com sardas em seu belo rosto angelical se aproxima. Ao ver meu estado, seus olhos ficam arregalados e leva suas mãos até a boca como se passassem mil coisas na sua cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tarde Demais
RomanceEla é um anjo de luz. Ele é o demônio da escuridão. Ela é a vida. Ele é a morte. E juntos são a carne e alma um do outro. Mas o que exatamente o destino preparou para os dois, às vezes é consequência de seus atos. Diana Kyllen foi salva por um...