Capítulo 05

1.2K 88 7
                                        

Enquanto isso...

Declan

   Dou mais uma, duas, três tragadas no velho charuto cubano. Guardado numa caixa há dois anos na segunda gaveta da mesa de centro na sala do cara em quem eu mais confio. — Bruce Vegas.

   Bruce coloca o charuto no cinzeiro chega a cadeira mais pra frente e cruza as mãos fixando seus olhos nos meus.

— Partagas é o meu preferido. Me relaxa à beça. — Digo, tragando mais um pouco do charuto. 

— Aí Declan, você sabe que o Charlie não vai te deixar em paz enquanto você não fizer o serviço. — Bruce fala, abrindo uma garrafa de whisky olhando para o líquido transparente em seguida. 

   Após terminar de tragar o charuto me levanto da cadeira e ando de um lado para o outro roçando a barba.

— Eu sei muito bem, como colocar o Charlie no lugar dele. E não estou disposto a voltar para a prisão. — Retruco, fuzilando Bruce com os olhos.

   Minutos depois, ouvimos barulhos de tiros do lado de fora do escritório de Bruce. Rapidamente ele se levanta da poltrona e eu abro a porta devagar olhando pela fresta, o que se passava naquele momento.

   Uma multidão de pessoas saiam correndo desesperadamente como se algo grave estivesse acontecendo. Abro a porta de vez e dou de costas para Bruce que me segue logo atrás.

   Dois seguranças armados vinham em nossa direção e um deles carregava uma bolsa preta que parecia estar pesada. Nos aproximamos e Bruce quebra o silêncio.

— Que confusão é essa? Alguém arrombou um dos caça-níquéis? — Bruce questiona, nervoso.

— Não senhor. Os caras do Chinês trouxeram drogas e estavam negociando dentro do seu cassino para dois homens que nunca vieram aqui antes. 

   O segurança que explicou o que estava acontecendo, esticou o braço entregando a bolsa preta para Bruce.

— Essa bolsa, estava com um dos homens. Aí tem muito dinheiro, pelo que parece. — O segurança fala, ao entregar a bolsa para Bruce.

— O que fizeram com os dois? — Bruce questiona, intrigado.

— Um deles, morreu no confronto. O outro, o achamos e matamos.

   Bruce e eu nos olhamos ao mesmo tempo e eu balanço a cabeça.

— O Chinês é muito imbecil de negociar drogas logo no cassino. Eu preciso sair daqui, Bruce. Se a polícia chega, eu estou ferrado! — Afirmo, seriamente.

— Livram-se dos corpos. — Bruce diz, desviando os olhos para os dois seguranças. — Você, vem comigo. 

   Bruce me leva até um corredor um pouco mais escuro chegando aos fundos do cassino. Ele me dá instruções de como achar a porta quase no final do corredor virando a direita de como sair da casa.

— Vai embora, Declan. Não vou te colocar nessa. — Ele diz, franzindo o cenho.

— Você não pode ficar, Bruce. É capaz de te prenderem... — Bruce me interrompe, balançando a cabeça.

— Eu dou um jeito! Agora vai embora, Declan. — Bruce me repreende, furioso.

   Ao abrir a porta, ouço um gemido vindo de dentro de uma sala ao lado da porta de saída dos fundos. Bruce aponta a arma e aponta a cabeça, como um sinal para que eu empurrasse a porta. Em questão de segundos, abro a porta a deixando escancarada e Bruce logo entra apontando a arma para quem quer que esteja dentro da sala que parece mais um depósito.

   Meus olhos se arregalam, ao ver o que nunca tinha visto antes. Me deparo com uma garota bastante machucada caída no chão. Nos aproximamos da menina e eu a analiso dos pés a cabeça e olho para o seu rosto que quase não dá para ser reconhecido.

   Eu a desamarro e a pego no colo ainda agachado no chão tentando reanimá-la, mas ela não abre os olhos.

— Bruce, ela não reage. — Digo, frustrado sem tirar os olhos dela.

— Foi aqueles imbecis! Bando de vermes! — Bruce rosna, entredentes enquanto só penso acordar a moça. — Você precisa levá-la para o hospital agora, Declan. Essa garota está muito machucada.

— Eu vou levá-la pra minha casa. Vou cuidar dela. Nessas circunstâncias, não posso levá-la para o hospital. — Respondo, descendo as escadas carregando a menina no colo.

— Vá pra casa e leve a garota. Amanhã, eu e a Lupita passaremos na sua casa pra ver como ela está. — Ele diz, abrindo passagem para e sair com a moça no colo.

   Saio em disparada carregando a garota no colo e encontro meu carro estacionado em frente a uma árvore. Abro a porta de trás e a coloco deitada com cuidado e fecho a mesma, dando a volta e entro pela porta da frente acelerando o meu Dodge Charger 69.

***

   Limpo o seu rosto cuidando dos ferimentos começando pelos lábios carnudos deslisando levemente o lenço umedecido de remédio. Me viro em instantes e pego outro lenço limpo encharcando-o novamente de soro e volto a olhar para a garota limpando a sua testa suja de sangue.

—  Quem será você por trás desses hematomas? — Pergunto, baixinho sem tirar os olhos dela pegando me meus devaneios.

   Engulo em seco e molho os lábios me levantando em seguida. Tiro a jaqueta que cobre os seus ombros e depois tiro as botas de seus pés colocando-os no chão ao lado da cama. Dou de ombros e pego o cobertor de dentro do guarda-roupa e andei em direção a garota a cobrindo deixando ela aquecida.

   Dou de ombros apagando a luz do quarto e fecho a porta.


Tarde DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora