Capítulo 15

947 52 0
                                        

Declan

   Acordei bem cedo, preparei o café da manhã e deixei um bilhete para Diana em cima da mesa da cozinha avisando que hoje, iremos jantar na casa de Bruce e Lupita. Mas que eu não a pegaria em casa, pois, fiquei de resolver alguns negócios. E então Lupita, a pegará na porta de casa às 19h30 e nos encontraremos na casa do casal mesmo.

   De olho pelo retrovisor do carro que está estacionado a uns dois metros de distância, observo a fachada do prédio acinzentado, esperando a hora exata de ir ao encontro do terceiro homem da lista de Karl. Antony Harris, de origem dinamarquesa, é um homem que lutou na guerra por muitos anos até ter o seu dedo indicador da mão direita, ser decepado por um facão em meio ao caos e uma bala alojada no seu joelho. Onde é o seu ponto fraco.

   Dizem por aí, que é um homem destemido. Que não tem medo de nada. A última vez que matou alguém, essa pessoa teve a cabeça arrancada de seu corpo e deu de presente aos porcos num chiqueiro no meio do nada. Antony, não sabe nem um pouco do que sou capaz de fazer, ainda mais quando se trata da filha de Charlie, que eu nem sei porque estou fazendo isso. Mas eu preciso descobrir.

   Horas depois de tanto esperar, desço do carro e apago o cigarro jogando-o fora. Visto o sobretudo e deixo os cabelos soltos como um disfarce para que eu não seja reconhecido. Logo mais, dou de ombros e pego o celular deixando um recado na secretária eletrônica lá de casa para Diana avisando que teremos o jantar hoje a noite, caso não tenha visto o bilhete em cima da mesa da cozinha e sigo em direção ao prédio cinza que fica do outro lado da rua onde pessoas passam toda hora esbarrando contra mim. Olho de um lado para o outro e desvio os olhos novamente para o prédio e adentro ao local me deparando com o porteiro que parece estar curioso e intrigado.

— Bom dia. Eu vim trazer uma encomenda para Antony Harris. Diga a ele que Ivan o aguarda. — Digo, dando o nome do homem que matei semanas atrás.

   Deixo o envelope à mostra para que o porteiro veja, que, na verdade consta apenas fotos e informações de Antony. O porteiro assente confirmando a minha entrada e aponta com a mão direta para o elevador que dá acesso aos andares.

   Depois de passar alguns minutos dentro do elevador, a porta se abre e então procuro pelo quarto 415 ao virar para o corredor direito. Ouço alguns barulhos, casais brigando e uma mulher gemendo na porta ao lado. Parece que está mesmo gostando da transa com o parceiro. Corro os olhos para as portas e então vejo a que eu procurava. Eu a abro lentamente girando a maçaneta e entro no quarto a fechando em seguida. Tiro o revólver da cintura e observo o local para que eu não seja pego de surpresa.

   Ando em passos lentos até chegar ao quarto e ouço o barulho do chuveiro. Aproveito e preparo o esquema, retirando as facas de dentro das botas e me sento no criado-mudo, aguardando a tão esperada hora.

   Antony, Antony... Eu te achei. — Penso, em silêncio ao brincar com a faca jogando-a de um lado para o outro com as mãos sem tirar os olhos da porta do banheiro.

— Ivan? Cara, onde é que você estava esse tempo todo? Você está ferrado! Terá que dá explicações para o chefe. — Antony fala, em voz alta desligando o chuveiro.

   Ele se aproxima saindo do banheiro e antes que perceba, eu o atinjo com uma das facas acertando seu braço esquerdo onde permanece intacto grudado na parede. Antony murmura se sentindo ameaçado e ele leva a mão direita para trás. Mas antes que me pegue de surpresa, acerto outra faca no seu braço direito como fiz com o esquerdo.

— Ah! Desgraçado! Quem é você? — Antony rosna, possesso de raiva ao desviar os olhos para os braços que não para de escorrer sangue. 

   Me levanto do criado-mudo e ando em sua direção em passos lentos fuzilando-o com os olhos.

Tarde DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora