Capítulo 06

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   O sol já estava nascendo enquanto eu continuava a olhar para a vista da cidade. O finalzinho do charuto já tinha virado pó e nada do sono fazia com que os meus olhos se fechassem.

   Tomo mais um gole de café e me levanto da cadeira voltando para dentro de casa. Corro os olhos para a sala e desvio-os para a escada em passos lentos. Subi os degraus e olhei para a porta andando até ela. Eu a abri com cuidado sem fazer barulho.

   A garota ainda dormia e parecia não estranhar a cama. O lugar. Escoro no batente da porta e a olho dormir por mais alguns minutos pensando na merda que fiz em trazê-la pra cá. É capaz de me por em confusão e isso não vai ser bom pra mim.

   Imbecil! Você é um grande imbecil de merda! — Penso, em silêncio ao olhá-la mais uma vez e então fecho a porta lentamente girando a maçaneta para não acordá-la e dou de ombros indo para o meu quarto que fica em frente ao dela.

   Tiro a calça e desço a cueca ficando completamente nu indo para a suíte. Ligo o chuveiro e deixo a água escorrer por todo corpo suado depois de chegar de uma corrida matinal. Minhas veias estão agitadas que fazem surgir por todo corpo molhado. 

   As lembranças começam a surgir novamente de tudo que aconteceu. Dos crimes, as brigas na prisão e muito sangue derramado. A minha cabeça não é mais a mesma desde que fiquei preso naquela cela. Perdi sete anos da minha vida sem fazer absolutamente nada.

   Só sei que preciso colocar Charlie em seu lugar antes de colocá-lo na cadeia. — Penso, em silêncio pegando em meus devaneios desligando o  chuveiro.

   Saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura e ando até o guarda-roupa abrindo a gaveta e pegando uma cueca. Tira a toalha deixando-a em cima da cama e visto a parte debaixo. Busco através dos olhos, uma calça jeans escura e uma camisa social branca de manga comprida e visto a roupa ajeitando-a de forma correta.

   Entro para dentro do guarda-roupa e abro uma porta que dá acesso ao porão da casa. Ascendo as luzes e desço as escadas indo em direção para um dos lugares preferidos. Onde ficam as minhas preciosas. Analiso cada uma de dentro da pratilheira de vidro e desvio os olhos para o armário onde ficam as detonadoras. O sorriso maléfico surge em meu rosto, levanto a cabeça e fecho as olhos por alguns segundos como se cada uma, fosse uma metanfetamina para o meu organismo, apesar que eu não mexo com essas porcarias. Sempre mantive uma boa saúde e não é agora que vou estragar a minha vida usando drogas.

— É hora de aposentar todas vocês... — Falo, para mim mesmo fazendo uma breve pausa. — Por um tempo. Quem sabe um dia eu more em um lugar afastado e as usem de volta como caça? Que piada, Declan Harp. Só você mesmo. — Sorrio, dando de ombros e apago as luzes subindo as velhas escadas de madeira.

***

   Vou para um lugar para relaxar um pouco nada melhor que o antigo bar do Luke em um bairro mais afastado que não tem tanto movimento nas ruas, mas por dentro, só tem gente da pesada.

   Mas falando mais da vida dele, Luke perdeu a esposa em um acidente envolvendo o carro em que estava dirigindo com um caminhão que entrou na contra-mão e bateu em cheio na parte da frente atingindo o banco do passageiro. Mina que estava grávida de três meses morreu na hora, o bebê também não resistiu. Luke e a filha mais velha do casal, se mudaram para Filadélfia recomeçando suas vidas, onde os ajudei e graças a Deus tudo está dando certo para os dois.

   Ele se aproximou trazendo uma das minhas garrafas preferidas e pôs o copo sob a mesa me olhando nos olhos.

— Três meses fora da prisão e o que você sabe fazer é beber. Só espero que não vire um alcoólatra. — Luke brinca, revirando os olhos.

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