Capítulo 16

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   Ando pela sala de estar seguindo Lupita logo atrás e fico admirada ao ver os enormes quadros pendurados quase no topo do teto. É como se fosse um museu de quadros antigos e isso me deixava mais impressionada. Lupita se vira e ergue as sobrancelhas sorrindo.

— É... Acho que não é só eu que gostei dos quadros. — Ela diz, convicta. 

   Bruce caminha para a minha direção, mas ainda fico bem aqui, observando cada quadro e cada detalhe que foi feito a pincel.

— Todos gostam desses quadros. — Bruce fala, sorrindo.

   Olho em seus olhos e sorrio de lado.

— São realmente magníficos. Mas pela arte, não são de Filadélfia... — Bruce me interrompe, enlaçando seu braço na metade de minhas costas.

— Para uma garota nova como você, conhece muito bem de arte. Mas hoje quero te apresentar um maravilhoso paladar! — Bruce afirma, sorrindo.

   Não sabia que além de serem tão ricos, Bruce e Lupita são pessoas boas. Não são como as pessoas da alta sociedade que se acham donos de tudo e se apoderam de todos os bens. Isso se chama humildade. — Penso, em silêncio ao caminharmos até a sacada da mansão de Bruce.

   Minutos depois, de costas, vejo a silhueta e os braços musculosos deixando-os, à mostra por uma camiseta de manga curta colada em seu corpo. Declan olha para a vista da cidade e ao lado de sua mão direita, a um copo com a metade de whisky intacto sob a pilastra de mármore branca. Fico nervosa, toda vez que estou perto de Declan e não sei como controlar isso. Mesmo assim, mantenho a mesma feição para que ninguém perceba. Muito menos ele.

   Declan se vira e ele se aproxima com o copo de whisky na mão tomando um gole. Nos entreolhamos ao mesmo tempo, e seus olhos verdes, ficam vidrados nos meus que me deixam corada, com vergonha.

— Bom, já que Diana chegou, podemos ir jantar. — Lupita fala, enlaçando seu braço no braço de Bruce e os dois dão de ombros.

— Você viu o bilhete que deixei em cima da mesa? — Declan pergunta, puxando assunto.

   Assinto, com a cabeça e olho para ele de relance.

— Sim, eu vi. — Respondo, apenas. Minha vontade, era de perguntar o que tinha fez a tarde toda, mas preferi não ter outra discussão. Declan é mais gentil, quando não é um ogro.

   Ele me olha ao dar permissão para que eu saia da sacada primeiro e degusta mais um pouco do whisky, quebrando o silêncio.

— Eu lamento, por não ter buscado você. Precisava resolver alguns assuntos. — Ele fala, dando satisfação como se eu exigisse algo de si.

   Engulo em seco e paro na sua frente cruzando os braços. Fito-o com os olhos e ele franze o cenho estufando o peitoral. De frente, Declan realmente era um monstro, de tão grande. E a uma hora dessa, me sinto a Olivia Palito ao ficar frente a frente com aqueles braços irresistivelmente charmosos.

— Não tem porque me dizer o que estava fazendo, Declan. Você sabe o que faz. Confio em você! — Afirmo, como se o que acabei de dizer fosse tudo que estava na minha cabeça.

   Confio em você? Que droga foi essa de dizer, Diana? — Penso, em silêncio dando de ombros e fecho os olhos pensando na burrice que acabei de cometer. Mesmo que ele persiste em pensar ao contrário de todas as coisas ruins que faz, foi o cara que me salvou. E sei que não deveria confiar, mas sei que com ele, eu posso estar tranquila.

   Saborear a comida que está divinamente deliciosa, conversávamos sob assuntos aleatórios o tempo todo. Bem, quase. A verdade, é que Lupita e Bruce que gostam mais de terem um bom papo e Declan também, quando está por dentro do assunto. Já eu, apenas concordo a todo tempo com a cabeça. Tomo um gole de vinho e meus olhos se encontram com os olhos de Declan, que já me encarava por alguns segundos. Me pego em meus devaneios, relembrando daquela noite em que Declan e eu, pegávamos fogo em cima de sua cama. Passo a língua no canto da boca e mordo o lábio imaginando o que mais poderia ter acontecido e ele me deixa cada vez mais, com vergonha, com o mesmo olhar de devorador e sedução. Respiro fundo e abaixo a cabeça, tentando não pensar naquelas coisas.

   As horas passavam em um piscar de olhos. Declan e eu, decidimos que era hora de irmos embora, já que estava tarde da noite. Seguimos o trajeto em total silêncio até chegarmos em casa. Escoro a cabeça na janela do carro, pegando novamente em meus devaneios, mas dessa vez, o que eu consigo pensar, é só achar a minha irmã. 

   Declan me olha de lado, enquanto o sinal estava fechado e quebra o silêncio.

— O motivo que você ficou quieta o jantar todo, foi porque aconteceu aquilo... — Eu o interrompo, antes que continuasse a tocar naquele assunto.

— Eu até já esqueci, Declan... — Digo, balançando a cabeça. — Mas não é sobre isso, que eu estava quieta.

   O sinal abre e novamente seguimos a estrada.

— Esqueceu? — Declan pergunta, como se eu fosse guardar aquilo para o resto da vida. Mal sabe ele que estava pensando nisso o jantar todo. — Porquê estava quieta, então?

— Descobri que eu tenho uma irmã, Declan. E eu preciso encontrá-la. — Respondo, desviando os olhos para os seus.

   Pouco tempo depois, chegamos na porta da casa de Declan. Ele desliga o carro e me olha nos olhos com angústia e quebra o silêncio.

— E onde ela está? Como você ficou sabendo que tem uma irmã, Diana? — Declan questiona, intrigado.

— E-eu não sei! Pouco antes de tudo acontecer, aquela noite... Eu ouvi atrás a porta, meu pai conversando com um homem e foi meu próprio pai que a levou para um orfanato. — Digo, baixinho, cabisbaixa quase que com os olhos lacrimejados.

   Declan ergue meu queixo com o polegar e fixa seus olhos nos meus.

— Tenho certeza que as intenções de seu pai, não foram as melhores. Com certeza, não! Mas saiba, que eu ajudarei a encontrar sua irmã, Diana. Conte comigo! — Declan afirma, sem tirar seus olhos dos meus.

   Logo mais, tiro a roupa ficando nua e então olho para o lado da cabeceira da cama e vejo a camisa de Declan pendurada sob ela. Me aproximo e pego, a vestindo em seguida esticando um pouco para baixo. Pelo menos, posso dormir confortável, sem nada me apertando.

   Declan chega na porta e me assusto ao ver sua sombra, quase caindo sentada na cama. Ele se aproxima, em passos apressados e me puxa pelo braço fazendo com que eu volte a ficar de pé.

— Você tá bem? — Ele pergunta, preocupado.

— Você me assustou. — Falo, molhando os lábios olhando em seus olhos.

— Desculpe. — Declan lamenta, dando de ombros. Ele pega o notebook e coloca em cima da cama e volta a me olhar. - Isso vai ajudá-la a pesquisar os orfanatos da cidade. Qualquer coisa que precisar, me chame. - Ele acrescenta, erguendo as sobrancelhas.

   Assinto com a cabeça e sorrio em linha reta. Declan coça a nuca e olha para o quarto como se procurasse alguma coisa e então dá de ombros quebrando o silêncio ao passar da porta do meu quarto.

— Boa noite.         

_________ To be, continued...

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