Tarde Demais

Capítulo 37

   Fugir para o resto da minha vida ao lado de um assassino no qual me apaixonei, nunca estava em meus planos e não é agora que mudarei de ideia. Mas vê-lo sendo levado pela polícia, me deixou com o coração apertado, louca pra fazer alguma coisa que impedisse do FBI levá-lo para a prisão. — Penso, em silêncio ao me deparar com a fachada da enorme mansão. A mansão Kyllen.

— Cuidaremos muito bem de você, filha! Dessa vez, nada e nem ninguém vai levá-la de casa, meu amor! — Mamãe fala, convicta de suas palavras.

   Reviro os olhos com um único pensamento em ver Declan e tirá-lo da cadeia. Ergo as sobrancelhas e papai me olha pelo retrovisor do carro e coça a nuca quebrando o silêncio.

— Ela está a salvo, Sonia! Não tem mais com que se preocupar. Nossa filha está muito bem! E está a salvo daquele bandido! — Papai afirma, totalmente irônico.

— É mesmo papai? — Retruco, bufando de raiva por dentro. Como pode ser tão fingido? — Pois, com o senhor, que eu não estou a salvo mesmo!

   Mamãe olha para trás, me repreendendo com os olhos enquanto papai estaciona o carro.

— Que jeito é esse de falar com o seu pai, Diana? Ficou louca? — Mamãe questiona, em defesa a favor do papai.

— Não mamãe! Na verdade, eu sou a pessoa mais normal que existe nessa família. — Retruco, novamente me dirigindo a Dna. Sonia que balança a cabeça incrédula. Papai e eu nos entreolhamos em seguida. — Diga a ela papai, o que o senhor é!

   Papai afrouxa o nó da gravata nervoso e seu rosto está vermelho feito um pimentão. Ele sempre fica assim, quando é descoberto por algo que fez. É só jogar verde e ele cai, feito um patinho.

— É melhor você ficar quieta mocinha! Você está passando dos limites. — Papai resmunga, abrindo a porta do carro.

   Mamãe e eu fazemos o mesmo e eu me aproximo de meu pai o impedindo de dar um passo a frente fazendo uma barreira.

— O senhor é muito homem para certas coisas. Mas confessar a verdade, é um verdadeiro covarde! — Alfineto-o, franzindo o cenho.

   Sei o que estou fazendo, não é digno de uma filha. Mas eu preciso forçar a barra. Preciso fazê-lo falar. — Penso, em silêncio o fuzilando com os olhos.

— Não me confronte, Diana! Aquele imbecil te contou a versão dele...

— Como assim a versão dele? Vocês estão falando daquele assassino? — Mamãe pergunta, se aproximando.

— Declan, mamãe! O nome dele é Declan. E pare de chamá-lo de assassino. — Digo, em voz alta abaixando a cabeça e depois volto a olhar para meu pai.

— Ok! Se o senhor não fala, eu falo! A verdade Dna. Sonia, é que o seu marido, é um traficante de drogas e exporta armas também! — Afirmo, sem me conter.

— Charlie! O que... O que a Diana está dizendo? — Mamãe questiona, surpresa.

— Você não vai dar ouvidos para uma mimada como a nossa filha, Sonia! — Ele diz, nervoso pela situação em que eu o coloquei o deixando sem argumentos.

— E sabe quem me contou mamãe? Foi Declan Harp! Porque o seu maridinho, o contratou também, para fazer o maldito serviço sujo matando pessoas que os deviam para ele! Meu pai, é sem dúvidas, um monstro...

   Sinto o estalo forte em meu rosto que faz virar minha cabeça para o lado fazendo meus cabelos voarem pelo vento. A dor é suportável, mas a ardência loga chega ao sentir queimar minha pele pelo tapa que recebi de meu pai. Ele jamais encostou um dedo em mim. Mas não me arrependo de o ter confrontado.