Diana
Meu corpo está cansado e sinto minhas mãos formigando. Havia horas que eu estava amarrada com os braços para cima e as pernas acorrentadas, isolada em uma sala deserta cheirando a naftalina onde a luz do sol passava pelo cantinho da janela acobertada por madeiras velhas com muita dificuldade.
Respiro ofegantemente e balanço minha cabeça, pensando como sair desse lugar. Se pelo menos tivesse algo cortante, poderia tentar escapar, antes mesmo de abrirem aquela porta que se encontra há dez passos de distância de mim.
— Socorro! Me ajudem! Socorro! — Grito, incontrolavelmente sem me conter.
A porta range, fazendo barulho ao se abrir. Seus passos ficam mais próximos e meus olhos se desviam para os seus como se eu o quisesse vê-lo morto na minha frente. Deus me perdoe por desejar isso! Mas não quero morrer nas mãos desse bandido miserável.
Seus olhos ardem feito brasa ao escutar os meus berros ensurdecedores do lado de dentro da sala. Mas o seu sorriso, me intimida e me dá medo a cada vez mais que se aproxima.
— Você sabe muito bem, que ninguém vai te ouvir, docinho! — Chinês afirma, sorrindo ironicamente.
— O que você quer de mim? E, porque estou aqui? — Pergunto, em voz alta franzindo as sobrancelhas.
— Então você não sabe? — Ele pergunta, e balança a cabeça. — Pois, bem! O seu queridinho papai, negociava comigo e quando viu que estava perdendo, sabe o que ele? Ele matou a minha mulher.
Primeiro, ele contratou Declan pra fazer o serviço sujo. E agora, fez negócios com um homem da máfia. Deus, o que meu pai se transformou? — Penso, em silêncio assustada com tudo que está acontecendo.
— E sabe o que eu vou fazer? Irei me vingar matando você! Eu vou matar o bem mais precioso que o Charlie tem. A própria filha...
Meus olhos se arregalam quando ele tira o revólver da cintura e mira na minha cabeça. Tento manter os olhos abertos, mas só as lágrimas descem descontrolavelmente encharcando meu rosto. Desvio o olhar por cima de seus ombros e vejo o mesmo homem que seguiu eu e Declan na igreja, apontando a arma na cabeça do Chinês.
— Dessa vez não, Chinês! — Ele afirma, o fuzilando com os olhos.
Ele se vira me dando de ombros e ambos, estão frente a frente. Hugo dá um passo a frente e o Chinês aponta a arma para ele.
— O meu ombro direito contra mim? E quem é você para me dar ordens? — Chinês questiona, franzindo o cenho.
— Faça a si mesmo, a mesma pergunta. Achou mesmo, que esse tempo todo eu estava do seu lado? A garota não merece morrer e sim, Charlie. E afinal, não estou dando ordens. Eu apenas as recebo. — Hugo fala, sendo breve e num piscar de olhos atira contra o Chinês.
Um grito de pavor, escapa de meus lábios e me estremeço toda, ao ver o sangue sendo derramado pelo chão. Chinês cai de joelhos a minha frente com a cabeça ao lado dos meus pés e eu só penso em fechar os olhos a todo momento.
Hugo se aproxima e eu percebo pelos seus sapatos pisarem no chão empoeirado, como se cada grão de areia, entrasse por debaixo dos solados. Ele me desamarra e eu abro os olhos, desviando meu olhar para ele que insiste em desfazer os malditos nós que apertam meus pulsos.
Logo mais, fico livre da amordaça que minutos atrás, impedia com que eu falasse alguma coisa. Hugo pega um molho de chaves e pressiona contra o cadeado, abrindo-o em seguida tirando as correntes dos meus pés.
— Você vai ficar bem, Diana! Declan já deve estar chegando. — Hugo fala, tentando me acalmar.
Ele coloca minhas mãos em seus ombros, fazendo me apoiar nele e me pega no colo, me levantando para cima e damos de ombros ao sair da sala. Um último olhar, foi para o homem que queria me ver morta e finalmente, dou um suspiro fundo, ao perceber que tudo isso acabou.

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Tarde Demais
RomansaEla é um anjo de luz. Ele é o demônio da escuridão. Ela é a vida. Ele é a morte. E juntos são a carne e alma um do outro. Mas o que exatamente o destino preparou para os dois, às vezes é consequência de seus atos. Diana Kyllen foi salva por um...