A madre do orfanato vinha em nossa direção entrando no escritório onde a esperávamos minutos depois assim que chegamos. Com ela, estava dois históricos de duas meninas recém-nascidas no ano de 1984. Dois bebês abandonados pelos pais sem razão alguma.
Ela me olha com receio, mas não deixa de me dar esperança para que eu descubra entre essas duas crianças quem realmente é a minha irmã.
— Esses são os dois históricos dos bebês que eu te avisei por e-mail. — Ela diz, dando de ombros caminhando pela sala que dava para ver várias crianças brincando pelo jardim das janelas.
Eu analiso a todo momento, os históricos onde também vejo algumas fotos que foram tiradas do tempo que passaram nesse orfanato, mas não há uma semelhança. Não há nada familiar que eu possa ter a esperança de encontrá-la, a não ser a pinta de nascença que herdei de mamãe atrás do ombro direito. Mas eu só poderia ter essa certeza, se eu pudesse ver essas garotas pessoalmente.
A porta se abre quando ainda mantenho os olhos naqueles documentos amarelados e antigos. Declan se levanta da cadeira e eu o olho curiosa, quando vejo duas moças entrando no escritório. Me levanto sem entender a situação e a madre ergue o cenho olhando para mim.
— Estas são as moças que recebemos quando eram recém-nascidas, filha. — Ela diz, apenas e sorri.
Desvio os olhos de Declan e olho para elas tentando achar algo que possa se parecer com mamãe. Mas o tempo foi injusto e a maldade de papai, foi pior ainda por ter tirado um bebê indefeso das mãos da própria mãe. Declan desvia seus olhos para mim e eu o olho nervosa ainda em silêncio.
— É melhor que vocês fiquem sozinhas. Qualquer coisa, estarei lá fora. — Ele diz, erguendo as sobrancelhas e dá de ombros saindo do escritório.
A madre faz o mesmo, saindo da sala e agora somos eu e elas duas. Estou tão nervosa que nem sei por onde começar. Meu coração parece saltar pra fora, enquanto elas me deixam mais apreensivas totalmente em silêncio.
Com dois passos a frente, me aproximo e eu as olho engolindo em seco e quebro o silêncio.
— Confesso que estou surpresa... E nervosa ao mesmo tempo, porque não imaginava que a madre ainda mantinha contato com vocês... — Digo, fazendo uma breve pausa. — E sei também que não foi fácil para estarem de volta a esse lugar. Mas a uma coisa que é possível que uma de vocês, seja a minha irmã.
A loira de olhos castanhos claros se aproxima e assente, quebrando o silêncio.
— A madre nos disse, Diana... Que mal-educada, eu sou. Meu nome é Susi. — Ela sorri, em linha reta. Mas logo, balança a cabeça em negação. — Sua irmã, tem a pinta como a sua, atrás do ombro direito.
Susi se vira e tira a jaqueta aos poucos e cruzo os dedos ainda com esperança de ser uma delas. Mas ao colocar suas lindas madeixas para frente, Susi deixa a mostra seu ombro e ali não está a pinta de nascença. Logo mais, a outra garota se vira e me mostra seu ombro, mas é em vão. Nenhuma das duas, não são as minhas irmãs.
A tristeza me consome por dentro. A raiva de não poder fazer nada contra meu pai, me deixa com pensamentos ruins na cabeça. E a vontade de chorar é tão grande, que eu só queria estar sozinha nesse exato momento.
— Me chamo Khloe. — A outra garota fala, se aproximando e me dá um abraço, mas logo recua para trás. — Queríamos muito ajudá-la a encontrar sua irmã.
— Vocês ajudaram só de virem no orfanato. Obrigada mesmo, Susi e Khloe. — Agradeço, com a voz trêmula e assinto em seguida, tentando segurar o choro.

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Tarde Demais
RomanceEla é um anjo de luz. Ele é o demônio da escuridão. Ela é a vida. Ele é a morte. E juntos são a carne e alma um do outro. Mas o que exatamente o destino preparou para os dois, às vezes é consequência de seus atos. Diana Kyllen foi salva por um...