Capítulo 11

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- Paulinha?- foi a única coisa que Rafael conseguiu falar antes de se levantar rapidamente da cama e começar a vestir a roupa que estava espalhada pelo chão.

- Droga!- Samanta puxou o lençol e cobriu seu corpo, logo se sentando na cama e olhando envergonhada para os amigos.

Danillo e Breno tinham expressões surpresas; Mariana estava apenas negando com a cabeça; e Paula não continha sequer uma expressão de emoção no rosto.

- Amor, eu posso explicar- quando Rafael se aproximou, ela se virou de costas e foi até a porta sem olhar nos olhos de nenhum dos amigos, estava completamente envergonhada com a situação.

Ela puxou a maçaneta, mas a porta não abriu. A mulher tentou mais algumas vezes e nada.

- Na verdade essa porta não abre por dentro, só com a chave, por isso eu tinha dito que não podia entrar- o tom de voz de Sam era baixo e tímido.

- Então me da a chave- a morena falou sem encarar a outra.

- A chave ficou lá na mesa que eu estava sentada- revelou sentindo seu rosto quente.

- Era o que me faltava- Paula pôs a mão no rosto e suspirou.

- Vamos tentar bater, talvez alguém nos ouça- Breno se aproximou da amiga e começou a bater na porta e a gritar.

- Isso não vai adiantar, ninguém vem aqui pra cima- a dona da casa falou.

A morena olhou nos olhos do loiro por breves segundos e então desviou novamente.

- Ótimo- ela foi até um banquinho que tinha no lado oposto da cama no quarto, e se sentou- Esses saltos estão me matando- ela pôs uma das pernas no colo e começou a massagear o pé ainda com os sapatos postos.

- Paulinha, eu posso explicar- Rafael, que já estava vestido, dirigiu a palavra à ela.

- Explique, pelo visto temos bastante tempo- olhou para o relógio vendo que ainda era cedo.

- Nós... foi só uma vez, eu juro!- ela conseguia sentir a mentira em sua voz.

- Sério, Rafael?- deu uma risadinha- Você já se saiu melhor com as suas mentiras.

- Tá bom- ele suspirou- Não tem explicação que possa fazer você voltar pra mim.

- Agradeço por não ter que falar isso- seguia com o foco em seu próprio pé- Mas, só pra saber, há quanto tempo que isso está acontecendo?

- Desde o início do nosso namoro- resolveu ser sincero com a outra.

- Nossa, mas você é melhor mentiroso do que eu imaginava, hein? Parabéns- direcionou um pequeno sorriso para ele e logo voltou a atenção a seu sapato.

Os outros quatro presentes no quarto olhavam tudo quietos e surpresos com a falta de reação por parte de Paula.

- Alguém já tentou usar o celular?- Breno perguntou quando um silêncio constrangedor se instalou- Eu não trouxe o meu, então...

- Sabe o que mais me irrita em você?- Rafael estava indignado com a reação da morena- Essa sua falta de sentimentos. Você é fria e insensível, nem mesmo em uma situação como essa você é capaz de chorar- franziu as sobrancelhas demonstrando a irritação.

- Ah, então você me traiu pra me ver chorar?- olhou nos olhos do homem e arqueou as sobrancelhas- Péssima escolha- deu uma piscadinha- Por que não tentou forjar sua morte, talvez?- deu de ombros.

- Você é autossuficiente, Paula, e isso me tira do sério! Você não me deixa ser o homem da nossa relação. Tudo você quer pagar, tudo você diz que consegue lidar sozinha, e isso me deixa impotente! Eu me sinto a mulher da relação ao seu lado- resolveu desabafar.

- Não vem com machismo pro meu lado- se levantou do banco e caminhou até os três amigos que estavam próximos a porta- Você não está em direito de reivindicar nada aqui.

- Eu abdiquei do meu sonho de me casar e ter filhos por você! Você sabe o quão importante isso era pra mim?- sentia seus olhos marejados.

- Eu não ligo, mais, Rafael- seu tom de voz era cansado- Eu só quero sair daqui logo.

- E o apartamento? Como fica?- limpou uma lágrima que escorreu em seu rosto- Você vai ficar nele?

- Peraí, você tá terminando comigo?- o olhou indignada.

- A gente não vai terminar?- sorriu esperançoso.

- Nós já terminamos inclusive. Eu só tava zoando- deu uma risadinha.

Ela tirou um grampo de seu cabelo e se abaixou em frente a maçaneta da porta.

- Eu não sei como consegui namorar por tanto tempo com a Elsa, rainha do gelo- o homem suspirou.

- Ah, vê se me erra, Rafael- ela se levantou e abriu a porta- Olha, a autossuficiente nos tirou daqui! Manda feliz aniversário pro seu marido, Sam!

Saiu do local sendo seguida apenas por Breno.

- Onde você vai dormir essa noite? Se quiser, eu posso te levar pra minha...

- Hoje eu quero ficar sozinha- disse descendo as escadas com rapidez.

- Eu posso te levar até um hotel pelo menos?- segurou seu ombro a fazendo parar quando já estavam no lado de fora do local.

- Eu agradeceria muito- sorriu, mas ele conseguiu ver a tristeza em seus olhos.

Os dois foram para um carro e então Breno se dirigiu para o melhor hotel que conhecia. Queria que a amiga tivesse uma boa noite de sono depois daquilo que acontecera.

- Posso descer com você? Só quero ver se vai ser bem atendida- parecia uma criança tímida falando.

- Claro que sim.

Eles desceram do carro e então adentraram ao local. A morena escolheu o quarto e então eles subiram.

- Se você...- não conseguiu terminar a frase pois viu a amiga se sentar na cama aos prantos.

Ele nem pensou, apenas se aproximou do local e a abraçou com força. Sabia que palavras não eram necessárias naquele momento. Ela não queria lamentos, e nem ouvir que alguém a entendia, ela apenas queria que alguém a segurasse durante aquela crise que estava tendo.

O loiro entendia perfeitamente e fez exatamente tudo que ela precisava. A abraçou até que seu choro se acalmasse, logo esperou que ela voltasse do banho e ficou ao seu lado, acariciando os seus cabelos e seu rosto, até ver que sua expressão facial se suavizara indicando que ela havia pego no sono. Só então ele conseguiu ir embora.

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