Capítulo 18

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Paula se levantou da cadeira e pegou sua bolsa saindo de sua sala. Já havia evoluído tanto seu posicionamento dentro do escritório que agora ela tinha uma sala toda sua, e o isolamento acústico a fazia ter paz quase o dia inteiro.

Se despediu de todos com quem cruzou e então desceu o elevador para sair do prédio. Enquanto estava parada à espera de um táxi, sentiu uma mão em seu ombro, a fazendo se virar assustada.

- Achei que era um assalto já- falou com a mão no peito- O que você está fazendo aqui?- só então pôde reparar na expressão brava no rosto de Rafael.

- Eu que pergunto...

- Esse é o lugar que eu trabalho- disse como se fosse óbvio.

- Eu me refiro a outra coisa. Por que exatamente você está morando com Breno?- cruzou os braços em frente ao peito e a encarou com uma expressão séria.

- Quem te disse isso?- arqueou as sobrancelhas já xingando Mariana e Danillo em sua mente.

- Não interessa quem disse. Se você está tão nervosinha assim é porque é verdade, né?- deu uma risada sem humor- Por que ele? Não podia ser qualquer outro?

- Eu não te devo satisfações da minha vida, Rafael- olhou para a rua procurando um táxi.

- Paula, ele é um dos meus melhores amigos. Você não podia ter esperado um pouco mais pra se envolver com alguém não? Logo com ele?

- O que?- o olhou indignada- Você ficou transando com uma das nossas amigas nas minhas costas durante todo nosso relacionamento e agora quer vir pagar de traído? Ah, faça-me o favor, Rafael!

- Eu sei que errei e já te pedi perdão, mas você não vai ganhar nada tentando dar o troco. Você não é assim.

- Eu não to tentando fazer nada- o encarou séria- E não tem nada acontecendo entre eu e o Breno. Ele me convidou pra morar lá porque um idiota qualquer me traiu e eu tive que deixar o apartamento que arrumei com tanto amor!- agora havia raiva em sua voz.

- Você não consegue enxergar, não é mesmo?- negou com a cabeça- O Breno sempre quis você, e agora ele tá aproveitando que você está frágil e sozinha pra te levar pra cama. Você é só mais um dos caprichos dele.

- Você fala tanta merda que fica difícil até discutir com você- revirou os olhos- Segue o seu caminho e me deixa em paz aqui esperando o táxi.

- Eu não esperava isso de você, Paula- disse decepcionado- Você tá tentando se vingar de mim.

- Você não é o umbigo do mundo, Rafael!- aumentou seu tom de voz- Minha vida nunca girou ao seu redor e não é agora que vai começar! Se me dá licença, eu tenho que ir embora- o táxi se aproximou quando ela fez sinal.

- Não se engane, ele só quer te levar pra cama- falou quando ela abriu a porta do táxi.

- Talvez eu só queria ir pra cama com ele também- a frase fez o homem ficar estático e pasmo.

Alguns minutos depois a morena chegou na casa que estava morando com o amigo.

- E aí? Como foi seu dia?- foi a primeira coisa que o loiro falou ao vê-la.

- Terrível!- exclamou- Encontrei com o Rafael.

- O que?- perguntou alarmado- Onde?

- Na porta do escritório- suspirou e se jogou no sofá- Aparentemente, alguém contou pra ele que eu vim morar o você por um tempo.

- Só a Mari e o Danillo que sabiam, não?- ela assentiu com a cabeça- Eu vou arrancar a língua deles.

- Bom, o pior já passou. Ele já veio tirar satisfações e falar um monte de merda.

- O que ele disse?

- Ah, nem vale a pena repetir. Parece que eu to conhecendo um novo Rafael agora- suspirou- Não tá parecendo nada com o cara que eu me apaixonei.

- Você ainda gosta dele, né?- acariciou o cabelo dela.

- Sim, não é algo que vai sumir tão fácil. Mas ele tá ajudando sendo um idiota- riu olhando para o amigo- Um dia eu vou ficar livre.

- Tomara que o mais rápido possível- beijou a testa dela- Preparada pra ir fazer compras comigo amanhã?

- Claro. Vou te ensinar como se mantém uma casa de ser humano- brincou- Por que você não tá conseguindo movimentar o pescoço?

- Acho que eu dormi de mal jeito ontem- massageou o local.

- Foi minha culpa?- perguntou preocupada.

- Um pouco- revelou a fazendo arquear as sobrancelhas- Não to acostumado a dormir com uma mulher do meu lado e não acontecer nada.

- Ah, então você ficou animadinho?- falou rindo.

- O que? Não- gaguejou um pouco- Não é isso, é que...

- Eu to zoando, bobo- deu um tapa nele- Não se assuste se algum dia eu te agarrar no meio da madrugada. Costumava fazer isso com o finado.

O homem não sabia se ria da forma como ela se referiu ao ex-namorado ou se ficava mexido pelo que ela havia lhe dito.

- Agarrar como?- questionou.

- Eu agarrava ele com vontade de transar mesmo- falou rindo- Você pode ser que eu só abrace, mas não se preocupe, vou me controlar.

- Que isso, linda? Pode me abraçar, tá doida?- pegou a mão dela e beijou.

- Você é todo fresco pra dormir, não quero te incomodar.

- Você não incomoda. Pode me abraçar a vontade.

- É ruim ser solteira, viu?- suspirou.

- Eu não acho. Posso sair com quem eu quiser sem me preocupar.

- Ah, mas eu não tenho essa habilidade. Não saio à noite, não sei paquerar. Não sei como vou fazer pra conseguir beijar na boca de novo- deu uma risada.

- Deixa de ser besta, menina- bateu na coxa dela- Você é linda, não precisa nem paquerar para os homens te quererem.

- Só você pra levantar a minha autoestima mesmo- brincou virando a cabeça e olhado nos olhos verdes do homem- Acho bom você não dar sopa porque algum dia eu posso estar muito na seca e agarrar você.

- Cala a boca- disse rindo- Nós vamos achar uma forma de levar de volta para a pista. Não se preocupe.

- Eu não to nada preocupada- apesar de ser muito transparente, Breno não conseguiu identificar o que havia naquele olhar que ela lhe lançava naquele momento.

Eles ficaram olhando nos olhos do outro com um pequeno sorriso nos lábios. Ambos não imaginavam, mas algo maior estava por vir.

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