Capítulo 29

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  Passou-se uma semana desde os últimos acontecimentos, e nesse tempo, os amigos acabaram ficando ainda mais carinhosos que o normal. Eram raras as vezes que se afastavam sem antes dar um selinho, e, quando se sentavam juntos no sofá, seja pra conversar ou ver um filme, o homem acariciava o rosto da amiga como se quisesse conhecê-lo com a ponta de seus dedos. Ele percorria o nariz, e adorava passar o dedo indicador pelas sobrancelhas muito bem desenhadas da mulher. Já Paula não se cansava de dar cheiros no loiro, cada vez que passava por ele na casa, dava um cheiro em seu pescoço, costas, peito... qualquer lugar que estivesse em seu alcance. A declaração de Breno na semana anterior havia sido como uma libertação de correntes para eles, parecia que tudo havia ficado ainda mais leve do que antes.

- Já tá indo?- Breno perguntou vendo que a amiga desceu apressada as escadas enquanto abotoava a blusa.

- Hoje eu tenho que entrar mais cedo, e eu tinha esquecido completamente isso- suspirou e pegou a caneca do amigo tomando o líquido preto de dentro.

- Não se apressa tanto- riu pela forma como a morena praticamente corria pela casa.

- O ônibus não é tão rápido até lá, e o próximo sai daqui há alguns minutos- explicou.

- Eu te levo- a puxou pelo braço quando ela passou por ele e a fez se sentar em suas pernas- Nem me deu bom dia- fez um bico.

- Bom dia- disse com a voz ofegante e deu um sorrisinho, logo segurando o rosto do outro entre as mãos e danos alguns selinhos em seus lábios- Tem certeza que não vai perder tempo me levando?- acariciou a barba dele.

- Não- cortou um pedaço de queijo e levou até a boca da mulher- Faltam só alguns mínimos detalhes do projeto, aí eu envio pra ele e hoje mesmo ele vai ter uma reunião pra apresentar, aí, se tudo der certo, ele já vai depositar a minha grana- sorriu olhando nos olhos castanhos.

- Então quer dizer que vamos ter comemoração?- disse animada e bateu palmas.

- É... quer dizer, não tem como ter algo errado. Eu dei meu sangue nesse projeto- deu de ombros.

- Você é o melhor arquiteto que eu conheço- segurou o rosto dele com as duas mãos e deu vários selinhos.

- Eu sou o único arquiteto que você conhece, boca de sacola- disse rindo entre os beijinhos que a amiga dava.

- Isso é verdade- deu uma risadinha- Mas eu sei que você é perfeito em tudo que faz- pode ver um brilho diferenciado nos olhos da morena.

- Você também, linda- sentiu seu coração acelerar e ficou sorrindo enquanto acariciava o rosto da amiga e olhava em seus olhos- Eu já disse o quando adoro o seu olhar?- viu o brilho se intensificar- Você é muito transparente.

  - É uma merda isso, né?- fechou os olhos e negou com a cabeça.

  - Não é- riu segurando um lado do rosto da amiga- Eu gosto de olhar no seu olho e ver o que você tá sentindo.

  - Já você é totalmente um enigma pra mim- disse arqueando-se as sobrancelhas- Você pensa demais, moço.

  - Eu sei, mas sempre que eu to com você, só penso em coisas boas- passou o polegar pelo lábio dela.

  - O que você tá pensando agora?- esperou que viesse alguma safadeza, mas a frase a surpreendeu.

  - Que eu to completamente ferrado na sua mão, garota- negou com um pequeno sorriso nos lábios- Eu não sei exatamente como é esse sentimento, mas tenho quase certeza que to sentindo isso por você.

  Paula sentiu seu coração acelerar e resolveu fazer uma brincadeira.

  - Tesão?- riu de nervoso.

  - Parecido- a acompanhou, mas logo ficou sério e olhando fixamente nos olhos- Eu...

  - Acho que já tá na hora de ir- interrompeu o loiro e olhou para o relógio, logo se levantando de seu colo e pegando a bolsa- Pode ir lá pro seu projeto que eu pego um Uber.

  - Jamais, Paulinha- ele se levantou também e pegou a chave de seu carro e sua carteira- Vamos- se dirigiu para a porta, sendo seguido por uma Paula trêmula.

  Eles adentraram o carro e ficaram em silêncio enquanto o loiro ia até o trabalho dela.

  - Bom trabalho, te vejo em casa- falou ao estacionar o carro em frente ao prédio.

  - Tá, obrigada- deu um pequeno sorriso e pôs a mão na maçaneta.

  - Paulinha- a mulher direcionou o olhar para o homem e ele segurou seu rosto dando vários selinhos seguidos em seus lábios- Depois a gente sai pra comemorar a bolada que eu vou ganhar, ok?- sorriu.

  - Tá bom- ela sentiu seu coração aliviar um pouco e sorriu novamente saindo do carro.

  Quando chegou no seu local de trabalho, a recepcionista a abordou.

  - Hey, como ficou o assunto com seu amigo, afinal? Ele não gostou de mim?- mordeu o lábio inferior nervosa.

  Paula se questionou se deveria jogar o amigo nos braços da colega ou se deveria admitir para si mesma o que estava acontecendo.

  - Na verdade ele gostou de você- sorriu- Só que ele disse que resolveu sossegar. Tá comprometido agora- deu um sorriso simpático e se dirigiu até sua sala sentindo seu coração leve por saber que a escolha que havia feito era a correta.








  Enquanto voltava para a casa, Paula pensava em tudo que estava sentindo. Era confuso ainda para ela esse monte de sentimento já que, mesmo tendo ficado anos com Rafael, nunca sentiu algo tão intenso assim. Era estranho ainda o fato de ela estar interessada por outra pessoa, já que seu foco por anos havia sido no mesmo cara. Mas ela sentia que algo muito bom podia sair dali, então resolveu se jogar e deixar rolar.

  Entrou no condomínio e, quando abriu a porta da casa, pode ver o homem sentado no sofá com uma camisa polo, um sapatênis a uma calça jeans, demonstrando que tudo havia ocorrido bem e eles iriam sair para comemorar, mas esse não era seu foco no momento.

  - Oi- ele sorriu para ela, um sorriso diferente do que ela estava acostumada a ver. Mas um diferente bom.

  - Oi- a mulher largou a bolsa no chão e se aproximou do sofá montando no colo do homem e o abraçando o mais forte que conseguia.

  - Eu adoro quando você faz essas coisas do nada- falou rindo enquanto a apertava entre os braços.

  - Me desculpa por interromper o que você estava falando hoje de manhã- ela disse afastando o abraço e olhando nos olhos dele- É só que... eu imagino o que você ia dizer e... eu fiquei com medo de tornar isso real.

  - Você tá com medo de eu ter criado sentimentos por você?- perguntou tentando entender.

  - Não... fiquei com medo de admitir tudo o que tá rolando entre nós- mordeu o lábio inferior- Eu sei que parece confuso, mas... eu quero ouvir o que você ia falar. Por favor- sentiu sua respiração acelerar enquanto o homem a olhava em silêncio- Por favor- sussurrou a última frase.

  Breno levou as duas mãos até o rosto da mulher e segurou com força, olhando em seus olhos com um brilho mais intenso do que o normal.

  - O que eu to sentindo por você, é algo que eu nunca vivenciei. Você sabe que eu nunca me relacionei sério, né?- ela assentiu com a cabeça- Também é confuso pra mim tudo que a gente tá vivendo, mas eu tenho uma certeza, Paulinha- puxou seu rosto para mais perto do dele enquanto sentia a morena cravar as unhas em seu peito, nervosa, esperando o que estava por vir- Eu to completamente apaixonado por você, Paula, e eu nem sei em que momento aconteceu.

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