O amor independente do tipo sempre foi a maior riqueza que o ser humano poderia ter, porém, lamentavelmente outros sentimentos não tão belos assim sempre falaram mais alto e esse sempre foi o maior defeito da humanidade.
Um barulho logo chegou aos seus ouvidos, mas dessa vez não havia tempo para pensar sobre a origem do som ou ponderar a situação, somente correu pelo corredor escuro.
Abriu a primeira porta, seu coração ameaçava parar, aquele era o quarto das duas irmãs e estava vazio. O barulho novamente pode ser escutado por Nara, sabia que precisava correr. A segunda porta do corredor já se encontrava aberta, era o quarto de seu pai, ele estava da mesma forma que havia deixado da última vez que havia passado ali. Só restava uma porta; um lugar para procurar, desejava mais que tudo que ela estivesse ali. Sentia que era sua culpa, não poderia ter sido tão descuidada, era a segunda vez que estava falhando com sua irmã.
Suas mãos tremiam quando empurrou a porta que se encontrava entreaberta, seu olhar vasculhou a cozinha, o armário de compras que era de ferro se encontrava amassado, louças quebradas estavam espalhadas pelo chão.
— Shayene?! Não brinque comigo, você está aqui escondida, não está? — perguntou com a voz falha, sua irmã tinha que estar ali era o único lugar restante.
Nenhuma resposta foi feita, não podia acreditar nisso, entrou no cômodo, tinha esperanças dela estar escondida em um canto ali. Parou no meio da cozinha, além dos móveis de sempre nada existia no lugar, quando a esperança já abandonava seu corpo e o desespero estava preste a tomar a si, o som de uma respiração chegou aos seus ouvidos, olhou para todos os lados mas não encontrou ninguém.
Parou e tentou escutar melhor, talvez, quando percebeu de onde era originado o som já era tarde demais. Olhou para o teto, o som vinha de lá, um homem com quase o dobro de seu tamanho se encontrava no teto, parecia uma aranha no modo que permanecia no alto sem segurar em nada, seus pés e mãos pareciam estar colados na parede e sua cabeça virada para as costas, nenhum humano faria aquilo.
Em um instante não havia mais ninguém grudado no teto, o homem havia se jogado com uma força desumana pra cima da menina, talvez por sorte ou por instinto de sobrevivência ela se esquivou e por um um milésimo do segundo seu corpo não foi esmagado. Ele começou a se contorcer, mas Nara não podia perder tempo, o tempo era seu inimigo naquele momento, rapidamente levantou a arma e atirou , mas sua mira foi falha, não chegou nem perto de acertar. O homem já parecia um humano novamente, seus ossos pareciam não existir de tão articulável que era, eles não eram mais seres comuns, eram monstros. Talvez o ditado que dizia que os monstros na verdade eram pessoas nunca esteve tão certo. Outro tiro foi disparado.
— Me faça rir garota, nem uma arma você sabe usar. Mas isso não importa, agora é minha vez de jogar.— disse ele com uma voz que fez a menina tremer.
Em um instante ele estava em cima da menina, seu corpo era pressionado contra o fogão, a força dele era enorme. Ela não conseguia mexer seus braços, precisava sobreviver. Ele gargalhava da situação, não pensaria duas vezes em a matar, ela percebeu que ele a faria sofrer antes disso.
Em um ato desesperado atirou no pé do homem, era único lugar que conseguia naquela situação. Ele a largou por uns instantes encarando seu pé mas parecia não sentir dor e sim ódio. Com a distração ela correu e pegou a faca que estava em cima de um armário, precisava ser mais inteligente que ele, escondeu a faca na manga do casaco e esperou. Deixou os braços para frente, tentava se fazer de vítima, precisava arriscar tudo, era sua única chance. Em poucos segundos o homem estava em cima dela novamente, mas dessa vez ele não veio despreparado. Em poucos segundos ela estava sendo enforcada com algum fio que desconhecia a origem, o ar já não entrava em seus pulmões, tossia, não conseguia mexer a faca. Com esforço encarou o homem, suas feições era de alguém que sofreu muito na vida mas isso não importava agora, era sua vida que estava em jogo.
— Você não sabe matar, essa morte é tão rápida, nem te dara prazer, você é um tolo!— exclamou ela com a voz falha enquanto tentava escovar um sorriso.
Ele a encarou com fúria, parecia pensar no que ela havia dito, a menina rezava para ele ser tolo o bastante de cogitar sua ideia, e por sorte ele foi. O homem afrouxou o aperto enquanto olhava para todos os lados, parecia estar em busca de uma forma de lhe dar uma morte mais brutal. Com rapidez ela puxou a faca e enfiou em sua barriga, ele caiu, ela sabia que aquilo não o mataria, enfiou a faca diversas vezes. Estava sendo fácil demais, porém ela não ligou para isso. Quando os olhos do homem se fecharam ela se levantou, tinha que ir atrás de sua irmã. Enquanto caminhava já próximo ao corredor, sentiu somente a dor de algo sendo enfiado em sua perna.
A faca foi enfiada em sua perna, seu sangue já coloria o chão, havia sido tola ao ter deixado a mesma na enfiada na barriga do homem.
A risada dele ecoava pelo local, estava quase morto mas ver o sangue dela jorrar da facada que ele havia dado, fazia tudo valer a pena para ele.
Sem se importar com a dor, pois já sabia o que significava, se virou para ele e com um movimentos rápido disparou em sua cabeça. Sangue respingo por todos os lados, era a primeira morte que causava, aquilo nunca sairia de seus pesadelos. Estava em um jogo de sobrevivência onde não aceitaria perder.
Seu sangue escorria sem cessar, sabia que precisava parar o sagramento, sem muita demora puxou a faca para fora, um grito ficou preso em sua garganta. Com um pano de prato estancou o sangue da melhor forma que conseguiu, era a hora de ir atrás de sua irmã, não encontrou seu corpo em lugar algum, o que significava que não estava morta.
Voltou ao porão somente o corpo da mulher estava lá, vasculhou novamente os quartos, olhou os banheiros rapidamente apesar de sua perna doer a cada passo, mas ela não estava em lugar nenhum.
Estava a ponto de sentar e se lamentar pelo resto da vida, quando um barulho rompeu o silêncio e chegou aos seus ouvidos. Pensou ser outro deles para tentar a matar, dessa vez não lutaria, tinha prometido para si mesma que lutaria até o fim, que não desistiria, que sobreviveria apesar de tudo, mas sua irmã não estava ali, nada fazia sentido, não valeria a pena viver sem ela.
Por minutos não se moveu, somente esperou enquanto chorava se lamentando pela perca de sua irmã, estava sendo uma fraca admitia, mas o munda já havia acabado para ela. O barulho não parava e aquilo a irritava, cansada de ouvir aquilo e nada acontecer, se levantou e buscou o som. Com passos lentos caminhou até a cozinha o som aparentava vir de lá, o corpo do homem permanecia no chão com os miolos estourados, não entendia, não havia nada para originar o barulho. Quando o escutou novamente, caminhou até o lado oposto ao que o corpo do homem se encontrava inerte, e esperou. Quando percebeu que o som vinha de dentro do armário amassado, pensou ser um rato ou algum bicho arranhando a porta, porém, um som de um choro quase inaudível pode ser escutado por ela, ao ouvir aquilo seu coração começou a bater tão rápido que parecia que iria parar a qualquer instante.
Rapidamente se abaixou e começou a tentar abrir a porta, tentou falar algo diversas vezes mas a voz parecia ter sumido, a porta estava muito amassada, não conseguia abrir.
Correu até chegar ao quarto de seu pai iniciando uma procura frenética por algo que pudesse a ajudar, única ferramenta que achou foi uma chave de fendas. Correu de volta a cozinha, esperava que aquela simples ferramenta ajudasse. Por sorte, talvez, prestou atenção nos parafusos que ficavam na lateral do armário prendendo a porta. Sua mão tremia enquanto tentava os retirar, várias vezes a ferramenta caiu de suas mãos, até que por fim retirou todos. Rapidamente voltou para frente a porta, com uma força que não sabia de onde tirou conseguiu arrancar a porta, o que seus olhos viram fizeram lágrimas começarem a banhar seu rosto.
— Eu não acredito.— sussurrou.
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Ganância - O início do fim
Science FictionApós o seu pai se tornar o primeiro carnificiendo. Nara e a sua irmã, Shayene, se veem ao lado de um grupo de cientistas, precisando lutar para sobreviver num Apocalipse ao qual os filmes de terror não haviam os preparados. Não lutavam contra zumbi...