capítulo 8

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A ganância é capaz de roubar qualquer resquício de humanidade de um ser.

Os sons dos passos estavam no corredor, o barulho da maçaneta sendo girada chegou aos seus ouvidos, tentavam abrir a porta. Rapidamente Nara escondeu a arma no cós de sua calça, se fosse pega não poderia dar na cara que a tinha, precisava entender primeiro com quem estava lidando.

— Me ajudem a arrombar!— alguém gritou do lado de fora do quarto.

Nara temia por sua irmã, sabia que não seria difícil eles invadirem.

Após as incessantes batidas contra a porta, um som alto ecoou pelo local, sabia que a porta foi arrombada, o guarda-roupa provavelmente havia ido ao chão. Olhou para a direção da porta, o móvel estava sendo arrastado para o canto, eles estavam ali, agora só lhe restava rezar.

—Tem alguém aqui, vasculhem tudo!—alguém ordenou.

Nara se encolheu, os passos iam de um lado para o outro, até que uma risada ecoou pelo local em poucos segundos estava sendo arrastada pelos cabelos.

—Olhem o que encontrei!—um homem alto disse em meio as gargalhadas enquanto a puxava de debaixo da cama e a jogava com força no chão.

Rapidamente Nara levou seu olhar ao guarda-roupa, continuava trancado, um alivio a invadiu.

Resolveu então analisar os homens que ali estavam, o que havia a puxada era um homem mediano, estava acima do peso, uma enorme barba desgrenhada desenhava seu rosto, ele a encarava com nojo, só de olhar era possível perceber o quanto ele era um homem repugnante.
O segurando era um homem careca, alto, seu corpo era forte , cheio de músculos, mas era evidente que eram resultado de bomba, sua expressão era fria, era possível ver em seu olhar que estava se segurando para não a matar.

Mas o que chamou atenção da menina era o terceiro homem, ele era jovem, não deveria ter mais que vinte ano. Possuía estatura alta, mas o que a incomodou era seu olhar, seu olhar era triste, encarava tudo, menos ela. Todos possuíam armas, seria impossível ela lutar contra, sabia que se fizesse qualquer movimento que poderia ganhar um tiro.

—Vocês são carnificiendos?—ela perguntou, já sabia a resposta mas precisa distrair eles, não podia deixar eles encontrarem sua irmã.

—Não seja tola garota, já teríamos a matado sem nem pensar duas vezes.— o barbudo falou.

Aquilo era uma justificava que qualquer carnificiendo poderia dar antes de a matar, porém ao ver tantos sentimentos nos olhos deles, sabia que aquilo significava humanidade, apesar de não serem sentimento bons.

— Então o que querem?

—Roubar, isso é bem óbvio guria.—respondeu o homem careca enquanto gargalhava, eles eram cruéis, talvez até mais que os carnificiendos , isso era evidente.

—Reviste ela kyon.— o homem barbudo ordenou.

O rapaz que até agora não havia falado nada, sem ao menos levantar o rosto caminhou até ela.

—Levante.— ele pediu, ela reconheceu sua voz, era o primeiro rapaz que havia falado enquanto batiam na porta da sala.

Rapidamente ela se levantou, queria acabar com aquilo logo, queria que eles saíssem dali.
Ele a analisou seu corpo de cima a baixo com o olhar, quando escondeu a arma no cós da calça ela achou uma ótima ideia pois sabia que sua blusa larga a esconderia, porém agora não fazia mais diferença.

O primeiro local que ele apalpou foi diretamente onde estava a arma, ela sabia que ele havia a descoberto, mas ele continuou revistando o resto de seu corpo.

— Está limpa! — Kyon avisou para os outros caras.

— Traga ela, vamos voltar para sala.— ordenou o homem careca .

Kyon lançou um olhar estranho para Nara, era a primeira vez que ele a encarava de fato, ela não confiava nele, ele não contou aos outros sobre a arma , mas mesmo assim não conseguia acreditar que ele era bom.

Ao chegar na salar tudo estava revirado, um homem se encontrava lá, diferente dos outros esse realmente lhe causava medo. Ele era extremamente alto e forte, várias cicatrizes se encontravam em seu rosto e braços.

—Amarre ela Zaion!— ordenou o homem, sua voz era tão intimidadora quanto sua aparência.

Logo o homem careca começou a ir na direção de Nara.

—Deixe que eu cuide dela, vá procurar algo.— disse kyon entrando na frente dela.

—Tanto faz, não queria perder meu tempo com essa pirralha mesmo.— falou Zaion virando as costas e entrando no corredor contrário do que ficava o seu quarto.

Kyon a puxou até uma cadeira, de sua mochila tirou várias cordas, rapidamente amarrou seus pés junto das pernas da cadeira, puxou seus braços para trás os contornando as costas da cadeira. Aquela era uma posição extremamente desconfortável e amarrou suas mãos, mas nada Nara fazia, por último ele colocou uma mordaça em sua boca.

—Colabore garota, não quero lhe causar mal.— sussurrou ele , no ouvido dela.

Logo ele se juntou aos outros andando pela casa.

— Que droga! não há nada de bom nessa casa.— uma voz gritou.

Nara não conseguia acreditar ainda que aquilo estava acontecendo, no meio do fim do mundo, inúmeras pessoas haviam se tornando carnificiendos ,outras inúmeras foram mortas e a ganância deles ainda falava mais alto. Tentava entender, mas era impossível, como isso os ajudaria em algo no meio do caos em que se encontravam? Em nada! não existia mais dinheiro, quase nem existia pessoas e mesmo assim eles continuavam cometendo o mesmo erro que os levou a tudo isso, a ganância. No fundo ela sentia pena deles, eram tão tolos, nem poderiam ser chamados de humanos, humanidade era tão inexistente neles quanto nos carnificiendos.

Foi acordada de seus devaneios quando gritos chegaram aos seus ouvidos.

Algo estava errado; muito errado.

Ganância - O início do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora