Capítulo 20

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O primeiro golpe não foi feito por Stevan, porém deveria ter sido, ele teve uma chance de começar com alguma vantagem mas foi tolo. Ganhou um soco tão forte em sua face que por segundos não enxergou nada.

— Já vai desistir? Te aconselho a fazer isso mesmo, pelo menos vai ter chance de ficar vivo enquanto observa seus amigos apanharem.— o homem disse gargalhando.

— Você não vai tocar neles!— Stevan gritou após cuspir sangue.

Isabel segurava a mão de Rodheriqueson, estava tremendo de tanto nervosismo e preocupação, não podia perder Stevan, não tinha ninguém no mundo além dele.

Shayene sabia que ele iria perder antes mesmo dele entrar no ringue, era orgulho demais, se achava demais, confiante demais e esse foi seu erro.

Stevan tentava inutilmente acertar um golpe contra o carnificiendo, porém ele desviava com destreza.

Jeremy assistia aquela cena achando tudo lamentável, pela primeira vez em muito tempo não tinha nem forças para fingir um sorriso e dar esperanças aos outros, pois naquele momento nem sabia se ele mesmo tinha.

Nara observava tudo atentamente, havia aprendido em algum livro que antes de entrar em uma luta deveria entender a forma que seu oponente lutava, naquele instante estudava Teobaldo.

Quando Stevan conseguiu acertar um golpe no carnificiendo logo escutou o mesmo gargalhar.

— Isso não faz nem cócegas, franguinho.

Naquele instante ele percebeu que durante todo esse tempo o carnificiendo só estava brincando com ele. Teobaldo não tentava o acertar, não fazia nada, somente desviava e sorria, ele nem estava fazendo esforço.

Stevan desejava ter sua arma naquele instante, luta corporal nunca foi seu forte.

Quando conseguiu desferir um forte soco no rosto do carnificiendo recebeu outro mais forte ainda. Os anéis nas mãos do homem causaram vários machucados em sua face, se ganhasse mais alguns tinha consciência que iria ficar com o rosto deformado.

Por alguns minutos Stevan continuou tentando usar os mais variados tipos de golpes, porém todos foram em vão, nada surtia muito efeito, porém em contrapartida todos os golpes que recebeu fizeram seu rosto e braços ficarem cheios de cortes.

— Ele desiste.— Rodheriqueson gritou. — Eu irei agora.

— Nem venha com essa.— Stevan rebateu.

— Agora não tem mais volta.— Gael falou.— Se ele disse que você desistiu, você desistiu e fim. Agora desça dai se não estão todos mortos.

Stevan sentiu que havia falhado e aquela sensação foi devastadora, ignorava a dor dos cortes e machucados, não ter salvado seu grupo na primeira oportunidade lhe doía mais; muito mais.

Quando desceu do ringue encarou Rodheriqueson com raiva, não queria ver ele tendo que lutar pela sobrevivência da equipe.

— Está com o ego ferido?— Shayene o perguntou quando ele parou próximo a ela.

— Cale a boca, pirralha. — ele resmungo, até falar fazia seu rosto doer.

— Uma simples pergunta lhe ofende?— ela indagou o analisando. — Você deveria aprender a ser menos confiante, ninguém chega a lugar nenhum com tais atitudes. Se lembre: Quem voa muito alto cai.

— Que sentido tem isso?— ele perguntou sem paciência.

— Que sempre que você colocar seu ego acima das situações, se considerar o invencível, você vai cair e em algumas vezes será difícil levantar, ou até impossível. Mas eu estarei lá para lhe dizer que eu avisei.— falando isso ela virou o rosto e começou a observar a próxima luta.

Stevan nunca admitiria, mas naquele instante o que aquela garota lhe disse o atingiu em cheio.

Rodheriqueson tinha habilidade com luta corpo a corpo, porém tinha consciência de que nunca seria mais forte que um carnificiendo, mas sabia ainda mais que precisa ser; precisava ser mais forte por ele e por todos.

— Olha só, o segundo franguinho veio tentar a sorte.— Teobaldo zombou.

Rodheriqueson era quase tão alto e forte quanto o homem, se fosse alguém comum teria facilidade em derrubar, mas ele não era, e mesmo assim daria seu melhor.

— Venha depenar o franguinho então, se conseguir aproveita e faça uma canja.— ele falou abrindo um sorriso debochado, o que surpreendeu tanto o carnificiendo quanto o restante de sua equipe que nunca havia visto ele agir assim.

O carnificiendo se enfureceu e tentou o acertar, era isso o que desejava, com habilidade se esquivou e desferiu um forte em seu queixo, fazendo a cabeça do carnificiendo se chocar para trás. Sem perder tempo começou a desferir outros golpes, mas nada parecia fazer o homem se abalar a ponto de conseguir ganhar.

Logo um soco abriu um longo corte em sua bochecha lhe causando uma dor terrível. Reunindo toda sua força se jogou contra o homem e os dois começaram a rolar pelo chão. Socos eram trocados a todo instante, Rodheriqueson teve mais progresso contra ele do que Stevan.

Teobaldo sabia dos estragos que seus anéis poderiam fazer e naquele instante usou isso ao seu favor. Deu vários socos na barriga de Rodheriqueson fazendo o mesmo urrar de dor.

— Ele desiste!— Isabel gritou angustiada.

— Não! — Rodheriqueson gritou também, mas de nada adiantou, Teobaldo saiu de cima dele com um sorriso triunfante.

— Que venha o próximo! — o carnifiendo exclamou gargalhando.

Rodheriqueson se levantou com dificuldade e saiu do ringue encarando Isabel com decepção.

— Eu sou a próxima. — a menina anunciou para o grupo.

— Não, nem pense nisso.— Stevan falou.

— Você sabe que depois de vocês eu sou a que tem mais capacidade.

— Você não pode ir, eu não posso deixar. Eu não aguentaria ver você se machucando.— Stevan falou atordoado.

Nara observou sua reação, a última hora estava sendo uma surpresa, Stevan não tinha mais aquela máscara de pessoa má e sem sentimento. Percebeu que ele e Isabel tinham alguma ligação, só ainda não entendia em que sentido.

— Eu sou a próxima! — Nara gritou para que todos pudessem escutar, há alguns minutos já havia decidido isso, só precisava de coragem.

— Agora sim as coisas estão ficando mais interessante.— Teobaldo falou.

— Você não pode fazer isso.— Jeremy protestou, mas ela ignorou sua fala.

— Gael, depois de entrar no ringue não podemos sair mais para nada a não ser caso haja desistência, certo?— ela perguntou.

— Isso mesmo, garota.

— E nesse vale tudo, vale realmente tudo menos armas, não é?

Stevan logo prestou atenção nas suas perguntas, percebia que ela tinha planejado algo.

— Sim e pare de enrolar. — Gael resmungo.

Ela se virou para sua irmã e lhe disse uma frase em libras, ambas conheciam a linguagem de sinais. Shayene somente assentiu, confiava nas decisões de Nara.

A menina se preparou para ir em direção ao ringue quando alguém segurou seu braço.

— Boa sorte e obrigada.— Stevan sussurrou em seu ouvido, ela sentiu alívio na voz dele.

Nara não conteve um pequeno sorriso, o tão confiante Stevan lhe agradecia por estar se jogando na cova dos leões ao invés de Isabel, que irônico.

Quando se aproximou do ringue pegou um pedaço de madeira, aparentemente bem resistente, que estava próximo. Sem pensar duas vezes subiu com ele no ringue.

— Para que isso, garota?— Teobaldo perguntou.

— Para nada, querido. Está com medo de um simples pedaço de madeira? Isso não é nenhuma arma.

Nara tinha tudo planejado, analisou a forma que ele lutava e princialmente seu ponto fraco, nem os carnifiendos estavam isentos de ter um.

Ganância - O início do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora