Quando Nara se colocou diante de Teobaldo todos perceberam a enorme diferença entre os dois. Ele era muitos centímetros maior que ela, mais forte, mais impotente, ela parecia um pequeno rato prestes a ser atacado por um leão.O mais impressionante para todos, principalmente para Stevan que ignorava a dor que sentia para prestar atenção na luta, era que ela não demonstrava medo, insegurança, ou qualquer coisa do tipo. Sua postura, olhar, sorriso no rosto transmitia uma confiança enorme, tão grande ou maior que a dos carnifiendo e aquilo realmente era intrigante.
Nara poderia dizer que realmente estava tão confiante quanto demonstrava, mas isso seria somente uma enorme mentira, aliás não seria louca de entrar em uma disputa com tamanha confiança. Isso seria um erro fatal. Se alguém prestasse bastante atenção perceberia um leve tremer em seu queixo, estava nervosa e com medo.
— Eu lhe conheço garota, pode ter se passado muitos anos, mas seu rosto continua o mesmo. E será gratificante acabar com você hoje. — Teobaldo falou e naquele momento ela teve certeza sobre quem ele era.
Então ela gargalhou, gargalhou de forma tão sádica e com um timbre tão rouco que nem parecia humano.
— O tempo sempre faz as pessoas se reencontrarem para arcarem com as consequências e hoje você pegará por aquele dia.
O grupo de Nara não conseguia entender nada, mas naquele instante ele perceberam que ela não era somente a menina inocente e bondosa que aparentava ser.
Ela esperou, precisava esperar o momento certo para realizar seu plano. Mas Teobaldo também aparentava esperar a chance perfeita para acabar com ela de uma vez só.
O problema era que paciência nunca foi uma de suas maiores qualidades, cansada ela deixou o pedaço de madeira em pé, sendo escorado em sua perna para não cair. E levantou as mãos as levando a cabeça, logo começou a fazer um coque, não se importava com nada e nem ninguém além de seu cabelo.
— Você está louca? Vai morrer, otária!— Stevan gritou enfurecido com a cena em sua frente.
— Nara, preste atenção! — Jeremy pediu preocupado.
Ela simplesmente os ignorou.
Shayene sorria ao esperar o desfecho da luta, se sentia orgulhosa da ousadia de sua irmã, não esperava uma atitude assim dela.
Nara resmungava com si mesma sobre a dificuldade de prender o cabelo, nem ligava para o som rápido de passos em sua direção.
Todos imaginavam um final trágico para Nara, aliás diferente dela, eles observaram Teobaldo correr em sua direção. Mas no último segundo algo inesperado aconteceu.
"Eles acham que sou uma tola suicida" Nara pensava enquanto encarava o chão e prendia o cabelo encaracolado. Ela escutou os sons dos passos em sua direção, no momento em que o carnifiendo estava a poucos centímetros de lhe acertar ela se mexeu. Com uma rapidez que surpreendeu até si mesma pegou a madeira, se esquivou para não ser atingida por um soco e desferiu um forte golpe contra a perna esquerda dele.
Nara não era burra a ponto de entrar em uma luta onde sua derrota estava clara, havia estudado cada movimento do carnifiendo, ele sempre usava a perna direta como apoio, e tentava esconder que mancava com a esquerda, provavelmente tinha algum ferimento na esquerda, mas isso ainda não significava sua vitória.
Quando o homem caiu para o lado ela se jogou em cima dele com rapidez colocando o pedaço de madeira contra seu pescoço e foi nesse momento que os tiros começaram.
Shayene havia entendido perfeitamente o que Nara queria a dizer através da linguagem de sinais. "Quando eu estiver no chão com ele, atirem em todos os outros. Nunca sairemos daqui vivo de outra forma. Avise ao grupo". Quando a mais nova percebeu que sua irmã seria atacada rapidamente sussurrou para seu grupo o que deveriam fazer.
Nenhum deles tinham nenhuma arma nas mãos ou coisa do tipo, aliás todos deveriam deixar as armas em um balcão na entrada da arena, mas nunca sairiam para qualquer lugar sem esconder alguma pelo corpo.
Stevan não conseguia evitar a surpresa, a garota que tanto lhe causava raiva era alguém inteligente.
Os dedos de Nara que seguravam o pedaço de madeira se encontravam esbranquiçados, usava toda sua força para forçar a madeira contra o pescoço do carnifiendo que se mexia frenéticamente. Os tiros passavam tão perto de si que se acabasse sendo empurrada para cima teria uma bala atravessando seu corpo.
Os tiros de todos eram certeiros, pegaram os carnifiendos de surpresa, tanto que eles nem tiveram tempo para revidar. Se fizessem isso em outra oportunidade, não tendo a luta de Nara como forma de tirar a atenção dos carnifiendos deles, teria tudo dado errado.
Eles pararam de atirar quando perceberam todos no chão, um grande erro.
Gael, que até então parecia estar morto, se levantou e com uma arma em punhos apontou para a cabeça de Nara, que ainda permanecia em cima de Teobaldo.
— Ou vocês largam essas armas ou ela morre!— ele gritou, sangue escorria de um tiro que foi dado contra seu peito, e que infelizmente não acertou o coração.
Jeremy foi o primeiro a abaixar a arma, Shayene já nem tinha uma.
— Andem logo seus idiotas, se não fossem ruins de mira não estaríamos passando por isso.— Shayene resmungo.
— Eu não vou fazer isso.— Stevan respondeu.— Se fizermos isso vamos morrer de qualquer jeito!
— Mas iremos morrer sem ter a morte de alguém causada por nossas atitudes.— retrucou Rodheriqueson e jogou sua arma no chão, logo Isabel fez o mesmo.
Shayene percebendo que Stevan não largaria pegou a arma que Jeremy tinha no chão e apontou para ele.
— Eu não me importo em ter sua morte pesando em minha consciência. Joga logo no chão!— ela exclamou enraivecida, era a vida de sua irmã que estava em jogo.
Stevan não deu o braço a torcer e por fim um tiro foi feito, miolos e sangue foram tudo o que puderam ver.
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Ganância - O início do fim
Science FictionApós o seu pai se tornar o primeiro carnificiendo. Nara e a sua irmã, Shayene, se veem ao lado de um grupo de cientistas, precisando lutar para sobreviver num Apocalipse ao qual os filmes de terror não haviam os preparados. Não lutavam contra zumbi...