capítulo 10

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Ás vezes, coisas boas acontecem em meio as tormentas para nos dar força para continuar lutando.

Quando recobrou a consciência não conseguia entender onde estava, sua visão demorou alguns segundos para se estabilizar. Sua cabeça doía, aos poucos conseguiu se lembrar dos últimos acontecimentos e isso só lhe deixou mais perturbada.

Se encontrava deitada em uma cama, era o quarto de seu pai, mas nem parou para se perguntar como foi parar ali, sua irmã era única coisa que se passava em sua mente naquele instante. Quando em um impulso levantou da cama uma dor enorme atingiu seu corpo, havia esquecido de sua perna. Resolveu ignorar a dor, não entendia o que estava acontecendo mas precisava encontrar Shayene.

Quando estava próxima a girar a maçaneta da porta, alguém realizou o ato antes e entrou no quarto. Nara deu alguns passos para trás, não podia confiar, sua mente gritava que era um carnificiendo, não conseguia compreender como ainda estava viva.

Uma menina alta entrou no quarto, seus cabelos curtos estavam bagunçados, ela sorria para Nara e aquilo só deixava a menina mais nervosa.

—Quem é você?— Perguntou com uma mine estátua de ferro apontada para a garota.

—Abaixe isso.—pediu a mulher rindo.— Esse objeto não serve para nada.

— Cadê minha irmã?— gritou ignorando tudo que a garota havia acabado de falar.

—Ela está bem, não se preocupe.— respondeu sem esboçar reações.

—Eu não acredito em você! Se você fez algo com ela irá se arrepender!— Nara ameaçou, estava desesperada, sua cabeça e perna doiam demais, não conseguia nem pensar naquele momento.

—Você acha que sou um monstro?— perguntou a mulher com incredulidade, recebendo a resposta pelo olhar acusador da mais baixa.— Preste atenção Nara, eu cuidei de você, te fiz um curativo, até troquei suas roupas, se eu fosse um carnificiendo teria lhe matado há muito tempo; não sou como os caras que assaltaram você e sua irmã.

Nesse momento Nara parou de agir por impulso e tentou raciocinar, nem havia percebido que tinha curativos e estava com outra roupa. A menina sabia de seu nome e do que havia acontecido, não sabia mais o que pensar, resolveu dar um voto de confiança.

—Desculpa. Onde está minha irmã?

—Está almoçando.—

Nara se sentiu aliviada em ouvir aquilo, depois de tantas coisas algo bom aconteceu, mas sabia que apesar disso coisas ruins voltariam a acontecer.

—Ontem a noite, os passos que escutei então foram seus, mas quem é você?—indagou, ainda estava confusa com tudo .

— Sou Isabel e caso você não se lembre sou a mulher que atendeu o telefonema que você fez a agência secreta.— respondeu com meio sorriso.

Nara a encarou incrédula, realmente não esperava isso, tinha certeza que eles nem se importaram com sua ligação, mas ela estava ali e as salvou.

—Não fique com essa expressão, volte a cama você nem deveria estar em pé.— repreendeu Isabel, sua expressão era de preocupação e isso de alguma forma incomodava Nara.

—Não! Eu quero ver minha irmã!.—ela exclamou se exaltando .

Isabel a encarou, Nara se sentia triste por estar sendo mal agradecida, mas naquele momento isso não lhe importava muito.

—Pelo jeito nada que eu disser vai adiantar de algo, então vamos.— falou Isabel suspirando, caminhou em direção a Nara com a intenção de ajudar ela a andar.

—Não precisa me ajudar. Consigo andar sozinha.— declarou a mais baixa tentando se afastar.

— Larga de ser orgulhosa! Se você se machucar mais só irá piorar a situação, sua irmã precisa de você.— argumentou Isabel.

As palavras dela acertaram em cheio a menina que por fim se deu por vencida e aceitou a ajuda.

Quando estavam perto de chegar na sala, o coração de Nara se apertou, nesses momentos até esquecia que estava enfrentando o fim do mundo, somente queria estar com Shayene.

Ao chegar a porta lágrimas já escorriam em seu rosto, sua irmã estava lá, sentada de costas para ela; estava viva e isso era a melhor coisa que poderia ver.

—Shayene!— ela gritou.

Sua irmã se virou para ela, sem ao menos pensar Nara se soltou de Isabel e correu em direção a sua irmã, ignorou a forte dor na perna por causa do esforço.

Quando chegou perto de Shayene somente a abraçou, se agarrou nela como se sua vida dependesse daquilo, como se seu mundo fosse ela.

—Me desculpa! perdão meu amor. Eu não consegui cuidar de você, eu não consegui lhe proteger, me desculpa.— sussurrou ela enquanto chorava.

Minutos se passaram até que uma voz rouca ecoou no cômodo estragando o momento.

— Já chega dessa cena patética, não sou obrigado a assistir isso.— alguém falou.

Nara levantou o olhar e encarou quem havia falado, era o homem da reportagem, o mesmo que parecia somente se importar com sua aparência apesar de toda situação que o mundo se encontrava. Ele encarava Nara com um olhar de desprezo, nojo talvez, ela não sabia dizer o porquê, mas naquele momento teve certeza que nunca se daria bem com ele.

Talvez para muitas mulheres ele seria bonito, mas não para ela. Alto, forte, branco e com cabelo liso e negro, provavelmente um descendente de asiáticos.

— Não estou vendo ninguém obrigando você a nada.—Shayene respondeu, sempre teve uma língua afiada, mas dessa vez nem sua irmã a repreendeu.

—Eu salvei vocês, garota ingrata! Dobre essa língua para falar comigo, deveria ter as deixado morrer.— rosnou ele.

Nara se soltou de sua irmã e levantou, sua perna quase falhou, mas não iria deixar transparecer que sentia dor. Nunca aceitaria que alguém tratasse sua irmã daquela forma.

Caminhou a passos lentos até ele, em todo o momento permaneceu de queixo erguido o encarando sem ao menos desviar o olhar.

—Você!— ela exclamou apontando um dedo na cara dele.—Nunca mais trate minha irmã dessa forma! eu realmente te agradeço por ter nos salvado, mas nunca vou aceitar que se dirija daquela forma a ela, se fizer novamente você irá até se arrepender até de ter nascido.— ela ameaçou com voz firme.

Ele levantou, era bem mais alto que Nara, a encarou como se fosse a matar naquele momento.

— Então me faça se arrepender! Quero ver se uma menininha como você tem coragem.—ele falou com escárnio.

—Chega! Para de agir como um idiota Stevan, não temos tempo para perder com discussões desnecessárias.—uma outra voz gritou no local.

Nara encarou um jovem loiro com traços delicados, ele estava sentado no sofá, nem havia percebido a presença dele. Ao seu lado um homem moreno e forte se mantinha com expressão indiferente a encarando.

—Saia da minha frente!— o rapaz, que agora ela sabia que se chamava Stevan, ordenou.

Ela não se mexeu somente o encarou com fúria, com um ato brusco ele empurrou ela e com passos firmes saiu da sala.

Até no fim do mundo, problemas não vinham somente dos catnifiendos, talvez tarde demais ela percebeu isso.

Ganância - O início do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora